A REPRESSÃO A INDÍGENAS NA BOLÍVIA E OS DIREITOS HUMANOS
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
A violenta repressão aos índios na Bolívia trás à baila a questão dos direitos humanos.
A condenável ação da polícia levou à renúncia da Ministra da Defesa Cecília Chacón e também do Ministro do Interior, Sacha Llorenti.
Os índios protestavam contra a estrada sobre uma reserva ambiental na Amazônia boliviana.
O Presidente Evo Morales suspendeu o projeto de construção da estrada que cortaria o Território Indígena Parque Nacional “Isiboro Sécure” até que tudo se esclareça.
Ele quer que haja uma investigação sobre os fatos envolvendo os maus tratos aos índios.
Segundo os relatos publicados nos jornais a violência policial contra os manifestantes não poupou nem mulheres, nem crianças.
O que causa espanto aqui no Brasil é que a estrada em questão, que é parte da rodovia que unirá os oceanos Pacífico e Atlântico e promoverá o comércio na América do Sul, é um projeto é financiado pelo BNDS, com custo total de US$ 415 milhões.
A verdade é que acordos, sejam eles quais forem, nunca devem fomentar atitudes contra os direitos humanos e ainda bem que o Itamarati manifestou preocupação com os fatos ocorridos.
O cientista político Gustavo Pedraza, professor da Universidade Gabriel René Moreno, do Departamento de Santa Cruz, disse que o mínimo que o Brasil poderia fazer é dar solidariedade aos indígenas que foram maltratados.
A violência nunca é o meio mais eficaz para a realização de um objetivo social porque a violência gera a violência, enrijece as resistências e pode retardar a consecução do respeito ao direito de quem é oprimido. No caso boliviano se trata evidentemente de uma questão interna e cumpre, de fato, verificar se há ou não prejuízos ao meio ambiente. O emprego da força bruta contra os índios é injustificável.
A face cruel da violência é chocante e toda brutalidade é hedionda.
O respeito à dignidade absoluta e a igualdade essencial para todos os homens, independentemente de sua cor, situação socioeconômica, ou cultura deve ser corajosamente defendido.
Trata-se de uma dignidade absoluta porque não depende de nenhuma qualificação, baseando-se no mero fato de se tratar de uma pessoa humana, dignidade que lhe confere um valor inestimável e a coloca como razão de ser de todas as instituições sociais, políticas e econômicas.
O caso boliviano deve merecer toda atenção, mesmo porque infelizmente ainda prevalece o infeliz ditado: “A razão do mais forte é sempre a melhor”.
* Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.
quinta-feira, 29 de setembro de 2011
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