HONRAR SEMPRE A MÃE DE DEUS
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
Quem verdadeiramente ama a Cristo há de venerar sua santa Mãe. No Evangelho Maria está junto de Jesus no presépio de Belém, na fuga para o Egito, na casa de Nazaré, em Jerusalém, na via dolorosa, aos pés da Cruz redentora. Após a ascensão do Redentor os apóstolos aguardavam a vinda do Espírito Santo prometido e “todos eles perseveravam concordes na oração, com as mulheres e Maria, mãe de Jesus” (Atos 1, 14). Aos Gálatas disse São Paulo: “Ao chegar a plenitude dos tempos enviou Deus o seu Filho nascido duma mulher, nascido sob a lei, a fim de resgatar os que estavam sujeitos à lei, e para que nós recebêssemos a adoção de filhos” (Gl 4, 4-5). Bela referência àquela na qual o Senhor fez maravilhas. Ao lado de Jesus encontra-se, de fato, esta figura encantadora, sua santa Mãe, a cheia de graças. Os cristãos não poderiam então conservar-se insensíveis e indiferentes diante da Genitora do Salvador, bendita entre todas as mulheres. Do céu vieram as primeiras homenagens, a Maria o primeiro ato do seu culto, as primeiras palavras de sua glória através do mensageiro divino, o Arcanjo Gabriel (Lc 1, 26-38). Isabel a primeira teóloga do Novo Testamento, quando Maria foi até ela assim a saudou: “E donde me dado a graça que venha visitar-me a mãe de meu Senhor?”(Lc 1, 43). Da maternidade divina fluem todas as prerrogativas marianas e a ela se deve, realmente, o culto de hiperdulia. A glória desta Virgem não procede da terra, mas lhe foi dada pelo próprio Ser Supremo. Aquele que é poderoso e cujo nome é santo fez nela grandes coisas. Eis porque é digna de louvor e de respeito. Entre a Virgem de Nazaré e Jesus há uma tão grande união, uma tão sublime harmonia não somente da inteligência e do coração, mas de todo o seu ser. Não é uma simples relação de conhecimento ou de amizade, mas uma relação de mãe a filho, que é a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade, Deus desde toda eternidade com o Pai e o Espírito Santo. É toda a natureza que concorre para estreitar essa união entre Maria e Jesus, de sorte que as homenagens devidas a um refletem naturalmente sobre o outro. Se o filho é rei, a mãe deve ser rainha e rainha em toda a extensão do império e, por conseguinte, Maria, mãe de Deus, tem direito à mais expressiva glorificação. A terra, em consequencia, deve unir sua débil voz à harmonia celeste para exaltar a mãe do Salvador e cantar os seus louvores. Os verdadeiros cristãos a mais de dois mil anos inclinam-se diante dela e a saúdam com os mais belos títulos e multiplicam seus hinos e lhe consagram altares e templos, sabendo que honrando a Mãe estão homenageando seu Filho, nosso único Redentor. Espetáculo grandioso este concerto universal que sempre lhe dedicou a Igreja Católica. Os fiéis de todas as partes do mundo consagram-lhe monumentos e estátuas, Os seus altares são ornados com gosto e elegância por mãos piedosas e os dias dos principais acontecimentos de sua vida são dias de festa e de júbilo. A Igreja, inspirada pelo Espírito Santo jamais julgou uma usurpação do direito divino esse louvor universal a Maria Santíssima. A virgem Maria, como toda criatura, é um ser contingente, mas foi a escolhida para ser a Mãe do Messias prometido. Deste modo, asseverar que louvores a Maria são ofensas a Deus é rasgar páginas luminosas da Bíblia Sagrada. Se é permitido aos cidadãos de uma nação preparar apoteoses aos seus personagens ilustres, é permitido também aos filhos da Igreja manifestar veneração à mãe de Jesus. Adite-se que os seus devotos não se limitam a cantar os seus louvores, mas se empenham em imitar suas peregrinas virtudes. Procedendo desse modo estão seguindo o impulso do Espírito Santo e se unem a todas as gerações, para a proclamar bem-aventurada. * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.