JESUS DE NAZARÉ
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
.Nazaré, pequena aldeia na Galiléia, tornou-se importante depois dos eventos narrados no Novo Testamento. Foi em Nazaré que Maria recebeu a anunciação (Lc 1,26-38) e onde Jesus passou a juventude (Lc 2,30). Daí ele saiu quando começou sua vida pública (Mt 4,13). Por tudo isto era chamado “o profeta de Nazaré” (Mt 21,11; Atos 10, 38). Os próprios demônios também assim o cognominavam ((Mc 1,24). Na Cruz foi escrito “(Jesus Nazareno, Rei dos Judeus” (Jo 19,19). A São Paulo Jesus se identificará como nazareno (Atos 22,8). Por tudo isto não houve da parte de Cristo nenhuma falsidade ideológica, embora Ele tenha nascido em Belém. Aliás, seja dito que há muitos personagens, como mostra a História, que preferiram proclamar como sua terra o lugar onde foram concebidos e não onde nasceram. No caso de Jesus, estando completos os dias marcados por Deus para dar aos homens o Redentor prometido, foi em Nazaré que os primeiros raios da misericórdia divina acenderam os primeiros atos da salvação humana.
É aí que o alvorecer da redenção começou a iluminar os horizontes humanos. Nazaré, escondida entre montanhas é, por assim dizer, fechada para o lado da terra, enquanto está completamente aberta para o lado do céu, se acha apoiada na encosta de uma colina por entre ramagens de oliveiras, semelhante a um ninho suspenso nas alturas. Lugar ermo, calmo e aprazível, adaptava-se naturalmente aos grandes empreendimentos de Deus, que sempre manifesta a sua comiseração longe do reboliço e da desordem dos homens. Nessa localidade residia uma pobre e humilde virgem, prometida em casamento a um modesto operário de nome José, ambos descendentes da família real de Davi e da família sacerdotal de Aarão. Foi essa virgem escolhida pelo céu para dar à terra o Messias prometido, o Salvador que a humanidade esperava. A cena narrada por São Lucas é sublime. A bondade de Deus se revela em toda sua grandeza, tratando a humanidade com amor e carinhos que causam assombro e que já deixam entrever a admirável figura desse Pai celeste, do qual tantas vezes falará o Verbo Divino.
Escreveu S. Lucas: “O anjo Gabriel, foi enviado por Deus a uma cidade da Galiléia, chamada Nazaré, a uma virgem que era noiva dum homem chamado José da casa de Davi, e Maria era o nome da Virgem. Ao entrar para junto dela, disse: “Salve, ó cheia de graça, o senhor é contigo”. A estas palavras ela perturbou-se e perguntava-se o que significaria aquela saudação. Mas o anjo lhe disse: “Não temas, Maria, pois achaste graça diante de Deus. Eis que conceberás e darás à luz um filho ao qual darás o nome de Jesus. Ele será grande e chamar-se-á Filho do Altíssimo, dar-lhe-á o senhor Deus o trono de seu pai Davi, reinará eternamente na casa de Jacó e seu reinado não terá fim. Disse Maria ao anjo: “Como se realizará isso, pois eu não conheço homem algum?” Respondeu-lhe o anjo: “Virá sobre ti o Espírito Santo e a potência do Altíssimo te recobrirá, e por isso também o santo que há de nascer será chamado Filho de Deus”. Mediante tudo isto a resposta de Maria não poderia ser outra: “Eis a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra” (Lc 1,26-38).
Eis como se deu a concepção milagrosa de Cristo em Nazaré. A inteligência humana acha isto natural e fácil à onipotência divina, como percebe ser conveniente à sabedoria infinita, porque, se Jesus é verdadeiramente Deus, era justo que sua mãe fosse elevada acima de todas as mulheres e reunisse sobre a sua cabeça as duas mais belas coroas da terra, a pureza da virgem e a dignidade de mãe. A verdade é visível na narração de São Lucas. É de se admirar a sobriedade no diálogo do Anjo e de Maria, repleto de simplicidade e delicadeza. Neste trecho reluz algo da fisionomia de Maria, o tipo ideal de pureza, de humildade, de candura, de fé firme e forte. O “sim” de Maria fez com que no mesmo instante os céus se abrissem, e ela concebeu em seu casto seio o Verbo de Deus que se fez homem e veio habitar entre nós (Jo 1,14). Mistério adorável, onde se manifesta a infinita clemência de Deus. Os séculos cristãos reconheceriam a glória incomparável de Maria e todos seguidores de Cristo a amariam com um amor que não encontra outro superior a não ser o amor a Deus. O que ela disse: “Todas as gerações me proclamarão bem-aventurada,” (Lc 1,48) foi uma profecia que a História da Igreja comprova. Cumpre sejamos agradecidos a Jesus, nosso único Salvador, nascido da Virgem Maria, à qual se deve todo louvor.* Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.
quarta-feira, 26 de outubro de 2011
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