segunda-feira, 16 de abril de 2012

Jesus, o Bom Pastor

JESUS, O BOM PASTOR
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
Jesus, o bom Pastor, deu a seus seguidores uma segurança extraordinária: “Conheço as minhas ovelhas” (Jo 10,14). Isto o distingue dos mercenários, mesmo porque os que são de seu redil O conhecem e reconhecem a sua voz. Trata-se de uma relação pessoal que leva a uma intimidade mútua entre o Pastor divino que “sonda os rins e os corações” (Ap 2,23). Por isto Ele vai aos poucos introduzindo quem o segue no conhecimento profundo de Deus, da Sua sabedoria. Eis aí, aliás, a grande mensagem de todo o Evangelho: o encontro entre o Ser Supremo e o ser humano em Jesus. Na Vigília Pascal o diácono canta: “Noite de verdadeira felicidade! Noite na qual o céu depara a terra. Noite na qual o homem acha Deus”! Esta é uma verdade que não é propriedade dos grandes místicos, mas deve ser a realidade de todos os cristãos: a íntima relação entre o pastor e a ovelha, um pertencendo ao outro e daí o mútuo conhecimento que disto decorre. Donde a argüição de São Gregório Magno numa de suas mais belas homilias: “Vós, irmãos caríssimos, se sois ovelhas do Senhor, vede se vós O conheceis de fato, vede se percebeis, realmente, a luz da verdade pelo amor que o Pastor vos devota”. De fato, Jesus que afirmou categoricamente:”Eu dou a minha vida pelas ovelhas” também asseverou: “Ninguém dá maior prova de amor do que aquele que entrega a vida pelos amigos” (Jo 15,13). Aí está o núcleo mesmo do mistério da redenção. Jesus pôde dar sua vida pelo povo, que é o seu rebanho, porque este povo, este rebanho lhe foi confiado pelo Pai e não será jamais abandonado. Eis aí todo o mistério da existência de Jesus no meio da humanidade, pois veio selar com sua morte a pertença total e definitiva do povo ao Deus verdadeiro. Cumpre então ao autêntico cristão se entregar nas mãos deste Pastor que, além de dizer, comprovou no alto da Cruz sua dileção sem limites. Ele repete a cada um o que se acha no profeta Isaías: “Eu gravei teu nome nas palmas de minhas mãos” (Is 49,16). É preciso, porém, crer que quem Lhe é fiel está salvo, porque envolto na Sua presença, prevenido pela Sua graça, portador de uma força vital e poderosa. É necessário então possuir uma segurança absoluta, total, sem dar entrada ao diabo como preveniu São Paulo (Ef 4,27). Se Ele é por nós, quem estará contra nós podem proclamar com o mesmo Apóstolo os autênticos seguidores deste Pastor. Se alguém, porém, se extraviar lhe resta uma consolação: este Pastor vai a seu encalço e escutarão a sua voz e poderão voltar ao redil verdadeiro. Que maravilhosas as atitudes de Jesus, o bom Pastor que deseja paz e quer conduzir, instruir, iluminar, formar os que O seguem. Se isto acontece Suas ovelhas poderão afirmar com São Paulo que nem a morte, nem a vida, nem o presente, nem o futuro, nada, nenhuma criatura as poderá separar do amor de Deus que está em Jesus Cristo Nosso Senhor” (Rm 8,39). Deste modo, o relacionamento das ovelhas, do povo de Deus, com seu Pastor é inteiramente diferente do que ocorre com a ligação do cidadão com certos políticos que vivem em função do poder e, na verdade, explorando a população que se sente vexada com tantas denúncias de corrupção. Enquanto muitos homens públicos se enriquecem à custa do que a todos pertence, o bom Pastor dá sua vida pelas suas ovelhas. Ele traçou a autêntica teoria do poder que deve ser serviço, ajuda, amparo, interesse pelo bem comum. Por isto mesmo, a Igreja sempre tomou consciência de que não poderia jamais se solidarizar com qualquer poder político espúrio. Ela quer sempre respeitar a plenitude da autoridade de Deus confiada ao Bom Pastor que está a serviço do rebanho e ela não pode aprovar os desvios das verbas públicas e o desinteresse pelo bem estar do povo. Ela prega a verdadeira liberdade compreendida como uma maneira de ser consagrada no batismo no serviço um dos outros e no serviço de Deus. O bom Pastor é o servidor da liberdade de cada um que deve ser capaz de viver em comunhão com o Pai. É por tudo isto que o cristão luta para que haja políticos que imitem o bom Pastor se sacrificando pelos cidadãos e não sacrificando os cidadãos com impostos absurdos e que são tão mal aplicados. Porque, porém, todos são filhos de Deus, chamados a serem ovelhas de Jesus, o verdadeiro seguidor de Cristo pugna assim por uma sociedade mais humana, mais justa na qual todos possam ter uma vida digna. Jesus, o bom Pastor pôde afirmar que veio a este mundo para servir e não para ser servido e é aquele que multiplicou pães para alimentar no deserto a multidão, que curou a tantos doentes, sempre carinhoso com suas ovelhas pelas quais se imolou lá no Calvário. Nele se pode plenamente confiar! * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.

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