O BRASILEIRO NÁO É TOLO
Côn.José Geraldo Vidigal de Carvalho*, da Academia Mineira de Letras
A onda de protestos que invade o país vem sendo analisada pelos cientistas sociais, todos de acordo em afirmar que não se trata apenas do aumento da passagem de ônibus em algumas capitais. Com rara perspicácia um Editorial do jornal “Folha de São Paulo” diagnosticou o fenômeno: “O que aflige os brasileiros é a perda de poder aquisitivo, com a inflação, e a incapacidade do Estado de apresentar soluções concretas para a crise nas áreas vitais de saúde, educação, segurança e transportes. Mais consumo e mais futebol não resolvem nada disso”. Tais soluções não aparecem e um dos motivos é o gasto astronômico do Governo que não aplica com sabedoria o que arrecada. Na verdade, sufocado anda, há muito tempo, o cidadão neste país, pagando impostos escorchantes. O que vê, porém, são estádios erguidos para a Copa do Mundo com gastos enormes e superfaturados e em locais nos quais depois ficarão ociosos. As notícias envolvendo as viagens dos políticos a ocuparem os mais luxuosos hotéis do mundo, inclusive a atual Presidente que está sempre acompanhada de uma comitiva de numerosos convidados a usufruírem as mesmas mordomias à custa do povo sofrido. Por outro lado, a segurança pública é mínima haja vista a multiplicação de crimes nefandos por toda parte. Escolas mal aparelhadas, hospitais à míngua, trânsito caótico abriram os olhos do brasileiro. Trata-se de dar agora um basta à enganação, à exploração, à inversão de valores. O futebol está sendo apenas um referencial, mesmo porque o esporte mais popular do Brasil não é formativo, mas está deformando a consciência do cidadão. Técnicos das equipes principais ganhando uma fortuna O salário mínimo é R$678,00 e um treinador recebendo seiscentos mil reais por mês, aliás, alguns até mais. Um certo jogador pediu recentemente a um clube brasileiro um milhão e duzentos mil reais por mês para retornar ao Brasil. Este articulista na rua certa manhã, tendo à sua frente uma mãe com seu filho de aproximadamente sete anos, escutou esta a aconselhar o garoto: "Procura treinar e você ganhará muito dinheiro como o Neimar”. (sic) Adolescentes, como mostrou a televisão, a clamarem impudicamente a este jogador: “Coloque um “neimarzinho” em mim”! Em que mundo estamos? É em tudo isto que se deve pensar diante da movimentação geral que está ocorrendo. Como o mau exemplo vem de muitos políticos está na hora de uma transformação geral o povo que deve se dispor a colocar no poder pessoas honestas, sensatas e que visem realmente o bem estar geral da nação. O culto aos verdadeiros valores, uma melhor distribuição da riqueza, um interesse real pelas necessidades básicas da população é o que no fundo deseja cada habitante desta gloriosa pátria, infelizmente tão dilapidada. A esperança é a última que morre, portanto mais do que desejar que o Brasil seja novamente campeão do mundo de futebol, cada um aspire dias melhores para todos os brasileiros com administradores mais competentes e menos demagogos.
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