sábado, 1 de junho de 2013

A FÉ E A ESPERANÇA NA VIDA DO CRISTÃO

A FÉ E A ESPERANÇA NA VIDA DO CRISTÃO
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
Nunca se reflete demais sobre a importância da fé e da esperança na vida de quem foi batizado, dado que estas virtudes teologais são o fundamento do amor para com Deus e constituem com a caridade o sustentáculo da existência do cristão. A raiz da perseverança nas trilhas traçadas pela revelação divina está na fé que gera a esperança de se obter a promessa da vida eterna. Esta, porém, só será atingida se o discípulo de Jesus possuir uma dileção sem limites ao Ser Supremo. Este é fiel e exige fidelidade dos que nele crêem e caminham na expectativa de uma ventura sem fim. Em Cristo, Deus comunicou o germe dos bens futuros. A certeza desta realidade a ser usufruída na eternidade conduz a uma gratidão profunda envolta no amor a quem se mostrou tão generoso para com a criatura racional. O Papa Bento XVI ao discorrer sobre a certeza da salvação através de Cristo falou sobre as etapas da Revelação de Deus. Ensinou então onde encontrar o pábulo espiritual para nutrir a crença que deve aclarar os passos de cada um. Assim se expressou: “A Sagrada Escritura é o lugar privilegiado para descobrir os eventos desse caminho”. Daí o  convite deste Papa: “Tomar nas mãos mais frequentemente a Bíblia, a fim de ler e meditar, prestando mais atenção às leituras da Missa dominical, pois tudo isto constitui precioso alimento para a nossa fé”. Trata-se de uma descoberta contínua da generosidade do Criador, cuja memória deve ser continuamente revivida. A fé, assim alimentada na reflexão da Palavra de Deus, firma a esperança e esta se irradia então para toda a comunidade. É o que aconselhou São Pedro na sua primeira carta: “Estai prontos para uma resposta vitoriosa a todo aquele que vos perguntar acerca da esperança que vos anima” (1 Pd 3,15).  É que a esperança, solidificada na fé, se enraíza no hoje de Deus que é amor Por isto o cristão mora na casa da esperança. Com efeito, esta Fonte misteriosa da vida que nós chamamos Deus se faz conhecer porque Ele chama os homens a entrar em uma relação com Ele, estabelecendo um consórcio contínuo com a alma humana. Este Deus não abandona jamais os que O procuram e nele confiam. Deste modo na sua fé no Ser Supremo os que crêem, olhos fixos na Jerusalém celeste, contemplam em tudo a vontade divina, se conformam a ela e podem transformar as provações inevitáveis a um exílio terreno em lucro para a eternidade. Quem percorre a Bíblia com atenção percebe que a cada passo Deus promete suas bênçãos e Ele cumpre o que falou. Isto deste Abraão a quem Ele disse: “Eu te abençoarei e por ti serão abençoadas todas as famílias da terra” (Gen. 12,2-3). Trata-se de uma promessa que é uma realidade dinâmica a qual abre possibilidades novas a cada passo na vida humana. De fato, quem se põe diante de Deus apreende que no aqui e agora Ele chama para realizar coisas concretas repletas de merecimentos que são germens de um futuro feliz junto dele após a morte, mas que enchem desde agora de paz o coração temente a Ele. Foi o que asseverou o divino Redentor: “Eu estiou convosco todos os dias até o fim dos tempos” (Mt 24,20). Pleno do amor a Ele o cristão sabe que esta certeza clarificar. São Paulo então afirmou: “A esperança não decepciona porque o amor de Deus foi derramado nos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado” (Rom 5, 5). Este Espírito Santo nos foi enviado por Cristo após sua ascensão aos céus. Deste modo a esperança longe de ser um desejo para o futuro sem garantia de realização é a presença do amor trinitário em todos os momentos da existência do cristão. Aí então uma fonte de energia para viver em comunhão com Deus, longe das falsas promessas de um mundo que endeusa o poder e incentiva uma competição insana na busca de bens materiais que não podem satisfazer a sede imensa do infinito que paira dentro do coração de cada um. A fé e a esperança não colocam o cristão num estado privilegiado fora do mundo, mas faz com que ele esteja convencido de que “as trevas passam e já brilha a luz verdadeira” (1 Jo 2,8) Estas virtudes teologais que culminam no amor por um sim dado a Deus lançam sementes luminosas na vida do batizado até que um dia dêem frutos por todo sempre. Assim os cristãos que se esforçam por ter “um mesmo amor, uma só alma, um só sentimento (Fl 2,2), brilham neste mundo como fachos de luz (F 2,15)”. Isto nos é tanto mais visível quando estudamos a vida dos grandes santos. * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.


Nenhum comentário:

Postar um comentário