EVITAR O PECADO
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
Pelo batismo o cristão recebe a graça santificante a qual é um dom que Deus se digna conceder à alma do justo, a fim de o tornar seu filho adotivo (1 Jo 3, 1-3). Por esse dom o ser racional vem a ser realmente participante da natureza divina (2 Pd 1,4), templo do Espírito Santo (1 Cor 3,16), morada da Santíssima. Trindade (Jo 14,23). O pecado mortal, ou seja, uma transgressão da lei divina em matéria grave, com pleno conhecimento e pleno consentimento, leva a perda desta dignidade, que, pela misericórdia divina, pode, porém, ser recuperada no Sacramento da Confissão. O pecado é a negação dos direitos de Deus, é a revolta contra a sua autoridade, é a desobediência aos seus mandamentos. É um ato de soberba horrível, pois o pecador se julga mais sábio do que a Sabedoria infinita e age de uma maneira inteiramente contrária ao que o Ser Supremo preceituou. As faltas leves, ditas veniais, não levam à perda da graça santificante e delas nem os santos ficaram inteiramente livres, conforme está no salmo: “Se observardes as nossas faltas, quem poderá subsistir”? (Sl 129,3). São João assim se expressou: “Se dizemos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e a verdade não está em nós (1 Jo 1,8). É lógico que aqueles que buscam a perfeição evitam os menores desvios como aconteceu com os que foram canonizados e colocados no altar como exemplos a serem imitados. Deus é paciente porque é eterno, mas, um dia todos devem prestar contas de sua conduta nesta terra. Como tudo que se tem vem do Pai do Céu o pecado se torna a mais detestável das ingratidões, pois, ultrajando a Majestade divina é um atentado contra a própria Divindade. É o desprezo de Deus. O pecador levanta-se contra o Criador, não quer reconhecer os seus direitos, não quer a Ele obedecer e despreza os seus preceitos compendiados no Decálogo. Por tudo isto, o pecado é também um ultraje ao amor de Deus, porque dele procede a vida e tudo que é preciso para sua subsistência. O pecador serve-se dos bens recebidos para afrontar o seu Benfeitor. Eis porque o pecado é, realmente, o maior de todos os males. É uma injúria a Deus, a sua lei, a sua justiça, a sua dileção. Gravíssimas são as iniqüidades daqueles que receberam o batismo, daqueles que foram instruídos e educados na religião de Cristo e, não obstante, não pelejam contra o pecado. Os verdugos de Jesus, os perseguidores dos cristãos, são menos culpados que os cristãos pecadores. Aqueles desconheciam o Mestre divino, não eram os seus discípulos, enquanto estes O conhecem, O adoram, mas revoltam-se contra Ele. Entretanto, para o pecador arrependido há sempre salvação. Davi, que se entregou a crimes hediondos, conheceu a anistia divina e pôde afirmar no salmo 50: “Um coração contrito e humilhado Deus não despreza”. Nada se pode comparar à luminosidade, ao encanto da alma humana, quando ela é pura e sem pecado. Se alguém pudesse ver a beleza de uma alma em estado de graça já teria a visão beatífica. A alma, ferida de morte pelo pecado, se torna, porém, inimiga de Deus, que não pode habitar o mesmo espaço ocupado pelo mal. Ele que é a luz, a verdade, a vida, não pode suportar as trevas, a mentira, a desordem, não pode tolerar a maldade. Por tudo isto, cumpre evitar a todo custo o pecado, mesmo porque sem a graça santificante ninguém entrará no céu. Lembra o Catecismo da Igreja Católica: “O Estado de Graça Santificante, é o estado exigido para se alcançar a Vida Eterna porque sem esta união a Deus cá na terra, não é possível a vida de união a Deus na Visão Beatífica. Daí o cuidado em viver permanentemente na Graça de Deus, porque ninguém sabe o dia e a hora em que pode comparecer na presença de Deus e, uma morte súbita, sem preparação, sem o estado de graça, significa uma separação eterna!” (n. 2000). * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.
segunda-feira, 14 de novembro de 2011
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