terça-feira, 19 de junho de 2012

Um Sacramento consolador

UM SACRAMENTO CONSOLADOR
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
Todos os sete sacramentos oferecem graças e profunda paz interior aos que têm a dita de recebê-los no decorrer de sua existência. Entretanto, especial consolação oferece o Sacramento da Penitência. Com efeito, nada mais confortador para  quem tem fé possuir a certeza de que está inteiramente perdoado pela misericórdia divina não só das faltas veniais ou leves, mas, sobretudo, dos pecados graves ou mortais. Quantos fiéis que, tendo  se desviado dos caminhos de Deus, buscando, arrependidos o indulto divino, após receberem a absolvição, exclamam: “Estou aliviado e gozando de uma alegria interior imensa!” Além do mais, este Sacramento confere sempre a graça medicinal, que, se correspondida for, cura os males espirituais e, para quem já vive na graça santificante, oferece um aumento extraordinário de fervor, firmando os propósitos de caminhar diuturnamente nas veredas da perfeição. Jesus, se tornando fiador do gênero humano diante da justiça divina, quis deixar uma certeza para seus seguidores: arrependidos, tendo confessado suas faltas, perdão imediato. Foi a generosidade excessiva do Redentor que ofertou aos que crêem um meio salutar de remissão.  Desde o momento do batismo, membro da sociedade cristã pela fé, o fiel tem,  na divindade do Cristo e na virtude salvadora  do seu sangue derramado, o penhor do perdão divino através do meio estabelecido pelo Redentor.  Este durante sua vida pública perdoou ostensivamente os pecadores com a recomendação: “Não tornes mais a pecar”. Quis, porém, continuar esta sua tarefa através dos tempos por meio dos sacerdotes, dando-lhes o poder de perdoar pecados. Como o espírito é superior ao mundo material, assim o amor que  Cristo dedica às almas é superior a todo bem terrestre que Ele pode desejar a seus epígonos, Ele concede a anistia da falhas humanas solenemente quando seus Ministros absolvem em seu nome. A Igreja, sendo por ele fundada para perpetuar a missão divina Ele que tinha começado, devia também ser animada deste mesmo zelo, deste idêntico amor pelas almas, e para isso devia possuir, de fato, um meio de reconciliar os pecadores com Deus, e esta reconciliação é um dos ofícios principais desta  Igreja, porque a santificação dos homens foi a razão pela  qual morreu o Unigênito do Pai. Ele escolheu os seus Apóstolos e confiou-lhes e a seus sucessores  o poder de perdoar ou de reter os pecados. (Jo 20,23). Na reconciliação dos pecadores Deus estabeleceu, deste modo,  uma maneira pedagógica e sábia que é este Sacramento da Penitência. O fiel  pode, por vezes,  se achar  sob o domínio do pecado, mas a Igreja recebeu o poder de quebrar os laços malignos  que prendem a alma penitente, para dar-lhe a liberdade dos filhos de Deus. Quando, pois, a consciência está oprimida pelas  iniqüidades, o batizado sabe perfeitamente onde encontrar a tranqüilidade e a paz. É ter fé e confiança. O poder de perdoar os pecados, que tinha Cristo, foi, realmente, conferido a todos aqueles que devem continuar a sua missão no mundo, mostrando  aos homens as rotas da santidade. Este privilégio divino sempre existirá na Igreja, porque sempre haverá pecadores. Está claro no salmo: ”Se observardes, Senhor, as nossas faltas, quem poderá subsistir”? (Sl 129,3). É claro que os que vivem permanentemente em estado de graça e podem comungar deverão se confessar apenas  de acordo com a recomendação do Confessor, mas quem se acha em pecado grave deve logo procurar a reconciliação com Deus por meio deste Sacramento.  O remédio sempre deve existir onde se acha a enfermidade, e como no mundo sempre há triste possibilidade do pecado grave, a Igreja tem um sacramento instituído pelo seu divino Mestre para obter o perdão do Ser Supremo. Os pecados,  se são mortais devem ser enumerados com todas as circunstâncias que tornam a falta mais grave, para que o Confessor possa, iluminado pelo Espírito Santo, direcionar a vida do fiel, ministrando-lhe os remédios oportunos. O pecado cometido, por exemplo, com uma pessoa casada é um adultério e esta peculiaridade faz a desordem ética  mais considerável e precisa de um antídoto específico por meio de uma orientação salutar. Em qualquer hipótese, porém, nada mais consolador do que receber o perdão de Deus e recomeçar uma vida nova, como acontece a tantos que procuram as graças divinas num Sacramento tão maravilhoso e eficaz. * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.

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