QUEM
CRÊ TEM A VIDA ETERNA
Côn. José Geraldo
Vidigal de Carvalho*
Maravilhoso o ensinamento de Cristo: "Quem crê
tem a vida eterna” e isto porque Ele disse “todos serão instruídos por Deus”
(Jo 6,41-51), É que este Deus se manifesta, mas supõe um ato de fé, dado que é
Ele mesmo queM fala à inteligência e ao coração de cada um. A quem corresponde
às luzes divinas Ele prometeu uma felicidade sem fim. Por entre as vicissitudes
da trajetória nesta terra é preciso, porém, ter sempre confiança total e se alimentar
do pão vivo que desce do céu. Através da vida do cristão a fé vai tomando
consistência. Trata-se de uma maneira peculiar de enxergar o mundo e toda uma
obra admirável de salvação operada pelo Filho de Deus. Atraído pelo Pai,
vivendo plenamente o que Jesus ensinou, o cristão infalivelmente ressuscitará
para uma bem-aventurança perene após a morte e isto pelo poder do Divino Ressuscitado.
É preciso então uma purificação espiritual contínua, pois nunca haverá quem no
caminho da perfeição não deva sempre ser melhor. É deixar Cristo trabalhar
dentro de cada um, em todos os seus atos, durante toda sua existência nesta
terra, porque o cristão não deve querer grandes saltos na caminhada rumo ao
céu. É pouco a pouco, dia a dia, semana a semana que o seguidor de Jesus vai se
aprimorando e tentando se identificar com aquele que disse: “Aprendei de mim”.
Esta foi a cátedra que Ele estabeleceu nesta terra numa escola permanente de
aprimoramento espiritual. Esta tem formando santos formidáveis que esplenderam
na prática das mais admiráveis virtudes. É que são inúmeros os que sob o
dinamismo da graça progridem, pois é ela que possibilita o movimento para as
coisas do alto e não para as da terra. Tudo isto é possível porque Jesus se fez
na Eucaristia o pão da vida que sustenta, ampara e transmite o vigor para que o
fiel nunca desanime na peregrinação rumo à vida eterna. Eis porque cada vez que
o discípulo de Cristo participa da Missa recebe um elã de amor que o ajuda a
entrar numa relação mais íntima com aquele que o capacita a caminhar sempre
para frente, sem cair no precipício do pecado e dos desvios éticos. É claro que
tudo isto reclama uma submissão cordial ao divino Redentor. Isto sob estas
facetas: admitir que Deus existe, tendo falado aos homens através de seu Filho
Jesus de Nazaré, e acreditar que a palavra de Cristo retém na sua Igreja a
mensagem gloriosa de sua vitória sobre a morte e sobre todas as forças do mal.
Pelo livro do Êxodo sabemos como os filhos de Israel que tinham deixado o Egito
na alegria da libertação, ao serem provados no deserto, murmuram contra Deus.
Enorme foi depois a luta do profeta Elias diante da hostilidade que surgiu
contra sua missão e na sua angústia preferia morrer. Tudo isto mostra que não é
fácil crer e perseverar. Mesmo os contemporâneos de Jesus vendo os seus milagres
tiveram dificuldade de crer. Em Nazaré mesmo, sua terra, até seus familiares só
viam nele o filho do carpinteiro José. Jesus, porém, se manifestava como o
Filho de Deus, o pão da vida. Diante desta revelação muitos até indagavam:
“Como pode este homem nos dar sua carne a comer”? Donde o cuidado que se deve
ter em preservar a fé, dom preciosíssimo que pode ser perdido por aqueles que
procuram demonstrações meramente humanas, junto de falsos sábios que lutam por
contradizer as verdades reveladas. Discussões humanas nunca conduzem à fé. Esta
é, sobretudo, uma resposta à atração divina. Jesus foi claro: “Ninguém pode vir
a mim, isto é, ninguém pode crer, se o Pai que me enviou não o atrai a mim”.
Daí ser imprescindível ao cristão se precaver para não se afastar das luzes
celestiais e deve ser sua súplica constante a mesma que fizeram os próprios
apóstolos: “Senhor, aumenta sempre a nossa fé”. Apenas assim, Jesus poderá
cumprir sua promessa de ressuscitar um dia o seu seguidor fiel para a
felicidade sem fim. Aí está a razão pela qual Ele se fez na Eucaristia o pão da
vida para alimentar a fé que abre o fiel às coisas de Deus, aos projetos do
Pai, à vida eterna junto da Trindade Santa. Feliz, portanto, o cristão porque
pode usufruir ao máximo do amor de Deus com todos os recursos que Jesus legou
aos seus seguidores. É pela fé que o ser humano é conduzido para Deus e esta fé
deve ser cuidadosamente cultivada, defendida, continuamente aumentada. É ela
que permite a cada um receber em si a vida do Verbo da Vida, a Vida mesma de
Deus. Como foi dito, a fé é uma prova dura até o fim da existência do homem
nesta terra, uma prova que é preciso enfrentar sem desfalecimentos. Uma fé
forte, poderosa, sustentada pelo mesmo amor de Deus, uma fé que dá ao cristão a
ventura de jamais perder a eternidade feliz, mesmo tendo que morrer na hora
indicada por Deus. Assim sendo, é necessário que o cristão peça sempre a Maria,
a Virgem que acreditou, o sustente nesta fé inabalável.* Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.
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