quinta-feira, 21 de junho de 2012

DESAGRAVAR A JUSTIÇA DIVINA

              DESAGRAVAR A JUSTIÇA DIVINA
                          Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
O sacrifício oferecido por Cristo no Calvário, ato de valor infinito, reparou inteiramente as ofensas da humanidade a seu Criador. No entanto, muitos se esquecem de que há necessidade de uma reparação pessoal pelos pecados cometidos. Cumpre, realmente,  satisfazer à justiça divina, uma vez recebida a absolvição no Sacramento da Penitência. Pela Confissão se alcança a misericórdia, pelos sacrifícios oferecidos a Deus se reverencia sua justiça. Deus não exige expiações extraordinárias, mas, sim, o esforço penoso que o cumprimento dos deveres cotidianos exige, sendo, assim, ofertado nesta intenção reparadora. Ainda Lhe são sumamente agradáveis o suportar pacientemente os aborrecimentos, as contrariedades inevitáveis que vão ocorrendo ao longo da vida de cada um. O sofrimento tolerado como paga das próprias faltas tem a virtude não só de reparar os  pecados pessoais, mas ainda de comunicar uma sublime grandeza moral por se tratar de uma homenagem à honra divina ultrajada. Aliás, foram claras as palavras de Cristo: “Quem quiser ser meu discípulo, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga” (Mt 16,24). A dele Ele já carregou, mas é preciso  a seu epígono não recusar as provações que a Providência lhe envia. Aceitá-las em desagravo ao Ser Supremo pelos erros cometidos é de suma importância, mas é preciso ainda atos reparadores pelos pecados que se cometem tão desabusadamente pelo mundo afora. Jesus assim se expressou “Se não fizerdes penitência, todos vós perecereis” (Lc 13,5). O fiel se torna então um para-raio que salva o mundo, fazendo com que a justiça divina tenha piedade daqueles que menoscabam sua lei santíssima. Foi neste sentido que São Paulo asseverou aos Colossenses: “Agora me alegro nos sofrimentos suportados por vós. O que falta às tribulações de Cristo, completo na minha carne, por seu corpo que é a Igreja (Cl 1,24) . É lógico que nada falta à Paixão de Cristo quanto ao mérito, mas quanto à aplicação depende das disposições de cada um. É aí que entra o significado das reparações que devem ser feitas numa valorização sublime da imolação do Filho de Deus lá no Calvário. Pela penitência, assim entendida, o pecador se purifica ainda mais e abre as portas para a conversão daqueles que se endurecem em seus crimes. Trata-se de colaborar com os trabalhos, sofrimentos, fadigas, orações, transformando-os assim em instrumentos da aplicação dos méritos infinitos do divino Salvador.  A lembrança dos sublimes mistérios da redenção do mundo pelo sacrifício e morte de Jesus,  a  recordação de sua paixão devem ser para  todo cristão  a prova mais evidente da necessidade da reparação devida por causa do pecado. Os atos reparadores comunicam novas forças à  alma, inspirando-lhe o horror do mal e o amor da virtude, apagam o escândalo dado pela má conduta. Além disto, quando alguém tem algum parente ou amigo que trilha maus caminhos, ao invés de falar mal dele, a medida mais salutar e agradável a Deus é oferecer sacrifícios e preces por seus erros e pela sua conversão. Quem converte deste modo um pecador, tem garantida a salvação eterna dele e a salvação própria, pois Deus não deixará de retribuir tão maravilhoso apostolado. A penitência é, deste modo, canal de graças especiais. É a consciência de que o pecado é uma injúria a Deus, um desprezo de seu amor que leva os bons cristãos à cultivarem esta espiritualidade que contrabalança as injúrias feitas ao Criador. Nem se deve esquecer também o valor imenso das Comunhões Reparadoras ao Coração de Jesus sobretudo às Primeiras Sextas-feiras as quais atraem tantos favores para os que praticam esta devoção, bem como para todos aqueles pelos quais se colocam preces especiais dentro deste Coração Amoroso pedindo a conversão dos que se extraviam do bom caminho. * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.

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