ATUALIDADE DO SACRAMENTO DA PENITÊNCIA
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
O cristão, tendo perdido a graça de Deus pelo pecado grave, apenas pela confissão feita ao Ministro de Deus, investido do poder de perdoar, pode recuperar a graça santificante e se reconciliar com o Ser Supremo. As palavras de Cristo Ressuscitado aos Apóstolos foram claras: “Os pecados serão perdoados a quem os perdoardes e retidos a quem os retiverdes. (Jo. 20,23). Aqueles que têm fé e, por fraqueza humana ou mesmo por se expor às ocasiões perigosas, desprezam gravemente algum dos dez mandamentos encontram novamente a paz de suas consciências ao ouvirem estas palavras sublimes: “Eu te absolvo dos teus pecados em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”. Aqueles que se acham cegos pelas paixões, não compreendem a fecundidade e a grandeza do arrependimento e não vão buscar no Sacramento da Penitência a remissão de suas faltas. Num momento, porém, em que, tocados por uma graça especial, percebem que estão longe de Deus vão à fonte salvadora buscar o perdão divino e deparam em seguida uma felicidade interior que não encontravam nos seus desvios éticos. Retornam então aos caminhos da justiça, da verdade, da honra, da honestidade, e da caridade, firmados, sobretudo, na esperança da graça medicinal inerente a este Sacramento. Surge, deste modo, uma vida melhor, a expectativa de uma bem-aventurança eterna, recompensa daqueles que erraram, mas retificaram sua vida. Alargam-se deste modo os seus horizontes, aumenta-se sua fé e deparam tranquilidade interior, imperturbabilidade. Inúmeros os pecadores que, captando o aspecto regenerador e divino da Confissão se regeneraram e venceram definitivamente as paixões. São Gregório de Nissa ensinava aos fiéis: “Declarai aos sacerdotes os segredos de vossa consciência como ao médico se mostram as feridas do corpo.” Cristo instituiu a medicina da alma e essa medicina não pode ser aplicada sem o conhecimento perfeito do mal que ameaça a vida do batizado. Os conselhos que o sacerdote oferece ao penitente são o antídoto para seus males espirituais. Muitas vezes se diz que o confessionário é um tribunal sagrado e isto é verdade, porque o Ministro de Deus julga não para condenar, mas para absolver em nome de Deus. Além disto, não há nada de mais natural ao homem do que o movimento da alma que se inclina para contar a outra pessoa os seus sofrimentos ou as suas alegrias, as suas esperanças ou o seu desânimo. Trata-se do desabafo que alivia, acalma o coração. O pecador tocado pelo remorso sente a necessidade de um amigo que o escute, o console e o salve. A amizade consiste nesta confidência e nesta confiança, sendo que a Confissão é a amizade elevada à dignidade de sacramento, protegida pelo mais rigoroso dos sigilos, uma vez que o segredo da Confissão é inviolável. Quando a consciência fala alto e o desespero pode se apoderar do fiel, o sacerdote como mestre inspirado pelo Espírito Santo lança o bálsamo na alma penitente e lhe indica as veredas da paz. Há, contudo, momentos na vida em que é impossível abafar a voz interior que recrimina os erros e o cristão percebe que tem necessidade de alguém que lhe o instrua como trilhar novamente as veredas luminosas da virtude. Eis porque Cristo conhecedor dos problemas humanos estabeleceu a Confissão onde se pode encontrar alívio para as dores morais e tranqüilizar a consciência, alcançando o perdão de Deus e a reabilitação pessoal. O Sacramento da Penitência é uma instituição de bondade e de misericórdia, que traz à alma a certeza do indulto divino e a confiança inefável da reconciliação e da serenidade. Este Sacramento purifica as almas de todo pecado e, se as faltas são veniais ou leves, preserva dos males futuros e faz crescer o desejo da perfeição e da santidade, aumentando a graça santificante. Nunca como neste início de milênio tão necessário o Sacramento da Penitência para robustecer os corações vacilantes, para remir as almas pecadoras, para afervorar os que procuram não perder o rumo da felicidade eterna. * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.
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