segunda-feira, 7 de novembro de 2011

O ESPÍRITO SANTO NA VIDA DA IGREJA

O ESPIRITO SANTO NA VIDA DA IGREJA
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
Notável promessa aquela que Cristo fez aos Apóstolos: “Digo-vos a verdade: é melhor para vós que eu vá, porque se não for, o Confortador não virá a vós; mas se eu for, enviar-vo-lo-ei. E assim que ele tiver chegado, redarguirá ao mundo quanto ao pecado, quanto à justiça e quanto ao julgamento” (Jo 16,7-9). No dia de Pentecostes (Atos 2,1-13), esta promessa se realizou. Poderosa e irresistível foi a ação do Espírito Santo sobre os apóstolos de Cristo, sobre os seus sucessores e sobre todos os batizados. A história mostra que se tornou uma realidade o que afirmara o Divino Mestre. As nações foram ensinadas e os povos cristianizados. A fé na pessoa do Messias submeteu as inteligências aos admiráveis ensinamentos de Sua doutrina e floriram as virtudes. Os espíritos nobres e os corações briosos de milhares de seguidores de Jesus têm através dos tempos reservado a Ele um amor desconhecido das idades antigas e jamais igualado à dileção dedicada a qualquer outro personagem. Isto não obstante as forças do mal sempre se coligarem contra a Igreja, cuja História começou no Cenáculo. Aliaram-se sempre as forças do inferno, mas nem o endeusamento da riqueza, o sensualismo, nem as políticas humanas ou os governos ateus cantaram vitória contra o célebre Galileu, pois este enviara desde o princípio o Espírito Santo com seus sete dons para sustentar os seus fiéis na pugna contra as potências diabólicas. Luta universal e sem tréguas, que ainda hoje continua em todas as regiões, mas os seus discípulos sempre impelidos e dirigidos pelo Espírito Santo saem vencedores, firmes no que disse Jesus: “No mundo tereis aflições. Mas tende coragem! Eu venci o mundo" (Jo 16,33). Os apóstolos viram levantar-se contra eles todos os poderes da terra. Proibiram-lhes que falassem do Salvador e de sua doutrina; foram perseguidos, lançados nas prisões públicas, sentenciados a morte, devorados pelos animais ferozes. Depois outros mártires também derramaram o sangue e morreram nos suplícios, mas Cristo foi diuturnamente conhecido e adorado pelo mundo afora. Brilharam nesta terra os exemplos dos grandes santos de todas as idades, de todas as condições sociais mostrando o vigor e a beleza do Evangelho. Seus trabalhos, suas abnegações, suas imolações pelos semelhantes, sua fidelidade aos preceitos divinos provam claramente que o Espírito Santo enviado por Jesus nunca deixou de atuar santificando as almas, purificando os corações com seus dons e carismas. Para conseguir resultado tão grandioso como a santidade no seio da Igreja era necessária a presença do Espírito Santo, iluminando as inteligências, purificando os corações, fortificando as vontades. A verdade é que graças à ação da Terceira Pessoa da Santíssima Trindade o Redentor tem sido conhecido e amado em todas as nações. A cruz que um dia iluminou a colina do Calvário se acha plantada em todos os continentes. Foi graças ao Espírito Santo que a doutrina de Jesus, quebrando todos os obstáculos e vencendo todas as resistências se fez conhecida e praticada por toda parte. Não faltaram nunca semeadores das mensagens do Filho de Deus e ressoou nas mais longínquas regiões o clamor triunfante: “Cristo vive, Cristo reina, Cristo impera”! No momento de separar-se de seus discípulos Cristo indicou-lhes a missão a que estavam destinados: "Ide, pois, e ensinai a todas as nações" (Mt 28,19). A história não registra em seus anais ordem mais prodigiosa, projeto mais arrojado e de mais difícil execução do que esta determinação do Filho de Deus aos seus primeiros discípulos. A ambição humana nunca exigiu tanto, e nunca pretendeu obter uma universalidade semelhante, tanto mais quanto essa universalidade gozaria de uma perpetuidade incomparável, pois o mesmo Cristo acrescentou: “Eis que estarei convosco todos os dias até o fim dos séculos” (Mt 28,20). É que Jesus sabia que a força do Espírito Santo desceria sobre seus epígonos e eles seriam suas testemunhas até as extremidades da terra. Eis porque a Igreja nunca deixou de invocar as luzes e as forças deste Espírito divino e por Ele iluminada e confortada jamais traiu sua missão e será sempre verdade o que proclamou Jesus, dizendo que a portas do inferno jamais prevaleceriam contra esta sua Igreja (Mt 16,18). Esta, porém, nunca deixou de implorar: “Vinde Espírito Santo, enchei os corações de vossos fiéis e acendei neles o fogo do vosso amor”. Este fogo abrasador que não se extingue nunca é a garantia da vitória dos cristãos e a certeza da prevalência do bem contra o mal e a razão de ser de toda santidade que impera lá onde Jesus é conhecido e amado. * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário