A SALVAÇÃO ETERNA
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
São Leão Magno, Doutor da Igreja, reconhecido como um dos Papas mais importantes da história eclesiástica, num de seus notáveis escritos assim se expressou: “Cristãos, tende um ideal, e esse ideal deve ser para todos a salvação eterna, o céu; colocai bem alto o vosso ideal, acima dos prazeres do mundo, acima das vossas paixões e dos interesses da terra; defendei contra tudo e conservai cuidadosamente o vosso ideal, porque a única coisa necessária ao homem é a salvação, é o céu.. O ideal é a síntese de tudo a que aspiramos, de toda a perfeição que concebemos ou se pode conceber. Para o cristão é a concretização do preceito de Jesus: “Sede perfeitos como o Pai celestial é perfeito” (Mt 5,48). O discípulo de Cristo procura a perfeição porque crê na vida eterna e, por isto, almeja se santificar em todos os momentos de sua vida, fazendo em tudo a vontade santíssima de Deus no estado de vida no qual cada um foi colocado pela Providência. Evita então tudo que significa faltar com o dever do dia a dia e vai em busca da prática das virtudes. Tem sempre em vista o céu, pensamento que oferece forças para os árduos embates da existência. Possui sempre o entendimento envolto na Verdade suprema e para Ela volta todas as manifestações do coração, porque Deus é o amor infinito. Nele centra toda sua vontade, porque Ele é o Bem eterno. Isto porque, quem tem bom senso, sabe que só Deus faz a felicidade do homem, e só ele merece toda a dileção. Usufrui então paz, serenidade, tranquilidade, total imperturbabilidade. Entra-se desta maneira no combate da vida com ardor, entusiasmo e esperança. O vigor passa a correr nas veias e procura o cristão irradiar exteriormente o Deus que habita em sua alma em estado de graça. O sol da alegria brilha em todas as circunstâncias do autêntico seguidor de Cristo e a jornada rumo à Casa do Pai fica não só viável, mas agradável, e conta-se sempre com a vitória sobre os inimigos da salvação. A etapa é longa, a estrada é, por vezes, poeirenta. E pode sobrevir a fadiga, o cansaço, mas não se perdem de vista os pináculos refulgentes da Jerusalém celeste. Muitos, contudo, desanimam e a desesperança predomina, o entusiasmo desaparece e as armas da fé caem das suas mãos. São os que se deixam abater, se assentam à beira do caminho, deixam de lado o heroísmo, olham para a terra e perdem a vista do céu. No mundo, porém, o cumprimento exato dos deveres não é a regra, é a exceção. O espetáculo da corrupção social é patente; todos os caminhos se apresentam tomados pela devassidão; o egoísmo se cobre com o manto da sabedoria, a hipocrisia se mostra até sob a forma de piedade, a traição aparece até na amizade. Nesse meio é fácil escorregar, cair e arrastar-se, abandonando o Mestre divino. Alguns chegam a perguntar se a fé, a justiça, a virtude, a honra, valem alguma coisa, influenciados pela televisão, pelos falsos formadores de opinião que pululam na sociedade atual. Este modo de pensar é a perda do ideal, é a sua derrota completa. Muitos que foram batizados não se ocupam, deste modo, a não ser com a moda de suas vestes, não têm outras idéias senão as que vão haurir nos jornais, nas novelas, nos sites pornográficos da internet e não têm outros desejos senão os dos prazeres de um contexto hedonista, divorciado da doutrina do Evangelho. São como mariposas que, tendo queimado as asas ao contato da luz, não podem mais voar, e se arrastam por terra, comprometendo a salvação de suas almas. Acontece, por isto mesmo, que o pecado faz irrupção em suas vidas. Vem o remorso, mas o aviso da consciência vai sendo abafado e tais cristãos ficam presas do Inimigo. Esquecem-se de que “errar é humano, mas perseverar no erro é diabólico” e, deste modo, abandonam o Sacramento da Confissão, a Santa Missa e no mar da vida se transformam numa nau sem rumo. Cumpre, na verdade, reagir corajosamente. Avançar resolutamente, perseverantemente no caminho do dever, da honra e da virtude, apoiado o autêntico cristão nos ensinamentos bíblicos e armado com a cruz de Cristo. Aqueles serão a luz que jamais deixará haver as trevas do desalento e esta será a arma poderosa de vitória e, como Jesus o verdadeiro cristão vence o mundo e, um dia, fará sua entrada triunfante no céu. * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.
quinta-feira, 3 de novembro de 2011
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