sábado, 22 de outubro de 2011

oO PECADO ESCRAV IZA E DESTRÓI

O PECADO ESCRAVIZA E DESTRÓI O SER HUMANO
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
No Evangelho Jesus argüia as multidões: “Por que não julgais o que é justo?” (Lc 12 57). Saber discernir o que é reto é se submeter inteiramente aos mandamentos divinos. Desobedecer a Deus é cometer o pecado que escraviza e destrói o ser humano. O pecado é o que mais de negativo existe no comportamento humano: é um não dado à Sabedoria eterna, que estabeleceu uma ordem ética à qual o ser racional deve livremente se submeter. Na atitude de quem se recusa a obedecer um dos dez itens do Decálogo, há três pontos que devem ser salientados: a perda de Deus - hamartia; a oposição a Ele - anomia; a dívida para com Sua justiça - adikia. O Criador é amor e o pecado é o não amor. Esta postura tem repercussões sociais profundas, pois qualquer infração às normas divinas é anti-social uma vez que acarreta sempre prejuízos a alguém e à harmonia geral. O pecado, de fato, escraviza e destrói o ser humano. A prevaricação moral como decisão livre afeta a dimensão do homem, inclusive a sua fundamental dimensão comunitária”. É óbvio que há deslizes leves e outros graves, dependendo da espécie de violação legal, do conhecimento e do consentimento. É mais pernicioso mentir, lesando conscientemente direitos alheios, do que faltar a verdade em assuntos de somenos importância. Há circunstâncias que fazem um ato pecaminoso mais ponderoso: infringir o sexto mandamento com uma pessoa casada é um adultério. A condição ou aborrecimento do mal cometido é condição essencial para que haja a remissão do erro. Implícita deve estar a resolução ou o propósito de lutar. Isto não quer dizer que o sacramento da Penitência confere a impecabilidade. Apenas Deus é imaculável. A fragilidade humana é uma realidade inegável. São Paulo deixou este alerta: “Aquele, pois, que crer estar de pé (possuindo a graça divina), veja não caia (no pecado)”.. Ao se confessar a declaração das culpas é necessária, conforme o ensinamento da Igreja. A 16 de junho de 1972 a Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé recordava que “a confissão individual é íntegra, bem como a absolvição permanecem o único modo ordinário pelo qual os fiéis se reconciliam com Deus e com a Igreja, a não ser que a impossibilidade física ou moral escuse de algum modo a confissão”. O sacerdote exerce um tríplice papel. Ele é Juiz e, na verdade quantos, às vezes, pensam estar numa triste situação espiritual e, no entanto, necessitam apenas de pequenos ajustamentos vivenciais. Médico ele cura enfermidades da alma. Nem sempre o mesmo remédio pode ser aplicado a idêntico tipo de doença, sendo morte para um o que é saúde para o outro. É o que se dá também na esfera religiosa e cumpre ao confessor, habilmente, diagnosticar o que se passa com quem o procura em busca de paz interior, oferecendo o medicamento adequado. Mestre, ele guia e aponta as veredas salvíficas. Eis por que as absolvições comunitárias, sem a confissão individual, a não ser em casos extraordinários, além de serem contrárias ás disposições da legislação eclesiástica, fazem um mal terrível, privando o fiel de benefícios que uma reta orientação lhe traz para sua vida cristã. A confissão que é cercada do mais rigoroso dos sigilos, é uma fonte de riqueza incalculável. Se teologicamente é a única via para se recuperar a graça santificante perdida, psicologicamente até mesmo um Voltaire, juntamente com inúmeros médicos e sábios, lhe reconhecem a valia. Vasquez de Melo declarou: “O sacramento penitencial é a primeira cátedra da psicologia e ética que se conheceu no mundo”. Tranqüilidade íntima é o que aufere quem, bem disposto, se aproxima deste manancial de salvação. O dom específico que dele advém é uma força medicinal que cura a ferida do pecado, é uma energia a fortificar para os embates futuros, levando à adesão ao bem e à verdade. Aquele que cometeu apenas faltas leves, muito lucra, participando das mercês da comiseração do Todo-Poderoso, pois recebe uma nova infusão do Espírito Santo e um conseqüente revigoramento para perseverar nas trilhas lucíferas da verdadeira nobreza. Tanto para os justos como para os pecadores é um apelo à perfeição, estímulo para que se busque a Deus, freio ao desregramento, guarida no instante de tempestade.Luzes e os favores de Deus, capazes de conduzir o homem aos páramos da mais inebriante eutimia é o que resulta de uma boa Confissão.Contudo, somente os que crêem podem, com gratidão e confiança, haurir tais benesses e compreender a magnitude de um sacramento que tanto engrandece quem foi criado à imagem e semelhança de Deus. Decepcionado com a cultura hodierna, enganado pelo materialismo reinante, perplexo, dilemático, o homem que vive nesse paradoxal início de milênio precisa deste recurso sobrenatural. Nunca, como hoje, o Sacramento da Penitência é tão necessário, para libertar o pecador e impedir a destruição dele e da sociedade. * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.

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