IMAGENS QUEBRADAS QUE NÃO TÊM MAIS CONSERTO
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho
Eis a questão que foi proposta a este articulista: O que fazer com imagens quebradas que não têm mais conserto? Quando o fiel dispõe de um local no qual as possa enterrar é a melhor maneira de se desfazer de imagens que se quebraram ou de outros objetos sagrados que se estragaram. Não sendo isto possível, o melhor é acabar de quebrá-los, colocá-los numa sacola plástica para que os detritos sejam depositados na lixeira. Com relação às estampas de papel, se a pessoa não possui uma fragmentadora, o melhor é queimá-las ou rasgá-las, embrulhando os pedaços antes os jogar fora. Trata-se de um respeito ao objeto que foi abençoado ou que representa Cristo, anjos e santos. Esta atitude de reverência é idêntica ao que se faz com as fotos dos pais, parentes ou amigos que não são simplesmente jogadas no lixo. Quanto às imagens, a questão proposta oferece uma consideração sobre o que está no livro do Êxodo 20,4-5. Deus proibiu aos israelitas a confecção de imagens, estátuas ou coisas semelhantes porque entre os pagãos eram considerados símbolos em que a Divindade estava presente. Eram adoradas. Esta proibição foi dada pelo perigo de idolatria que continuamente ameaçava Israel e pelo fato de que Deus nunca se manifestava com alguma forma ou figura que pudessem ser reproduzidas. Em certos casos, porém, Deus não só permitiu, mas mandou se confeccionassem imagens sagradas para fomentar a piedade do povo eleito. Foi o que se deu, por exemplo, na fabricação da Arca da Aliança: “Farás dois querubins de ouro, trabalhados a martelo nas duas extremidades do propiciatório, Farás, pois, um querubim na extremidade de cá e outro querubim na extremidade de lá. Fareis os querubins de uma só peça com o propiciatório, nas duas extremidades” (Ex 25,17-20). Adite-se no templo construído por Salomão foram confeccionados querubins de madeira preciosa. Eis o texto: “Todas as paredes do templo em redor, quer interior, que exterior, eram entalhadas com figuras de querubins, palmas e flores” (1 Rs , 6,29). Claro está que as imagens não são objeto de adoração que convém somente a Deus. À Virgem Maria, aos santos e anjos se presta um culto de veneração ou dulia. Através das imagens se elevam os pensamentos para as pessoas que elas representam Trazem a lembrança de suas peregrinas virtudes que devem ser imitadas. Lembra-se de pedir sua intercessão junto do trono de Deus. Os santos nada podem conceder por si mesmos. Podem, contudo, por suas preces ajudar aos fiéis a obter as bênçãos do Doador de todas as graças. Nas Bodas de Caná, por exemplo, Jesus atendeu o pedido de sua Mãe e transformou a água em vinho. Lê-se no Antigo Testamento esta passagem bem elucidativa, mostrando como Deus quer se servir dos santos, atendendo-os e, assim glorificando-os: “O Senhor voltou-se para Ellifaz, o temanita, dizendo-lhe: “Estou indignado por não terdes falado de mim tão retamente como o meus servo Jó. [...] Ide ao meu servo Jó [...] Jó rogará por vós, a fim de que em atenção a ele, eu não vos puna pela vossa estultícia” (Jó 42, 7-9). Bem explicou, na Constituição dogmática “Lúmen Gentium”, o Concílio Vaticano II: “O consórcio com os Santos nos une também a Cristo, do qual como de sua Fonte e Cabeça promana toda graça e a vida do próprio Povo de Deus. Convém portanto sumamente que amemos esses amigos e co-herdeiros de Jesus Cristo, além disso irmãos e exímios benfeitores nossos, rendamos devidas graças a Deus por eles, “os invoquemos com súplicas e que recorramos às suas orações, à sua intercessão e ao seu auxílio para impetrarmos de Deus as graças necessárias, por meio de Seu Filho Jesus Cristo, único Redentor e Salvador nosso. Pois todo o genuíno testemunho de amor manifestado por nós aos habitantes do céu, por sua própria natureza, tende para Cristo e termina em Cristo, que é “a coroa de todos os Santos”, e por Ele em Deus que é admirável nos seus Santos e neles é engrandecido”. Além disto, quem tem o hábito de ler a biografia dos santos aprende com eles a fidelidade a Cristo . * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.
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