sábado, 22 de outubro de 2011

JESUS PLENITUDE DA REVELAÇÃO

JESUS, A PLENITUDE DA REVELAÇÃO
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
Nunca é demais recordar o que diz o Antigo Testamento sobre a preparação da vinda do Redentor a esta terra. Lemos na Constituição Dogmática Dei Verbum sobre a Revelação Divina do Concílio Vaticano II que “depois de ter falado muitas vezes e de muitos modos pelos profetas, falou-nos Deus nestes nossos dias, que são os últimos, através de Seu Filho (Heb. 1,1-2). Com efeito, enviou o Seu Filho, isto é, o Verbo eterno, que ilumina todos os homens, para habitar entre os homens e manifestar-lhes a vida íntima de Deus (cfr. Jo. 1,1-18). Jesus Cristo, Verbo feito carne, enviado «como homem para os homens» (3), «fala, portanto, as palavras de Deus» (Jo. 3,34) e consuma a obra de salvação que o Pai lhe mandou realizar (cfr. Jo. 5,36; 17,4)”. Deus, de fato, suscitou os Profetas, esses homens extraordinários que, iluminados pelas luzes divinas, desvendaram o futuro e descreveram os acontecimentos futuros. Inspirados por Deus eles alimentaram a fé na vinda do Messias que fôra prometido logo após o pecado original. Essas vozes que ecoaram dos vales profundos do passado e, muitos séculos antes, mostraram nos longínquos horizontes a figura grandiosa do Salvador da humanidade. Adão recebeu a promessa de um Libertador e a transmitiu aos seus descendentes. Abraão, separado de sua família para ser o pai do povo de Deus, sabia que o Messias sairia de sua raça e de seu sangue. Jacob, no leito da morte, saudou o Redentor na prole de seu filho Judá. Moisés, chefe e legislador do povo, contemplou o futuro onde vê a figura adorável daquele que seria maior que ele, e exclama: “Suscitar-vos-á o Senhor, vosso Deus, um profeta como eu, dentre os vossos irmãos, haveis de escutá-lo em tudo quanto vos disser” (Dt 18 ss; Atos 3,22). Depois apareceu Davi que cantou as glórias divinas e as grandezas do Esperado das nações. Ele mostrou Deus na magnificência de suas obras, nas maravilhas de sua providencia, nas riquezas de sua misericórdia, nos rigores de sua justiça e nas doçuras do seu amor. Ele contemplou o homem em sua baixeza e em sua grandeza, em sua enfermidade e em sua glória, em sua ruína e em sua reabilitação, em sua vida de um dia e em suas esperanças imortais. Mas ele vislumbrou, sobretudo, o grande Medianeiro entre Deus e o homem. Depois de Davi surge uma longa série de profetas a celebrarem a sua geração eterna como Filho de Deus; o seu nascimento de uma Virgem como Filho do homem. glória de Belém que o verá nascer, as cenas dolorosas de sua paixão. Nenhum dos motivos, Nenhuma das peculiaridades, nenhum dos frutos desse drama divino foi ignorado dos séculos que o precederam, Admirável e sublime este testemunho das profecias que, no passado, iluminaram a divina figura de Cristo, antes de ele aparecer no mundo. De Adão até o último dos Profetas, através dos séculos cresceu e se desenvolveu gradativamente o sublime vulto do Messias prometido. Em síntese, Adão nas portas do paraíso terrestre, Abraão, Isaac, e Jacob na tenda dos Patriarcas, Moisés no deserto, David sobre o trono, Daniel no exílio, Jeremias entre as ruínas de Jerusalém, Ezequiel e Amós no meio das nações idolatras, todos, os olhos fixos sobre o mesmo personagem, contemplaram, cantaram e descreveram o Salvador. Toda a antiguidade está repleta desta esperança. A Encarnação do Verbo que estava incluída no plano eterno de Deus para a elevação do gênero humano à ordem da graça foi a realização da promessa feita aos representantes do gênero humano no Paraíso perdido. Ensina o referido documento do Concílio Vaticano II: “Com toda a sua presença e manifestação da sua pessoa, com palavras e obras, sinais e milagres, e sobretudo com a sua morte e gloriosa ressurreição, enfim, com o envio do Espírito de verdade, completa totalmente e confirma com o testemunho divino a revelação, a saber, que Deus está conosco para nos libertar das trevas do pecado e da morte e para nos ressuscitar para a vida eterna”. A posse dessa felicidade perene depende da correspondência de cada um às graças redentoras e o alerta de Santo Agostinho não pode ser olvidado: “Aquele que te salvou sem ti, não te salvará sem ti”. * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.

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