terça-feira, 25 de outubro de 2011

O EMANUEL, DEUS CONOSCO

O EMANUEL, DEUS CONOSCO
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
O acontecimento mais importante da história universal foi, sem dúvida o nascimento de Cristo, a vinda do Filho de Deus à terra, o próprio Deus humanado, vivendo com os homens. Veio para oferecer a salvação a todos de boa vontade, ministrando a mais bela doutrina que jamais ecoou ou ecoará nesta terra. Abriu as portas de uma eternidade feliz e, dando a prova definitiva de seu amor, se fez o referencial dos maiores heroísmos de todos os tempos. Como este fato é o mais extraordinário de todos, os povos antigos, antes desse maravilhoso evento, o esperavam com ansiedade, o chamavam, o procuravam, e os povos modernos, depois dele realizado, são iluminados, libertos, civilizados, morigerados e santificados por ele. Daí a clássica divisão da História em antes e depois de Cristo. Em toda a parte e em todos os séculos antes de Jesus, se contempla palpitando a busca de uma redenção pelo sacrifício oferecido ao Ser Supremo; em toda parte e em todos os séculos o sangue foi derramado sobre os altares numa aspiração de atrair o perdão e a proteção do Todo-Poderoso. Esse fato religioso, constante e universal do sacrifício praticado por todos os povos, só tem uma explicação admissível, porque apenas uma é a verdadeira: desde o berço do mundo, o homem tendo cometido o pecado, ofendeu a infinita majestade de Deus. Esse pecado exigia uma expiação, e como entre o Criador e a criatura a distância é infinita, o homem pecador era incapaz de oferecer uma expiação equivalente à ofensa. Deus porém, misericordioso como é, decretou que a expiação do pecado seria feita pela imolação de uma única vítima, que substituiria o gênero humano prevaricador. Por um só foi a perdição; por um só viria a salvação. Tal foi o decreto divino promulgado desde a origem do mundo. O pai do gênero humano recebeu essa revelação quando, curvado sob o peso do anátema divino, sentia a desesperança invadir-lhe a alma. Consolado pela promessa do Redentor, ele a transmitiu à sua infeliz descendência, que se lançou a procura de uma vítima para pagar a sua dívida e remir o seu pecado. Esta idéia do Redentor tem no mundo antigo raízes profundas. A esperança de um Redentor promanou do céu ao mesmo tempo que a punição divina caia sobre os representantes da humanidade prevaricadora. Os diversos ramos da família humana, em suas peregrinações na terra, levaram consigo essa promessa feita sobre o berço da humanidade, e essa revelação primordial, se prolongou de eco em eco, ressoou não somente na tenda dos Patriarcas, mas ainda nas recordações pagãs como nas tradições do mundo bárbaro. Toda a antiguidade trouxe em seu seio a lembrança de uma imensa culpa e a esperança de um incomensurável perdão. Ela clamava por um libertador. Em Belém Ele nasceu para redimir a humanidade, dando uma resposta cabal a todas as aspirações que precederam sua chegada a esta terra. Aí está a razão da alegria que refulge no dia do Natal, preparado cuidadosamente durante as quatro semanas de Advento. Esta vinda do Salvador à terra tem sua culminância no dia de sua Ressurreição, quando ele deu a prova definitiva de sua divindade, ratificando gloriosamente a veracidade de toda a sua doutrina e de sua admirável obra salvífica. Refletir sobre o papel redentor do Messias prometido faz com que o cristão se conscientize ainda mais de suas obrigações para com um Deus que tanto deseja a felicidade total de seus filhos e filhas. Gratidão para com o Pai que enviou seu Filho à terra, para com este Filho que se sacrificou por todos e enviou o Espírito Santo para iluminar perenemente seus seguidores. Este reconhecimento deve se manifestar na vivência plena do Evangelho, na obediência irrestrita aos mandamentos de Deus, na correspondência persistente às luzes e inspirações da Terceira Pessoa da Trindade Santa. Embora se comemore no dia 25 de dezembro o nascimento de Jesus e isto deve ser feito com grande júbilo, após uma preparação condigna, o divino Infante precisa estar sempre presente dentro de cada coração e tal deve ser continuamente a prece humilde do cristão: “Menino Jesus por nós Encarnado, livrai-nos da mancha de todo pecado”! * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.

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