quinta-feira, 1 de setembro de 2011
ATUALIDADE DA DEVOÇÃO AO CORAÇÃO DE JESUS
ATUALIDADE DA DEVOÇÃO CORAÇÃO DE JESUS
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
Válida para todos os tempos as palavras proféticas de Isaías: “Vós haurireis com júbilo as águas das fontes do Salvador” ( Is 12,3). Destes mananciais jorram graças de purificação, de consolações sobre-humanas, de estímulo à virtude. É a água viva a jorrar do Coração do Cristo ferido pela lança conforme se lê no Evangelho de São João (Jo 7,37). Eis porque os Papas aprovaram esta devoção. Leão XIII a denominou “prática religiosa digna de todo encômio”; Pio XI, “compêndio de toda a religião católica e norma de vida mais perfeita”. Pio XII, por ocasião do primeiro centenário da festa do Sagrado Coração, mostrou que sólido é o fundamento desta prática alicerçada na Bíblia. Nesta, de fato, aparece claramente que Jesus é o coração do Israel novo, coração que coloca em íntima relação com o Pai e que estabelece entre todos a unidade: “Eu neles e tu em mim, para que eles sejam perfeitamente um” (Jo 17,23). Paulo VI escreveu: “É absolutamente necessário que os fiéis prestem homenagem, com práticas de piedade privadas e manifestações públicas, ao Coração de cuja plenitude todos nós recebemos, e dele aprendam a maneira perfeita de ordenar a sua vida, para que esta corresponda plenamente às exigências dos nossos tempos…”. O Bem-aventurado João Paulo II ao longo do seu pontificado muito falou e escreveu sobre o Coração de Jesus. Era uma das suas devoções prediletas. Na encíclica Dives in misericórdia, - Deus rico em misericórdia, escreveu que “a Igreja parece professar de modo particular a misericórdia de Deus e venerá-la, voltando-se para o Coração de Cristo. De fato, a aproximação de Cristo, no mistério do seu Coração, permite-nos deter-nos neste ponto da revelação do amor misericordioso do Pai, que constitui, em certo sentido, o núcleo central – e, ao mesmo tempo, o mais acessível no plano humano – da missão messiânica do Filho do Homem”. Mais tarde, a 19 de Outubro de 1985, este Papa afirmou que “do Coração trespassado de Cristo crucificado, brota a civilização do amor. No santuário daquele Coração, Deus inclinou-Se sobre o homem e fez-lhe o dom da sua misericórdia, capacitando-o a abrir-se, por sua vez, em misericórdia e em perdão para com os outros”. Posteriormente, dia 11 de Junho de 1999, no centenário da Consagração do gênero humano ao Coração de Jesus, este Pontífice voltou a manifestar-se a propósito deste tema: “Por ocasião da solenidade do Sagrado Coração e do mês de Junho, exortei muitas vezes os fiéis a perseverarem na prática deste culto, que contem uma mensagem especial que é, nos nossos dias, de extraordinária atualidade, porque do Coração do Filho de Deus morto na cruz surgiu a fonte perene de vida que dá esperança a cada homem. Do Coração de Cristo crucificado nasceu a humanidade, redimida do pecado. Diante da tarefa da nova evangelização, o cristão olhando para o Coração de Cristo, Senhor do tempo e da história, a Ele se consagra e, ao mesmo tempo, consagra os próprios irmãos, redescobre-se portador da sua luz”. O Papa Bento XVI, gloriosamente reinante, no cinquentenário da encíclica de Pio XII, Haurietis Aquas, escreveu ao Padre Geral da Companhia de Jesus desejoso de que não se afrouxe no desejo de dar a conhecer sempre mais o Coração de Cristo. Dizia ele, “que surjam, apóstolos destemidos deste Divino Coração, pois nele estão todos os tesouros da sabedoria e da ciência”. Na sua primeira encíclica Deus charitas est – Deus é amor, refere-se ao Coração de Jesus “como o caminho do viver e do amar de todo cristão”. No mistério da Encarnação e da Redenção, realmente se depara Jesus que nos livrou de toda servidão e oferece a plenitude da sua graça (Jo 1,6), a qual nos reconcilia com Deus. Admirável, de fato, o amor do Redentor para conosco. Amor divino, porque ele era verdadeiro Deus e sempre nos amou; amor humano que resplandece nos Evangelhos. Ele veio para nos purificar, santificar, assemelhar-nos a Ele, deixando exemplos magníficos de todas as virtudes. Seus grandes dons foram a Eucaristia e o Sacerdócio; a Cruz na qual morreu por puro amor; a Igreja, ministra do sangue divino; os Sacramentos que conferem as graças redentoras; os Dons do Espírito Santo que Ele enviou de junto do Pai. O culto ao seu Coração é, por tudo isto, um gesto de gratidão. Do coração físico subimos à pessoa do Verbo, e do Verbo somos levados para o seio da mesma Divindade, fogueira de amor eterno. A devoção ao Sagrado Coração é, portanto, a profissão prática do Cristianismo todo e pode-se defini-la como a proclamação da dileção que Deus tem para com a humanidade em Jesus, e, juntamente também, como a prática do nosso amor para com Deus e os homens. Devoção, portanto, atualíssima, levando os fiéis à observância da lei suprema da caridade. Assim, o Coração de Cristo torna-se aquele estandarte de unidade, de salvação e de paz, de que hoje temos tanta necessidade. * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.
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