JESUS ROCHA INABALÁVEL
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
Jesus é a pedra angular e fundamental sobre a qual se deve instalar a casa da própria vida. Edificar sobre Ele é ter todas as garantias de uma existência repleta de beatitude, porque somente Ele tem palavras de vida eterna (Jo 6,68). O Papa Bento XVI explicou que erigir sobre Cristo é construir “com Alguém que do alto da cruz estende seus braços para repetir por toda a eternidade: “Eu dou a minha vida por ti, homem, porque te amo”. Como seu amor é perene quem constrói com Ele tem a certeza irremovível de que Ele jamais permitirá que sua existência desmorone. Ai daqueles que, não aderindo a Jesus, não podem fazer de suas ações, de sua identidade pessoal algo que permaneça para a eternidade. Com efeito, preferem a areia movediça das ideologias, do poder, do mando, do sucesso, do dinheiro. Julgam aí deparar a estabilidade e a resposta à questão jamais descartável da felicidade e da plenitude da existência que cada um traz lá dentro de si. À inquietude do coração humano, porém, somente Cristo, Palavra eterna e definitiva é capaz de envolver naquela imperturbabilidade que almeja o ser humano. Nele apenas se depara como triunfar de toda adversidade, de todas as dificuldades. O Papa Francisco advertiu «Nós, cristãos, não estamos muito habituados a falar de alegria». Depois de apontar que «muitas vezes» os cristãos têm mais gosto no lamento do que no contentamento, o Papa salientou que «sem alegria» os que acreditam em Deus não podem ser «livres» e tornam-se «escravos» da «tristeza». «Muitas vezes os cristãos têm mais cara de que estão num cortejo fúnebre do que estão a louvar a Deus», assinalou. Isto, evidentemente, porque não se confia em Jesus rocha inabalável por entre todas as agruras desta trajetória terrena. É firmado nele que o cristão faz com a argila da vida um monumento perene, sabedor que, instante a instante, é preciso utilizar as oportunidades do tempo presente. Para isto cumpre que se meditem sempre as mensagens deixadas por Cristo no Evangelho, fugindo de um ativismo superficial que pode satisfazer por um momento a soberba pessoal, mas que deixa insatisfeito o íntimo do coração. Em Cristo, porém, o batizado encontra sua plena realização psicossomática, atingindo sua maturidade espiritual. Muito se fala na experiência de Cristo, mas se esquece que o cerne desta realidade se dá unicamente no amor e na observância dos mandamentos, ao lado da certeza de que Ele vive em cada um que lhe é fiel. Foi a notável arguição feita por São Paulo aos Coríntios: “Não reconheceis que Jesus Cristo está em vós”? (2 Cor 13,5). Com efeito, se por experiência se entende o conjunto dos atos que constituem a tomada de posse de um objeto, a realização de uma presença, a aquisição de uma estrutura vivida, se deve concluir que só poderá realizar a experiência de Cristo quem conseguir estabelecer contato e comunhão com Sua presença. Isto, contudo, supõe que Ele é, de fato, uma rocha inabalável, pois firme nele o cristão é capaz de superar os vendavais existenciais, as ondas revoltas das tribulações. Deste modo, a relação com o divino Redentor constitui o núcleo essencial e a característica permanente da vida do batizado e isto em todos os momentos. Nunca podem ser esquecidas as palavras de São João: “Não amemos com palavra e com a boca, mas por obras e em verdade” (1 Jo 3, 18). Deste modo, a perfeição e a salvação do cristão consistem na união com o seu Redentor, através de uma fé viva que age pela caridade. Esta necessidade desta união espiritual não exclui, portanto, os meios e os motivos que Cristo oferece para excitar sempre a confiança nele. É Ele e somente Ele que pode dar ao seu seguidor a perseverança no dom de si mesmo. Contar apenas com Ele, que é a rocha da vida cristã, e apoiar-se somente nele que afirmou: “Sem mim nada podeis fazer” (Jo 15,5). Esta assertiva do Mestre divino significa que com Ele tudo pode realizar o seu discípulo para chegar ao seu destino eterno. Unido solidamente a Ele como o ramo à videira, sendo um com Ele, penetrado inteiramente de sua vida, animado pelos seus ensinamentos, eis o ideal do cristão. É desta maneira que se impede a infidelidade a Ele. Uma vida assim firmada em Cristo, Rocha inabalável, se torna uma existência que O faz conhecido e amado. Foi o que ocorreu com Madre Teresa de Calcutá que dizia: ”O maior serviço que posso fazer a alguém é o conduzir a conhecer Jesus para que ele O escute e O siga, porque somente Jesus pode responder à sede felicidade do coração humano para o qual cada um foi criado”. * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.
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