sábado, 21 de abril de 2012

A PRESENÇA ADMIRÁVEL DE JESUS

A PRESENÇA ADMIRÁVEL DE JESUS
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
A presença do divino Redentor nesta terra abriu todos os horizontes de claridades celestes e animadoras e fez ver, por entre as dificuldades de um exílio terreno, a beleza inenarrável de uma eternidade do outro lado da vida, para onde se dirige todo ser humano, eternidade deparada certamente na hora inexorável da morte. Diante desta realidade implacável, Jesus surge, porém, como a verdadeira luz das inteligências, o fidedigno amor dos corações, a autêntica vida das almas, a fulgente esperança de um dia se chegar vitoriosamente na Jerusalém celeste. Ele oferece a quem O ama e segue a garantia de uma caminhada gloriosa rumo à Casa do Pai. É a Ele que clamamos nos instantes encrespados de sofrimento, toldados de angústia. O seu esplendor desfaz todas as trevas, quebra todos os empecilhos, e leva a todas as almas a consolação, a imperturbabilidade. Ele, de fato, é o farol de todas as inteligências, o arrimo de todas as vontades. Desejado pelos patriarcas, pelos profetas, após sua vinda a este mundo, as gerações sentindo Sua presença, a grandeza dos seus benefícios, a bondade de sua onipotência, a generosidade de sua comiseração, só têm uma palavra, aquela mesma proferida por São Tomé: “Meu Senhor e meu Deus”. Impossível é abafar na mente que O conhece o brado de adoração e de afeição que prontamente sai do intimo de quem tem fé, proclamando as grandezas divinas do Filho de Deus. Durante trinta anos nesta terra sua vida se resumiu em uns poucos acontecimentos. A sua circuncisão, a apresentação no Templo, a fuga para o Egito, o regresso à sua casa na cidade de Nazaré, a viagem a Jerusalém na idade de doze anos e a sua submissão a José e a Maria. De trinta anos de vida conhecemos apenas estes raros fatos. O silêncio envolve esses anos de sua existência na terra. Trinta anos de trabalho humilde e obscuro em uma oficina de carpinteiro. Dessa vida obscura e escondida, contudo, fluem muitos ensinamentos. Lá em Nazaré, em uma modesta e pobre habitação, preparou-se silenciosamente para o drama augusto e sanguinolento que mudaria a face da terra. Em geral a origem das coisas passa despercebida e ignorada, como as nascentes dos grandes rios que são escondidas e muitas vezes desconhecidas. Cristo, a fonte da Verdade, do Bem e da Justiça, o protagonista da redenção e da civilização, foi, em seus primeiros anos, ignorado dos homens. Sublime lição de humildade! Num casebre de Nazaré e numa oficina pobre viveu Aquele por quem todas as coisas foram feitas. Era uma perene condenação da soberba humana, sempre voltada para ostentações e pompas, riquezas e glórias efêmeras. O silêncio e a solidão envolveram Aquele no qual o Pai disse estar toda sua complacência. Jesus, entretanto, teve a graça e o encanto da infância, mas nada de pueril nem em seus traços, nem em suas palavras, nem em suas ações. Sua alma estava repleta da sabedoria divina, mas não manifestava as suas perfeições senão lentamente, como o sol que, antes de levantar-se no horizonte, envia em primeiro lugar uma doce e suave claridade. Foi um aprendiz na arte de carapina. Aquele que podia tudo criar com uma só palavra quis fazer suas ações progressivamente com o suor do rosto. Inspirador de todas as grande obras, aprendeu, enquanto homem, um oficio trivial; suas mãos se calejam como as dos filhos do pobre povo, no duro manejo da serra e outros instrumentos e, tão logo havia adquirido a experiência e a força física, trabalhou a madeira durante longas horas, a fim de ganhar o seu dia, para ajudar São José a prover o seu pão e, na verdade, com a fadiga do trabalho e o suor do sua face. A presença de Jesus durante trinta e três anos, numa vida oculta, legou lições preciosas e entre elas também o amor ao trabalho. * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.

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