O NASCIMENTO DE JESUS
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
Misterioso são sempre as veredas de Deus e bem registrou o Profeta Isaias: “Os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos os meus caminhos, diz o Senhor (Is 55,8). O Salvador, suspirado pelos Patriarcas, predito pelos Profetas, esperado ansiosamente pela humanidade, se apresentou ao mundo humilde, pobre e abandonado, sendo colocado numa simples manjedoura. Os homens haveriam de O reconhecer pela sua indigência, pelos seus sofrimentos. Ele mesmo dirá: “As raposas têm suas tocas e as aves do céu, seus ninhos, mas o Filho do Homem não tem onde repousar a cabeça. (Mt 8,20) Mistério divino! Incompreensível a sabedoria de Deus! Tudo o que é pequenino para nós é glorioso para Ele; tudo que é indigente e fraco para os homens é grandeza e virtude para o Ser Supremo. Não foi no fausto, nem no esplendor, nem na celebridade que Ele quis nascer. A salvação que viera trazer não vinha dos palácios, nem das riquezas, nem da força, nem da ciência. Procedia da pobreza e da humildade, derivava da fraqueza e da pobreza. Eis o sinal para reconhecer o Redentor da humanidade, disseram os Anjos aos pastores de Belém: “Encontrareis um menino envolto em faixas e deitado num presépio” (Lc 2,12). Foi aí, à beira de uma estrada, no mais completo abandono, na mais profunda penúria, que nasceu Jesus, o Redentor do mundo, o Messias prometido, o Desejado das nações. O Todo-poderoso para salvar a humanidade, para ser o vencedor do mundo, quis empregar meios que confundem a razão humana. Ele aparece sem pompa, sem aparato, sem glória, sem coisa alguma daquilo que os homens reverenciam ou temem, e nessa indigência completa ele inicia a realização do fato mais grandioso, mais estupendo, mais sublime que a história conhece. É que Ele veio para refrear todas as paixões humanas, a fim de corrigir todos os defeitos, purificar todos os corações e santificar todas as almas. Ele haveria de ensinar: “Entrai pela porta estreita, porque larga é a porta e espaçosa a via que leva à perdição e são muitos os que entram por ela. Mas quão estreita a porta e apertada a passagem que leva à vida, e poucos são os que passam por ela” (Mt 7,13-14). Ele proclamaria: “Bem-aventurados os pobres em espírito porque deles é o reino dos céus” (Mt 5,3). Por isto quis aparecer nesta terra pobre e humilde, ensinando sacrifícios e abnegação. Se Jesus tivesse descido do céu com todo esplendor divino, com toda a auréola celeste, teria facilmente seduzido os homens, conquistado simpatias e atraído o mundo, mas suas mensagens não levariam à metamorfose espiritual que exigiria de seus epígonos. O seu berço foi um presépio, mas daí ele vai passar para o coração dos homens e para o santuário das almas puras que viveriam intensamente as oito bem-aventuranças. Estamos no século XXI, décadas e décadas já passaram depois que Jesus nasceu pobremente na gruta de Belém, mas desde esse dia Ele nunca deixou de reinar sobre aqueles que nele reconhecem o Libertador, cujas inteligências se acham iluminadas pela fé. Através da História sempre se encontram mães a ensinarem seus filhinhos a balbuciarem amorosamente o doce nome do Menino Deus; jovens que buscam no amor de Cristo um apoio sólido enfrentarem as aliciações do Inimigo; adultos fiéis aos seus deveres e aos mandamentos divinos; anciãos a murmurarem continuamente: “Jesus, eu confio em vós; dai-me a graça de chegar ao céu”. É que o nome adorável do Redentor, oferece para todas as idades um raio de esperança por entre sofrimentos, na pugna pelo bem, na prática das virtudes. Quando o pobre sucumbe sob o peso de sua penúria, ele se lembra do Deus pobre, nascido em um estábulo e essa lembrança, atravessando suas aflições, faz aflorar de novo o sorriso em seus lábios e a esperança em seu coração. Quando a força oprime a fraqueza, quando a autoridade esquece que o poder é um serviço, quando a corrupção impera, a recordação do Deus nascido em Belém, vindo ao mundo para servir e não para ser servido, trás às almas conforto e ânimo para enfrentar as situações mais penosas. Cumpre, porém, sempre corresponder ao grande amor do Filho de Deus nascido para nos salvar. Ele é o Salvador, Ele é a glória, Ele é a garantia da felicidade eterna. Ele é Deus e Homem verdadeiro que nos abriu as portas do reino celeste. Sigamo-lo, sendo leais seguidores dos seus sublimes ensinamentos, a fim de que, depois de tê-lo conhecido e amado nesta vida, Ele nos glorifique na felicidade perene do céu. * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.
terça-feira, 8 de novembro de 2011
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