CONVITE DE JESUS: VINDE APÓS MIM
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
O exemplo dos primeiros apóstolos é notável, pois recebem o convite de Jesus “vinde após mim” e eles deixaram tudo para seguirem o Mestre divino que os fez pescadores de homens (Mt 4,18-20). Pelo batismo todo cristão é partícipe do múnus profético e régio de Cristo, devendo denunciar os erros e trabalhar pela difusão do Evangelho, pescando almas para o céu. Para isto é preciso perceber os grandes espaços interiores abertos pela presença divina que necessita ser irradiada nos corações que devem ser cadinhos de amor. Com efeito, o cristão deve ser uma fonte inspiradora de humanidade, de sabedoria, um ponto de ancoragem para a vida do próximo, fluindo tudo isto do permanente contato com a divindade. Coragem, simplicidade, adesão a Deus, bondade são o sustentáculo da rota espiritual que permite o seguidor de Cristo ser uma ajuda inestimável para conduzir outros no rumo da Jerusalém celeste. Trata-se da tomada de consciência da responsabilidade do batizado que, iluminado pelo contato contínuo com a Trindade Santa de cuja vida participa pela graça santificante, com preces, palavras, exemplo, arrasta os que se desviam para que encontrem o caminho da salvação eterna. Deus concede aos de boa vontade a arte espiritual de estar em comunicação permanente com Ele no silêncio do coração. A graça divina impregna e simplifica a generosidade vital recebida no batismo e o crescimento na participação no mistério trinitário tende a se transbordar para beneficiar todo o universo, sobretudo os próximos mais próximos. É que o batizado é membro vivo do Corpo de Cristo ressuscitado, vivo e agindo na história, cada um segundo sua vocação na tarefa que Deus lhe destinou e com seus carismas específicos de que fala São Paulo aos Romanos (Rm 12, 4-9). Daí a obrigação de se santificar por parte de quem entendeu o convite de Jesus para segui-lo, seja onde a Providência o colocou. Santificar-se é estar em contato com Deus, com seu ser de luz, de verdade, de amor sem limites. Esta comunhão com a divindade é transformante. Por isto se entende que Santa Teresinha do Menino Jesus se tornou uma notável impulsionadora da obra missionária, embora vivendo no seu convento na humildade, simplicidade e confiança plena em Deus, fazendo-se intercessora poderosa pela conversão dos pecadores. Esta é uma missão de todo cristão e sua santificação a bem de toda a humanidade se realiza então na imersão total no mistério pascal da morte e ressurreição de Cristo. Este fato que teve seu princípio no Batismo, foi reforçado na Crisma, se alimenta pela Eucaristia e se aprimora através do Sacramento da Penitência que purifica das inevitáveis faltas veniais. Por tudo isto é Cristo mesmo que torna cada um santo, para que seja “luz do mundo e sal da terra” (Mt 8,14). É deste modo que se evangeliza o mundo, mesmo porque o anúncio do Reino de Deus começa pelo testemunho de vida, pela coerência entre o que se diz e o que se pratica. O adágio Chritianus alter Christus – “o cristão é outro Cristo” significa uma identificação total com o Mestre divino na alheta de São Paulo: “Já não sou eu quem vive é Cristo que vive em mim” (Gl 2,20). Portanto, trata-se de se fazer unicamente o que Jesus quer, atento cada um às inspirações do divino Espírito Santo que mostra a cada passo o que se deve praticar. É assim que se atualiza o Evangelho no contexto histórico no qual se vive. Cumpre uma disponibilidade generosa e ativa para transmitir aos irmãos os tesouros das graças que continuamente Deus comunica a quem está a Ele unido. Sobretudo em nossos dias quando de um lado a fé se enfraquece e de outro emerge uma profunda necessidade de uma espiritualidade profunda, é preciso que o verdadeiro cristão coopere para que se difunda por toda parte o bem, a verdade, a justiça. Na medida em que o cristão se torna consciente de sua missão, unido a Cristo, pode ser ele um pescador de almas. Restaurar todas as coisas em Cristo é o empenho a que todos os cristãos são chamados. O apostolado de quem foi batizado é obrigatório não só por motivo de devotamento ao próximo, mas também como ação de graças a Cristo pela sua obra redentora. Com efeito, quando fazemos os outros partícipes nos dons espirituais que recebemos da sua divina generosidade, satisfazemos os desejos do seu dulcíssimo coração, que não quer outra coisa senão que todos tenham a vida e a tenham em abundância (Jo 10,10). Este apostolado vivo, porém, como foi dito, só se alimenta da abundância de vida interior, de vida cristã na certeza de que a oração persistente converte os pecadores, de que a palavra oportuna é semente de conversão e de que os exemplos arrastam!
* Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.
quinta-feira, 8 de setembro de 2011
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