VIVER A FÉ
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
Neste ano da fé a Igreja convida a todos a refletir sobre o essencial da crença em Deus, Pai, revelado por Cristo, seu Filho único, e que habita no coração dos que crêem pelo dom do Espírito Santo. Ser cristão é ter uma fé arraigada, vivida na comunidade eclesial, na qual a fé de cada um desenvolve e madurece. Assim se expressou o Papa Bento XVI: “Desde os inícios a Igreja é o lugar da fé, o lugar da transmissão da fé e o lugar no qual pelo batismo, fomos imersos no mistério pascal da morte e ressurreição de Cristo, que nos liberta da prisão do pecado, nos concede a liberdade de filhos e nos introduz na comunhão com o Deus trinitário”. O bem-aventurado João Paulo II alertou: “A fé se reforça doando-a”. Refletir sobre isto é tanto mais importante quando se vive numa civilização dominada pelo individualismo. Ora, precisamente a Igreja é a comunidade dos que crêem. A grandeza da liberdade humana chama o batizado a regular seu comportamento, não cedendo a seus caprichos pessoais, mas, se santificando, para poder espalhar por toda parte o bem e a verdade. Por isto, Bento XVI mostrou que “um cristão que se deixa guiar e plasmar paulatinamente pela fé da Igreja, não obstante as suas fragilidades, os seus limites e a suas dificuldades, se torna como uma janela aberta para a luz do Deus vivente, recebe esta luz e a transmite ao mundo”. Aliás, Jesus havia falado que seus seguidores são luzes do mundo. (Mt 5,14). A fé e a sabedoria cristãs têm assim um papel importante na tomada de consciência comum. Eis porque o Mestre divino acrescentou: “Brilhe a vossa luz diante dos homens, a fim de que vendo as vossas boas obras, glorifiquem vosso Pai que está nos céus” (Mt 5,16). É pela sua conduta, pelas suas ações e suas palavras, em suma, pelo seu modo de ser que o discípulo de Cristo clarifica esta terra. Uma vida pautada pelo Evangelho possibilita brilhar como seres luminosos num mundo de trevas. São Paulo explicou: “Procedei como filhos da luz, pois o fruto da luz consiste em toda a sorte de bondade, de justiça e de verdade” (Ef 5,8-9). Eis por que viver a fé é caminhar como aquele de onde emana luminosidade. Isto faz a identidade de quem vive o seu batismo. É o que ocorre quando a vida do batizado se une à vida de Deus. Lançado na morte e na ressurreição de Cristo, aquele que recebeu a água batismal se tornou o templo da Santíssima Trindade. Sua missão é então ser a presença de Deus neste mundo. Habitado pelo fulgor de Deus, o cristão, firme na fé, afasta a escuridão do pecado. Eis aí a incumbência de todo aquele que crê no Filho de Deus. Sem o cristão verdadeiro o mundo deixa de ser alumiado e se torna impossível a muitos deparar o caminho da vida eterna. São Paulo alertou os Colossenses mostrando que deviam dar graças ao Pai o qual os tinha tornado “dignos de participar da herança do santos na luz”. Explicou: “Ele nos subtraiu do domínio das trevas e nos transferiu para o reino de seu Filho muito amado, no qual temos a redenção e remissão dos pecados”. (Cl 1, 12-14). Tudo isto se dá mediante a vida da graça e da fé. O reino do mundo e da iniqüidade é um o reino tenebroso; o reino do Filho Unigênito de Deus que remiu a humanidade é um reino de cintilação. É através do cristão repleto de fé que o amor de Deus se irradia por toda parte, manifestando a iluminação daquele que asseverou: “Eu sou a luz do mundo”. Tal então a missão do cristão levar por toda parte esta Luz que é vida, salvação, fonte de beatitude. * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.
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