JESUS, O FILHO DE DEUS
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
Notáveis as declarações de Cristo sobre sua identidade e sua missão redentora. Revelou-se primeiramente aos seus discípulos e amigos. Um dia nas planícies de Cesárea ele os interrogou. “Quem dizem os homens que é o Filho do Homem”? Responderam-lhe: Uns dizem que é João Batista; outros, Elias; outros, Jeremias ou algum dos profetas” - “E vós quem dizeis que eu sou”? Respondeu-lhe Simão Pedro: “Tu és o Messias, o Filho de Deus vivo”. E Jesus respondeu-lhe:”Bem-aventurado és tu filho de Jonas, porque não foi a carne e o sangue que te revelou, mas meu Pai que está nos céus” (Mt 16, 13-19). Por ser a Segunda Pessoa da Trindade Santa ele tinha poder para conferir a Pedro o primado sobre sua Igreja o que fez naquele instante. A seus epígonos, portanto, Ele se apresenta como o Filho de Deus no sentido próprio, verdadeiro e integral da palavra, sem o que não teria testemunhado aos seus apóstolos, em termos tão enérgicos, a confirmação dessa solidíssima declaração. Em outra circunstância ele explica detalhadamente esta verdade. Foi quando um outro apóstolo, Filipe, lhe solicita, mostrai-nos o Pai e isso nos basta”. Ele lhe respondeu: Há tanto tempo estou convosco e ainda não me conheces? Filipe, quem me vê, vê também o Pai. Como então dizeis: Mostrai-nos o Pai celeste? Acaso não acreditais que eu estou no Pai e o meu Pai está em mim” (Jo 14,8-11). Confirmou ainda sua filiação divina ao dizer a Nicodemos: “Deus tanto amou o mundo que lhe deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3, 16-17). Ele é Deus, pois Ele e o Pai são um só e mesmo Ser, de sorte que aqueles que o viam contemplavam também o Pai celestial. Ele, porém, se revelou não apenas aos seus discípulos, mas também a quantos o inquiriam sobre sua missão. Assim é que “quando passeava no templo, sob o pórtico de Salomão, rodearam-no os judeus e perguntavam-lhe “Até quando nos deixas em suspenso? Se tu és o Messias, dize-nos claramente”! Respondeu-lhes Jesus: ”Já vo-lo disse, e não me credes; as obras que eu faço em nome de meu Pai, dão testemunho em meu favor” (Jo 10, 21-26). Acrescentou depois: “Eu e o Pai somos uma só coisa” (v.30). Diante dos Anciãos, dos Sacerdotes e dos Príncipes da Judéia usa a mesma linguagem. Depois de interrogatórios e testemunhos inconsistentes, o Sumo Sacerdote põe a questão em seus verdadeiros termos. Ele se ergue de sua curul de juiz e dirige ao acusado esta solene adjuração: “Eu te conjuro pelo Deus vivo de nos dizer se realmente és o Cristo, o Filho de Deus”. Jesus responde calmamente, com plena consciência de sua divindade: “Eu o sou”. E para confirmar esta declaração ele acrescenta: “Vereis o Filho do homem, sentado à direita do poder de Deus, vindo sobre as nuvens do céu”. Então o Sumo Sacerdote rasgou as suas vestes exclamando: “Para que mais testemunhas? Acabastes de ouvir a blasfêmia. Que pensais?” E todos o julgam digno de morte (Mc 14,61-65) Ele é conduzido à presença de Pilatos que não achando motivos para condená-lo, quer dar-lhe a liberdade, mas os Príncipes do povo insistem: “Temos uma lei, e segundo a lei deve morrer, porque se diz o Filho de Deus” (João 19,7). Jesus proclama sua divindade aos seus epígonos, aos judeus, aos magistrados e ao governo. Os que presenciaram o seu suplicio lá no Calvário sabem a causa de sua condenação, e o insulta ainda por ele se ter declarado Deus: “Se és o Filho de Deus, desce da cruz” (Mt 27,40). Quando Jesus morre e as trevas cobrem a terra, os rochedos se partem, o véu do templo se rasga e toda a natureza avisa a humanidade que alguma cousa de extraordinário se passou, os espectadores e o centurião romano descem a colina do Calvário batendo no peito e exclamando: “Este realmente era o Filho de Deus ”. (Mc 15,39) O apostolo S. João no epílogo do capítulo 20 assim se expressou: “Estas coisas foram escritas para crerdes que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus (Jo 20,31). Adite-se que os esplendores da divindade refulgem, realmente, em toda Sua vida, confirmada pelos seus estupendos milagres, pela sublimidade de seus ensinamentos, pelo fulgor de sua inteligência, pela grandeza de seu coração e pela retidão de sua vontade. As suas palavras e os seus atos são impregnados de uma simplicidade, de uma elevação e de uma profundidade jamais vista num ser meramente humano. Nenhuma vida neste mundo apresenta igual tecido de luz e de amor. Cada palavra de Cristo é um ato de ternura e um ensinamento divino. Sua ressurreição gloriosa seria a prova definitiva de sua divindade! * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.
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