UMA VERDADE BÍBLICA FUNDAMENTAL
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho
O primeiro homem, Adão, tendo transgredido o mandamento de Deus, perdeu a santidade e a justiça original em que tinha sido criado, e, tendo com esse falta provocado uma justa punição divina, como está bem claro no Livro do Gênesis.
Ficou sujeito aos sofrimentos, à ignorância e à morte. O apostolo S. Paulo resume esta doutrina em poucas palavras: “Por um só homem, diz ele, o pecado entrou no mundo e com o pecado a morte, de sorte que a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram em Adão” (Rm 5,12).
Não foi somente a morte corporal a conseqüência da desobediência dos nossos primeiros pais, mas ainda a morte da alma, isto é, a perda da amizade de Deus, a privação da graça santificante, passando todas estas desventuras para a posteridade “porque todos pecaram em Adão.”
Adão e Eva foram os escolhidos por Deus como representantes da humanidade e, submetidos à prova, fracassaram, desobedecendo ao Criador.
Esta verdade é um dos dogmas fundamentais do Cristianismo, e sem ela a redenção do gênero humano por Cristo não teria razão de ser.
Tudo foi perturbado e desorganizado pelo pecado. Este estado de desordem em que caíram nossos primeiros pais passou a toda criatura saída do seu sangue. Tal é a transmissão do pecado original. No seu ato de desobediência de Adão e Eva que nos é imputado e transmitido, está a perda da graça santificante, a miséria.
Nascemos todos na situação em que se achava Adão depois do pecado, isto é, na situação de indigência e privado da amizade de Deus.
Os homens nascem sem a graça santificante, sem a inclinação normal de sua vontade para o bem, sem a bondade que deveriam ter conforme o plano divino.
Há no ser racional, desde então, até uma certa disposição para o mal que é como uma aprovação da rebeldia contra Deus, de que se tornou culpado o representante da humanidade.
É o pecado original, de fato, a causa das amarguras, das provações e da morte, da revolta dos instintos, da perturbação da harmonia da vida interior e conflitos com o mundo exterior. Santo Agostinho assim se exprimiu: “Adão arrastou à pena de morte e condenação eterna toda a sua descendência, tendo-a contaminado na origem, por seu pecado, em sua própria pessoa.
Desse modo todos os seus descendentes contraem o pecado original.
Por causa desse pecado deviam sofrer depois toda a sorte de erros e sofrimentos, uma punição como ocorreu com os anjos decaídos, seus sedutores”.
Todas as desordens da vida humana, só o pecado original as pode explicar. Somos vitimas desse grande mal. As nossas aflições, a nossa ignorância, a nossa malicia, os nossos erros, a nossa morte, não têm outra raiz.
Pelo batismo se recupera a graça santificante, mas as seqüelas do pecado permanecem.
Para regenerar o homem caído, um Salvador foi prometido por Deus, esperado pelos povos antigos e se tornou conhecido e adorado pelas gerações cristãs. Esse Salvador é o Filho de Deus feito Homem, nosso Senhor, nascido da Virgem Maria, a única pessoa, depois do pecado original, que nasceu sem esta mancha, possuindo a graça divina na sua alma desde o primeiro instante de sua concepção, por ser destinada a ser a Mãe do Deus humanado.
É que o pecado original acabou sendo o fundo sombrio sobre o qual Deus desenhou o quadro luminoso da Redenção. Acima de todos os terrores do pecado original, raiou a certeza da vitória final graças a Jesus Cristo, nosso único Salvador. São Paulo sentiu ao vivo as conseqüências da culpa original, mas sabia em quem confiar para ser libertado: “Eu sinto em meus membros uma lei que luta contra a lei da minha razão [...] Infeliz que sou! Quem me livrará deste corpo mortal? Graças sejam dadas a Deus por Jesus Cristo, Nosso Senhor” (Rm 7, 23-25).
Cumpre ao cristão usufruir os frutos desta prodigiosa Redenção e levá-la a todos que desconhecem Aquele que é “o Caminho, a Verdade e a Vida”. *Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.
quinta-feira, 20 de outubro de 2011
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