domingo, 10 de junho de 2012

A PALAVRA DE DEUS É UMA SEMENTE

A PALAVRA DE DEUS É UMA SEMENTE
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
Jesus comparou o reino de Deus a uma semente (Mc 4,26-34). Esta semente é Palavra de Deus e Cristo o semeador divino. São João abre seu Evangelho com este luminoso trecho: “No princípio era o Verbo e o Verbo estava em Deus e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio em Deus. Todas as coisas foram feitas por ele e nada do que foi feito, foi feito sem ele” (Jo 1, 1-3). Foi este Logos eterno que, um dia, “se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1,4). Assim toda a História da Salvação está marcada por sua presença. Uma das parábolas narradas pelo Filho de Deus e que Ele relacionou com a palavra divina foi a do semeador. Este lança a semente que vai germinar de acordo com o local em que é lançada. Cristo explica aos discípulos: “a semente é a palavra de Deus (Lc 8,11). Impossível descrever em plenitude, com cores vivas e reais a grandiosa e magnificente eficácia da palavra do Ser Supremo. Com termos humanos não se pode abarcar sua grandiosidade ou tracejar sua força formidável. Alguns raios de seu fulgor extraordinário fulgem na Bíblia. Aí aparece sua eficácia através de fatos inegáveis. Tudo que existe no universo é resultado dela. Criadora, dela promana o que foi criado. O Gênesis repete a expressão “Deus disse...” e vai descrevendo o aparecimento da luz, do firmamento, das águas, da terra, das árvores, dos astros, dos animais, do homem”. Maneira pedagógica de mostrar que o Criador existe, mas acentuando o poderio do verbo divino que cria e sustenta no ser todas as coisas. Através dos Profetas e dos Patriarcas esta palavra obrou prodígios os mais estupendos, como se pode verificar na história do povo escolhido. E como observa a carta aos Hebreus: “depois de ter falado a nossos pais pelos profetas, Deus nos falou pelo seu Filho” Dentre as maravilhas operadas pelo verbo onipotente de Cristo durante a sua vida pública está aquele fato estupendo que honra a nossa  linhagem, fato que tanto tem de maravilhoso, quanto de irradiante amor, foi o resultado desta eficaz e poderosa palavra: a instituição da Eucaristia. Cristo toma o pão e diz: “Isto é meu corpo” sobre o vinho fala: “Este cálice é o Novo Testamento em meu sangue que será derramado por vós” e logo se baralham as leis da natureza, uma nova economia é regulada. Sob as espécies de pão e de vinho aniquila-se o Verbo de Deus, para ser nosso companheiro de jornada, para conosco permanecer até a consumação dos séculos. Há quase dois mil anos o Salvador anunciou a perenidade de sua Igreja ao asseverar que as portas do inferno jamais prevaleceriam contra ela. A milenar História da Igreja comprova a eficácia destas afirmativas de Cristo. Geração após geração ela vê desaparecerem seus cruéis perseguidores. Peregrina, teândrica, sofre as vicissitudes desta condição, mas jamais desaparecerá, porque seu fundador isto assegurou. Pobres pescadores, homens rudes, ignorantes, tímidos e até covardes, os apóstolos, recebem o Espírito Santo e iniciam a pregação. Tudo se transforma dentro da história. Milhares se convertem num só dia em Jerusalém. Os ídolos ruem de seus tronos. Vícios são extirpados. Virtudes florescem por toda parte. Multidões acorrem para junto do Redentor. A fé se difunde por todos os quadrantes. O Evangelho se irradia por toda parte e  Eusébio de Cesaréia, no século IV exclamou: “De repente a palavra redentora iluminou, como um raio de sol cheio de potência e de força celeste, o mundo inteiro”. Quem deteve a Saulo, quando, olhos flamejantes  pelo ódio, ia rumo a Damasco para prender os que acreditam em Jesus de Nazaré? Foi a palavra de Deus: “Saulo, Saulo, porque me persegues”? Cena admirável se dá então. Tocado, fulminado por aquele verbo divinal, Saulo cai por terra. Está cego. Luz celestial ilumina o seu interior, ele recupera a visão do exterior, e já não é mais Saulo, mas Paulo, o apaixonado por Cristo, que vai empreender as quatro mais frutuosas viagens missionárias dos primórdios do cristianismo, disseminando no mundo conhecido de então o amor de Jesus Cristo. Não basta, porém ser tomado de admiração ante estes fulgores. É preciso acolher a palavra num coração bom e sincero e colocar em prática aquilo que ela exige. Muitas e numerosas vezes Deus fala ao homem. Sempre transformante é este verbo poderoso. Quem ouve esta palavra e responde, correspondendo à mesma, sempre contempla coisas maravilhosas em derredor de si. * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.


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