O DIA DO TRABALHO
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
O Primeiro de Maio oferece oportunidade para preciosas reflexões.
Na antiguidade os operários formavam uma classe a parte, uma categoria desprezível e execrada.
. Considerados como escravos, suas forças eram utilizadas pelas camadas aristocráticas da sociedade.
Os maiores filósofos da Grécia, Platão e Aristóteles, não hesitaram em condenar o trabalho manual e a declará-lo indigno de um homem livre. Educados nessa doutrina, os cidadãos temiam profanar as mãos ao contato dos instrumentos de trabalho considerados abjetos por pessoas ilustres.
Em Roma os trabalhadores eram tidos como bárbaros e dignos de desprezo. Cícero exprimia a opinião geral de todos, quando dizia: “Os operários são execráveis e nada de nobre se pode encontrar em uma oficina.”
Surgiu, porém, um divino trabalhador, Jesus Cristo, que veio oferecer uma nova visão do mundo do trabalho. Ele quis ser um aprendiz de carpinteiro junto de São José e demonstrou que o trabalho por mais humilde que seja é glória do gênero humano.
O fato de Deus ter sido operário deve ser um referencial contínuo para que se valorize aquele que ganha o pão de cada dia numa tarefa árdua, mas sujeita a estas desconsiderações humanas.
Quando o trabalho é separado do Cristo e privado da religião perde o seu sentido e o trabalhador se torna sempre vitima das paixões rancorosas dos ambiciosos e dos exploradores, que excitam as suas cóleras e o arrastam a todas as desventuras, pintando com negras cores a sua vida oprimida e alimentando as suas ambições com falsas promessas.
Quando o empregador vive longe de Deus, que deve ser o seu modelo, o seu guia ele torna-se anti-social, perverso, a ponto de, em plena civilização cristã, reproduzir as misérias dos séculos pagãos.
Não basta diminuir as horas de trabalho e aumentar o salário, mas, cumpre formar a quem trabalha na economia, na temperança e na moral, que só a religião pode oferecer. Do contrário nunca será supressa a pobreza e os sofrimentos.
Não é necessário muito argúcia para saber que o bem estar do povo está subordinado à sua moralidade. As dores físicas, muitíssimas vezes, são as conseqüências das misérias da alma e quantos, apesar de terem um emprego fixo e suficiente para a manutenção própria e do seu lar. se entregam aos vícios, às drogas por lhes faltarem o ideal de vida, uma a excelente formação ética.
Pois bem, para curar a alma do povo não há muitos remédios. Há um só: Jesus Cristo, o divino operário de Nazaré.
Para lutar contra as paixões, para dominar o ódio, a inveja, a cupidez, a imoralidade no mundo do trabalho é necessário o que Ele ensinou e que está compendiado nos Evangelhos.
É necessário conhecer e amar o Filho de Deus, que trabalhou, sofreu e derramou o seu sangue pelo povo e pregou a justiça social, o respeito à pessoa humana.
É preciso saber e repetir por toda parte que Jesus reabilitou e enobreceu o homem e que, sem Ele, nada de verdadeiramente sólido se fará pela classe trabalhadora que precisa ser sempre respeitada, amparada, dignificada.
* Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.
sábado, 21 de abril de 2012
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