quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

CARÁTER TEÂNDRICO DA IGREJA

CARÁTER TEÂNDRICO DA IGREJA
                                   Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
 Ante o sensacionalismo com que os meios de comunicação social estão a divulgar as opiniões sobre outras possíveis causas  da renúncia de Bento XVI, cumpre, em primeiro lugar não se esquecer o caráter teândrico da Igreja, ou seja, ela é divina (theos) e humana (ander). Apontam alguns os escândalos morais ocorridos dentro da Igreja durante o pontificado do atual Papa como um dos fatores que mais o abalaram e o levaram à deixar o pontificado.  A Igreja na parte divina ela é incorruptível. Na parte humana há falhas. Com a liberdade de pesquisa que um Historiador sério, não jornalistas despreparados e mal intencionados, deve ter, para que ele bem  possa  compreender certos aspectos da Cidade de Deus,  há que  levar em consideração este caráter teândrico do Corpo Místico de Cristo. A Igreja é uma realidade divina e humana. Pio XII na Encíclica Mystici Corporis Christi explicava que, quando nesta Instituição se descobre algo que argüi a debilidade de nossa condição humana não há que se atribuir isto à sua constituição jurídica, senão à deplorável inclinação dos indivíduos ao mal, a qual o seu Fundador permite ainda nos mais altos membros do Corpo Místico, para que se prove a virtude das ovelhas e dos pastores e para que em todos nós se aumentem os méritos da fé cristã. Como dizia o Apóstolo Paulo, Jesus amou esta Igreja “e por ela se entregou a si mesmo para a santificar, purificando-a no batismo da água pela palavra da vida para apresentar a si mesmo esta Igreja gloriosa sem mácula, sem ruga ou coisa semelhante, mas santa e imaculada” (Ef 5, 24-27). O divino que há na Igreja brilha preciosamente com maiores fulgores no meio das sombras. Deus respeita sempre a vontade livre do homem. A melhor prova da indestrutibilidade da Igreja é, exatamente, o fato de que, apesar das múltiplas faltas dos homens, clero e fiéis, ela não pereceu. Além disto,  não se pode esquecer  que entre doze apóstolos que conviviam com Jesus e viram seus milagres, um O traiu; outro (Pedro) o negou; todos, menos João, covardemente, fugiram e não estiveram no Calvário. Numa Igreja que tem mais de dois mil anos é claro que iriam se multiplicar os Judas  e outros que errariam. Entretanto, na sua milenar História são milhões de santos de todas as classes, de sacerdotes, bispos e papas de todas as nações, heróis na prática das virtudes evangélicas. Voltar a falar em pedofilia eclesiástica, sem ponderar sobre a santidade de milhares de bons sacerdotes é um sofisma inominável. Só Deus é perfeito! Quer o bem-aventurado João Paulo II, quer Bento XVI agiram sempre com muita firmeza e prudência. Além disto, os fiéis devem estar atentos a tudo mais que está sendo propalado injustamente sobre o Vaticano. Cumpre ter senso crítico diante dos noticiários e comentários e não vacilar na fé. Jesus foi claro ao afirmar que as portas do inferno não prevaleceriam contra sua Igreja (Mt 16,18). * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos



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