IMPORTÂNCIA DA ORAÇÃO COMUNITÁRIA
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
A importância da oração comunitária fica patente nestas palavras de Cristo: "Onde dois ou três estão reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles” (Mt 18,20). Recordar esta doutrina do Mestre divino se torna necessária, sobretudo quando alguns menoscabam a Missa dominical, alegando que rezam em casa. No dia do Senhor os fiéis de reúnem para louvar a Deus, escutar sua palavra e podem perceber ainda mais vivamente que Jesus está entre eles. É que a oração especificamente cristã encontra seu ponto central na Eucaristia. Nela comunitariamente adoramos o Pai em Cristo, com Cristo e por Cristo e nela recebemos as luzes do Espírito Santo, que ao mesmo tempo torna dos seguidores de Cristo aptos a acolher tal dom supremo e, num auxílio mútuo, capazes de se transformar cada um em oblação ao Ser Supremo. Com efeito, a Eucaristia é o centro do culto da Igreja e cria de novo a comunhão de fé, de esperança, de caridade e de adoração em espírito e em verdade. O que, por vezes se esquece, é que Eucaristia significa ação de graças. Ao se congregarem em torno do Altar os fiéis entram na mesma dimensão, uníssonos em proclamar as grandezas divinas num mundo alienado que tende a ignorar e até combater a Deus. Entrando nesta dimensão da gratidão o batizado se torna participante da redenção, coartífice com Cristo. As súplicas ganham uma força extraordinária e se realiza o voto de São Paulo: “Em tudo pela oração e pela súplica, acompanhadas de ação de graças, se tornem presentes a Deus os vossos pedidos” (Fl 46). Isto porque a voz da assembléia está intimamente unida a Cristo e aos santos. No ofertório é entregue a Deus a semana que passou e são buscadas energias para mais uma caminhada que se iniciará. Rebrilha então a dimensão social, dado que cada um vai se empenhar ao máximo nas tarefas cotidianas a bem de toda a comunidade no seu setor específico de atuação. É o ser racional associado no serviço do reino de Deus e do próximo na vivência sublime do lema: “Um por todos e todos por um”. Foi o que ocorreu desde o princípio do cristianismo como está registrado nos Atos dos Apóstolos: “A multidão dos crentes tinha um só coração e uma só alma” (Atos 4,32). No Corpo Místico de Cristo, que é a Igreja, há multiplicidade e variedade de membros, todos unidos em Jesus que é o único princípio de vida e de unidade, o que se experimenta, sobretudo, no momento eucarístico. Na proclamação da morte e da ressurreição do Senhor se aprofunda a fé na redenção do sofrimento e da morte e os cristãos se robustecem para poderem enfrentar as dificuldades de cada instante. Após cada Missa os fiéis acatam ainda mais corajosamente sua missão maravilhosa de serem mensageiros da paz, da reconciliação, do conforto mútuo. Multiplicam-se, deste modo, as testemunhas jubilosas, alegres, agradecidas da salvação. Dá-se plenamente o que Jesus falou: “Eu estou no meio deles” e resulta uma comunidade que vive o Evangelho a ponto de fazer de seus membros um evangelho vivo. De fato, na oração comunitária, mormente a feita durante a Missa a palavra de Deus toca e transforma o batizado que lhe dá sua resposta numa comunidade de fé e de amor. A inserção no Corpo Místico de Cristo se torna então solidariedade que une entre si todos os batizados. Rebrilha desta maneira a reciprocidade das consciências e a presença recíproca e melhor se passa a entender a presença divina, fonte de vida e de luz para todos. É assim que se pode viver intensamente o momento presente, porque o cristão depara o Senhor da história o qual une os irmãos para que não esmoreçam até a transfiguração final junto dele na Jerusalém celeste. Assim sendo a oração do cristão se torna logicamente eclesial, pois exprime o “nós” comunitário do povo de Deus, fundamentada na mesma fé. Como participação na Sagrada Liturgia ou nos demais momentos em que grupos de pessoas se reúnem para orar não abrange toda a vida espiritual do cristão, este é chamado também a orar individualmente seguindo o outro preceito de Jesus: “Tu, porém, quando orares, entra no teu quarto, fecha a porta e ora ao teu que está presente em lugar secreto” (Mt 6,6). Mostrou que não se deve empregar muitas palavras e ensinou a prece do “Pai Nosso”, que, bem analisada, é sumamente comunitária, pois o discípulo de Jesus reza não só para si, mas para todos, numa perspectiva universal. Não se trata do “plural majestoso” de que falam os gramáticos, mas do plural que globaliza a oração individual. Tudo isto mostra que o cristão deve rezar sem tréguas, de dia e de noite, pois se ele tem fé e espírito comunitário, possui o mundo nas mãos. Por tudo isto a oração se torna, realmente, uma fonte de energia, pois a oração é luz e força, é a própria ação de Deus a se irradiar por todo o mundo. A oração é uma chave do céu, dado que sobem as preces, desce a Divina Misericórdia. * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.
quarta-feira, 10 de agosto de 2011
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