quarta-feira, 20 de junho de 2012

COMO FAZER UMA BOA CONFISSÃO

COMO FAZER UMA BOA CONFISSÃO
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
Os teólogos falam no pecado dominante contra o qual o fiel luta mais diretamente para dele se libertar. Quando alguém se prepara para receber o Sacramento da Penitência deve, de plano, ao fazer o exame de sua consciência, verificar se não recaiu na falta que predomina na sua existência. Normalmente o que pesa na mente do batizado e o impede de receber a Eucaristia é exatamente o retorno ao mesmo erro. Assim, por exemplo, quem não se habitua a cumprir com o dever da Missa dominical precisa verificar se este aspecto de sua vida espiritual foi observado fielmente. Quem se confessa sempre faz com facilidade o diagnóstico de sua situação perante Deus, mas aquele que a muito tempo se ausentou do Sacramento da Penitência necessita percorrer os dez mandamentos para verificar se houve algum pecado mortal que necessita da absolvição. O número de faltas graves deve ser declarado para que o Confessor possa dar uma orientação correta e o mesmo acontece com tudo que agrava a má conduta, como, por exemplo, o pecado com uma pessoa casada é um adultério. Segundo a ordem dada por Jesus aos Apóstolos (Jo 20,23), cabe ao Ministro deste Sacramento perdoar ou reter os pecados. Para o confessor possa, então, desempenhar este encargo é necessário que conheça o estado das consciências, as suas disposições e o estado em que se encontra sua alma. Deste modo, quem não se dispõe a regularizar sua vida matrimonial não pode receber a absolvição sacramental. A confissão livre e espontânea de ter feito o mal é uma fonte de mérito e de perdão, mas exige um total empenho em evitar erros futuros, confiado o cristão na graça medicinal deste Sacramento. Além disto, o sentimento universal vê na franqueza a manifestação de uma grande alma que busca os caminhos de Deus. Quem deseja retirar-se livremente do mau caminho para não mais fazer o mal, mostra uma inclinação que tem para o bem e para a  virtude. Se toda ação má leva o ser humano facilmente a praticar uma outra, se todo erro vencendo a resistência da vontade, enfraquecendo os bons sentimentos, o  faz cair nas maiores desordens, a confissão voluntária é um meio para encontrar a correção  e para  a reabilitação completa diante de Deus. Traz um benefício imenso para a Igreja, uma vez que “uma alma que se eleva, eleva o mundo inteiro”. Quem deseja a saúde do corpo revela ao médico todos os seus sofrimentos, todas as circunstâncias e a causa da enfermidade. Se o temor e a vergonha impedem esta revelação, o doente não deve esperar que o galeno adivinhe a causa de sua moléstia. A medicina não tem remédios para males que não são diagnosticados. Ora, quem pretende recuperar a graça divina deve seguir as mesmas normas. É necessário que o confessor conheça os pecados e as disposições da alma para julgar se o pecador é digno de perdão e quais os conselhos e exortações que podem animá-lo a tomar novos rumos nas rotas da virtude. A acusação das culpas não ofende a dignidade humana, pelo contrário a reabilita. Deus certamente conhece todas as iniqüidades, mas este conhecimento é devido às perfeições divinas e Ele delegou ao sacerdote aplicar às almas os remédios celestiais. É natural, pois, que na Igreja de Cristo haja um sacramento ao qual o homem possa recorrer para se reconciliar com Deus pela própria confissão dos seus pecados.  Considerar-se em sua miséria, reconhecer-se errado em seus pensamentos, insensato em seus desejos, grosseiro em suas paixões, desonrado na sua má conduta,  eis o que pode reparar a empáfia humana O homem separa-se de Deus exaltando-se, não se sujeitando à dependência natural que une a criatura ao Criador e Deus chama o homem para as veredas da eutimia, restitui-lhe a sua estima, exigindo somente que se reconheça e declare sinceramente quem é, indo à fonte salvadora do Sacramento da Penitência. Deus exigindo a confissão dos pecados, para restituir a sua amizade, deseja a grandeza espiritual de quem prevaricou. Na confissão está a bondade e a misericórdia divinas. O tribunal da Penitência, diferente dos tribunais da terra e dos julgamentos do poder humano, não se compõe nem de acusadores nem de testemunhas. Se por acaso o confessor adverte é com bondade e dedicação que o faz e se impõe uma penitência ao pecador, esta penitência é sem proporção alguma com os pecados cometidos. Na pessoa do Confessor está o próprio Redentor, que durante sua vida neste mundo perdoou a tantos pecadores. Junto dele o indiferente depara coragem, o pecador encontra o  amor verdadeiro, acha a paz, a serenidade, a imperturbabilidade. * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.

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