DESILUSÃO COM A POLÍTICA
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*.
A grande dúvida que paira na mente do cidadão perante o que vem acontecendo no Brasil é se, de fato, há da parte dos líderes políticos uma convicção para transformar a realidade. Neste momento, apesar de tanta miséria, o que se vê são construções monumentais erguidas com o dinheiro público e que se transformarão em elefantes brancos. É o caso típico dos estádios de futebol nos quais verbas astronômicas estão sendo gastas num desperdício de dinheiro que clama aos céus. No entanto, com estas quantias vultosas hospitais poderiam estar sendo construídos, ou os já existentes deveriam ser mais bem equipados. Favelas estariam em condição de serem erradicadas. Escolas que funcionam em estado precário teriam recursos para serem reedificadas, oferecendo condições aptas para um ensino mais eficiente. Cumpre, por tudo isto, reabilitar a política nacional. No dizer do papa Francisco “a política é uma forma mais elevada de caridade social. O amor social se expressa no trabalho político para o bem comum”. A reta aplicação dos impostos, por sinal, em nossa pátria, altíssimos não se dá, exatamente pela má formação daqueles que se mostram condutores incompetentes a malbaratar o erário público Isto ocorre ainda, o que é mais calamitoso, no desvio de somas fabulosas no interesse pessoal. Quando tal não acontece, o essencial para o povo fica completamente esquecido porque faltam idéias e não se projeta um progresso real em longo prazo. Em razão disto os valores éticos ficam postergados e a democracia desonrada. Multiplicam-se as desgraças e as classes inferiores, é claro, são as mais prejudicadas. As alianças políticas resultadas da ânsia pelo poder massacram as magnas questões que afligem a população, uma vez que o objetivo é ganhar as eleições seguintes a todo preço e um absurdo enriquecimento pessoal. Deste modo, muitos políticos deixam de ser os guardiões da soberania da nação, porque vale um país o que valerem as condições humanas de seus habitantes e a honradez de seus dirigentes. Quem recebe um mandato público precisa contemplá-lo como um serviço à comunidade e não aos partidos e, menos ainda, a si próprio. São muitos os maus agentes da missão que receberam nas urnas. As obrigações assumidas, as promessas feitas são olvidadas. Nem de longe, alguns pensam em atender as dimensões humanas de seus eleitores. Negócios feitos por baixo do pano vão dilapidando a riqueza nacional e os frutos amargos destas atitudes iníquas se fazem ver por toda parte. Entretanto, é preciso que os bons políticos, juntamente com o povo, lutem mais tenazmente para quebrar os círculos viciosos, impedindo que os medíocres cheguem ao poder. Este é sagrado, porque toda autoridade vem do Ser Supremo. É necessário,então, pugnar com destemor contra as camarilhas do poder. Entretanto, os chefes de Estado ou chefes de serviço, têm, eles em primeiro lugar, obrigação de se mostrarem honestos. Isto, contudo, nem sempre acontece. * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário