A vitória de Jesus resuscitado
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
Com júbilo se celebra a gloriosa vitória de Cristo no dia de Páscoa. Ele triunfa sobre as blasfêmias de seus gratuitos inimigos que O levaram à ignominiosa morte na Cruz e vence a própria morte. Ressoam as palavras de São Paulo : « A morte foi absorvida pela vitória. Onde está ó morte a, a tua vitória ? Onde está, ó morte, o teu aguilhão ? » (1 Cor 15,55-56). Este hino flui da convicção do Apóstolo de que « Cristo ressuscitou dos mortos » (Idem, v. 26). Mensagem bela e luminosa deste dia festivo. Desaparece para o cristão o temor da morte, porque o Salvador dela a todos libertou. O espírito do mal foi derrotado, os anjos se imergem num profundo gáudio, regozija-se toda a humanidade porque reina triunfalmente a vida. Por isto a Páscoa é um dia único e santo, o maior dia do ano, festa das festas, solenidade das solenidades. A Páscoa dá ao mistério do Natal a plenitude de seu significado e é uma condição preliminar para a vinda do Espírito Santo nos esplendores do Pentecostes. É por esta razão o coração, o centro do ano litúrgico e, historicamente, a mais antiga das festas cristãs. A mensagem de Páscoa é, em primeiro lugar, o mistério da Luz verdadeira que veio a este mundo, esta luz cuja estrela de Belém dela indicava o nascimento e que as trevas do Calvário não puderam apagar. Aí está o sentido profundamente espiritual da Páscoa. Jesus havia proclamando : «Eu sou a luz do mundo » (Jo 11,46). Depois diria a seus discípulos : « Brilhe a vossa luz diante dos homens, a fim de que vendo as vossas boas obras, glorifiquem vosso Pai que está nos céus » (Mt 5,16). A ressurreição física de Jesus seria para nós sem valor se a luz divina não resplandecesse ao mesmo tempo entre os seus seguidores, lá no íntimo de todos eles. Eis porque não se pode celebrar dignamente a Ressurreição de Cristo a não ser que a luz que é Jesus tenha vencido completamente as trevas dos próprios pecados. Apenas assim se pode degustar o banquete da fé e as riquezas da bondade do Redentor triunfante. A ressurreição de Jesus proclama, deste modo, a necessidade de uma vivência nova, como aconselhava São Paulo : « Purificai-vos do velho fermento, para serdes uma massa nova, do mesmo modo que sois ázimos. Pois Cristo, nosso cordeiro pascal, já foi imolado, « celebremos, pois, a festa, não com fermento velho, nem com fermento de malícia e de perversidade, mas com ázimos de pureza e de verdade » (1 Cor 5, 7-8). Explicava então este Apóstolo : « Porque quem está em Cristo, é uma nova criatura. As coisas antigas passaram ; ei-las que novas surgiram » (2 Cor 5,17). Acentuava : « Assim como Jesus Cristo ressuscitou dos mortos mediante a gloriosa potência do Pai, assim caminhemos nós também numa nova vida » (Rm 6,4) [ ...] de modo que somos servos, sim, mas sob um novo regime espiritual » (Rm7,6). Eis o motivo pelo qual São Pedro conclamava : “Como crianças recém-nascidas , sede ávidos do genuíno leite espiritual, para crescerdes com ele na salvação, se já saboreastes quão bom é o Senhor [...] também vós, como pedras vivas, vinde formar um templo espiritual “ (1 Pd 2, 2. 8). Além disto, Páscoa traz a mensagem de paz de Cristo Ressuscitado. Ele está a dizer a cada : « Eu ressuscitei e estou contigo ». Nas suas aparições aos Apóstolos antes de sua admirável Ascensão aos Céus eles repetirá : « A paz esteja convosco ». Ele cumpre o que prometera : « Eis que estou convosco todos os dias até a consumação dos séculos (Mt 28,20). Esta paz coincide com a totalidade dos bens. É a plenitude da salvação sonhada e esperada. É bênção, é glória, é vida. É sinônimo de bem-estar, ventura, eutimia. Jesus é, de fato, o príncipe da paz (Is 9,5 ; Sl 71). Sua presença na vida do cristão o envolve na mais completa imperturbabilidade. Esta paz, porém, deve se irradiar por toda parte. Não se trata de compromisso simplesmente ético, nem de esforço puramente humano, mas de viver este dom pascal em plenitude : paz consigo mesmo, com os irmãos e com Deus, jamais contristando o Espírito Santo. Portanto, esta paz não pode ser uma utopia, pois deve florescer no terreno do amor autêntico, aquele que afasta qualquer tipo de ódio, injustiça, malquerença, malevolência, inimizade. Realidade sublime. fruto da comunhão com o divino Ressuscitado, no qual se deve encontrar o verdadeiro repouso, aquela profunda quietude a irradiar serenidade no meio em que se vive. É deste modo que se avança mais expeditamente no caminho até a Jerusalém celeste, atingindo-se a união plena e universal no cumprimento dos desígnios salvíficos daquele que superou a morte. Luz e paz, eis aí o binômio sagrado da Páscoa. Jesus ressuscitado a repetir a cada um : «Vós sois a luz do mundo » (Mt 5,14), porque « Eu vos deixo a minha paz » (Jo 14,21).* Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos
quinta-feira, 5 de abril de 2012
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