ÉTICA E DEMOCRACIA
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho, da Academia Mineira de Letras
Mais uma vez o povo brasileiro fica estarrecido diante de certos fatos políticos. Um senador denunciado pelo Procurador Geral da República ao Supremo Tribunal Federal por peculato, falsidade ideológica e uso de documentos falsos é eleito Presidente do Senado Federal. Antes, um dos incriminados no famigerado mensalão assumiu uma cadeira na Câmara dos Deputados. Tudo isto em nome da democracia. Por outro lado, o jogo sofístico do sagrado termo “ética” foi feito acintosamente por estes personagens escudados numa falsa noção de “democracia”. Nestes dias tudo vai ficar para depois do carnaval e resta a esperança de que se reabilitem os ideais morais e políticos desta nação. É preciso urgentemente canalizar para além dos sistemas e das ideologias as grandes e indestrutíveis aspirações do ser humano. Acontece que, muitas vezes, imperam a demagogia e os interesses particulares e não a honra pública e o interesse dos cidadãos. No final das contas quem sai sempre prejudicado é, de fato, o povo. Não se pode esquecer nunca que a ética supões um conjunto sistemático de normas que orientem cada um para a realização de seu fim A noção de moralidade pública implica na necessidade de que os atos externos e públicos, inclusive dos políticos, sejam conformes às exigências dos bons costumes. Pelas atitudes de certas autoridades, ações lesivas à justiça, escandalosas mesmo, são justificadas pelo apelo indébito de se viver num sistema democrático. Ora, precisamente o Estado é o responsável pelo bem comum em todos os seus aspectos. É urgente se captar profundamente o significado da palavra politização. Politizar é despertar o senso das responsabilidades políticas. Assim sendo, quando a população contempla pessoas acusadas de graves erros assumindo postos de relevância na República todo o sistema político nacional fica maculado, abalado. Tudo isto mostra quão importante é a conscientização popular no sentido de saber escolher melhor os que se apresentam como candidatos a cargos públicos. A politização se revela inútil uma democracia inoperante e inoculada de corrupção. Além disto, os partidos precisam de uma melhor disciplina partidária e da consciência viva das suas responsabilidades na política nacional. Louvores, porém, aos destemidos senadores e deputados que estão erguendo sua voz contra as mazelas que vão tomando conta da República. Estes são os autênticos patriotas que, no cumprimento de seus deveres de cidadania, se esforçam em contribuir para o progresso e engrandecimento da Pátria. São os que fazem por merecer o voto que receberam. Ostentam uma atitude ativa de interesse e participação nos problemas do povo a quem oferecem um exemplo de hombridade e dignidade. Estão sempre vigilantes e denunciam os crimes que são cometidos e que denigrem a classe política e escandalizam e prejudicam o povo. Os bons políticos estimulam sempre os valores sociais positivos, reprimindo os elementos ou fatores sociais negativos e se tornam um incentivo ao desenvolvimento harmonioso e sadio de toda a sociedade. .
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