PREDESTINAÇÃO HUMANA E A PROVIDÊNCIA DIVINA
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
O ser humano permanece livre sob a graça outorgada pela Providência divina e pode evitar o pecado se quer, verdadeiramente, merecer em conseqüência a vida eterna. A tese de fé, baseada na Bíblia, é esta: É dada ao homem a graça verdadeiramente eficaz que, contudo, não é necessitante. A Providência divina e a liberdade não se excluem, mas se completam. Deus, porém, desde toda eternidade sabe perfeitamente quem vai ou não cooperar com a graça, se salvando ou não. Não há da parte dele nenhuma predestinação. Santo Agostinho foi claro: “Aquele que te criou sem ti, não te salvará sem ti". A graça é a doação efetiva da predestinação. É assim que diz São Paulo: “ (A salvação) provém das obras, para que ninguém se vanglorie, pois somos todos obras de Deus, criados em Cristo Jesus para realizar boas obras" (Ef 2 9s), e isto significa a graça, mas o que segue: "as quais Deus de antemão dispôs para caminharmos nelas", significa a predestinação, que não se pode dar sem a presciência divina, por mais que a presciência possa existir sem a predestinação. Na sua Providência, Deus proporciona então a cada um os meios necessários para chegar à felicidade do céu através das graças que a todos oferece. Admirável, contudo, sob todos os aspectos o governo divino, pois Deus opera em todos os seres que agem, opera como fim último, causa primária eficiente, forma subsistente. Ele age sobre a inteligência e a vontade do homem, embora respeite sempre a liberdade com que o mimoseou, tanto que até tolera a desobediência humana. Lembra, contudo, São Paulo: “É Deus que, segundo os seus benévolos desígnios, opera em vós o querer e o agir”. Como somente Ele é infinito, perfeito, as criaturas são contingentes e nem sempre se pensa na finitute inerente ao seres criados, defectíveis, dotados de liberdade e que podem não corresponder às graças. Negam, então, a Providência todos os que não acreditam em Deus ou dele têm um conceito falso. O nosso ser e a nossa vida, contudo, estão nas mãos do melhor dos pais, do Senhor poderoso, do mais sábio dos governantes. Cumpre, porém, a cada corresponder às graças para conseguir a salvação eterna. É preciso atenção constante entre os dons recebidos de Deus e as tarefas a serem cumpridas. Quem recebe as dádivas e não corresponde às mesmas não desempenha suas obrigações. Quem se entrega a suas obrigações se deixando absorver por elas acaba olvidando que tudo vem de Deus e, atribuindo a si mesmo suas realizações cai num lamentável orgulho e se esquece que “Deus resiste aos soberbos”. * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.
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