quinta-feira, 8 de junho de 2017

BEM-AVENTURADOS OS POBES EM ESPÍRITO

BEM-AVENTURADOS OS POBRES EM ESPÍRITO
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
Ao declarar que “são felizes os pobres em espírito, porque deles é o Reino dos céus”, Jesus proclamava o valor da independência dos bens materiais (Mt,5,3). Por entre o descalabro que reina em tantos países ocasionados pela corrupção, é de bom alvitre refletir sobre esta Bem-aventurança. Sábio pedagogo, Jesus ensina a seus seguidores o emprego correto dos bens materiais que são adquiridos através de um trabalho honesto. .Sua sentença é lapidar: “Não podeis servir a Deus e as riquezas”. O verdadeiro cristão não é proprietário de nada, mas deve ser um sábio gerente de tudo que recebe do seu Senhor. Todos darão contas ao Ser Supremo de tudo que dele ganharam, ou seja, o modo como empregaram as dádivas divinas neste mundo. De plano, todo desperdício é condenável e, sobretudo, o uso do dinheiro advindo da iniquidade e aplicado para o mal. Entretanto, com a mesma diabólica astúcia com que os perversos, os maus políticos, se utilizam de suas posses, para obter favores, os bons patriotas devem se valer do próprio dinheiro para alcançar uma recompensa eterna. Isto, evidentemente, se dá quando nenhuma quantia á malbaratada, mas empregada para as necessidades próprias e dos que dele dependem e para a ajuda oportuna aos mais necessitados. Deus não pode aprovar nenhuma atitude desonesta, mas gratifica toda e qualquer ação justa, reta, eticamente correta. O dinheiro, fruto de um trabalho consciencioso, deve, portanto, aproximar o cristão de Deus. É célebre o ditado: “Quem dá aos pobres empresta a Deus”. Esmola, contudo, bem direcionada para as obras sociais das Paróquias, para as atividades dos vicentinos e outras associações de caridade. Deste modo, o bom emprego do que se possui se torna um instrumento de partilha e fomenta a fraternidade. Assim sendo, o dinheiro não é mau em si mesmo e pode até abrir a porta para muitas ações boas e louváveis.  É, porém, fonte de muitas tentações a serem vencidas, mesmo porque ninguém deve ser dele um escravo. Torna-se então dinheiro da iniquidade, da injustiça, da opressão, da fraude, do dolo.  A segurança que as riquezas oferecem é ilusória, mas perene deve ser a confiança em Deus que nunca deixa faltar nada aos que O temem e servem. Deus sempre está ao lado dos honestos, dos que praticam a justiça. Servir, portanto, tranquilamente apenas a Deus, combatendo o amor-próprio.  a astúcia, o poder pelo poder. Foi a ambição que levou Judas Iscariotes à mais vil traição da História. O alerta de Cristo, sobre as riquezas vale para qualquer contexto socioeconômico, sobretudo para o atual, situação marcada pelo consumismo, pela corrupção edênica, pelo endeusamento da fortuna adquirida por meios lesivos ao próximo e a toda uma nação. . Se as autoridades, os poderosos deste mundo não dão exemplo, pessoalmente o cristão não se deixa contaminar pela onda de perversidade, aprovando os desvios prejudiciais ao patrimônio público que a todos pertence e as falcatruas que se multiplicam nos mais  diversos setores da sociedade. No cerne de todos estes males está o egoísmo que não só impede um oportuno auxílio aos mais necessitados, como fomenta a ganância, fazendo que muitos se esqueçam de que deste mundo nada material se leva para a eternidade, Os automatismos do ego conduzem às maiores aberrações Com efeito, o egotismo cria uma mendicidade perversa porque faz o ser humano sempre ligado a objetos terrenos. Estes, endeusados, conduzam ao desejo imoderado de aumentar sempre mais o que se possui, Não controlada esta cobiça, os meios mais nefandos são empregados prejudicando os outros e o bem comum. O pobre em Deus é aquele que percebe que o verdadeiro tesouro  não pode estar naquilo que é efêmero e que precisa ser apenas um instrumento para uma vivência digna do ser humano. Então, satisfeito com o que possui, fruto de um labor honrado, perseverante, o cristão passa a detectar o sintoma que prolifera ontem, hoje, amanhã e sempre dentro da sociedade que é a presença dos pobres destituídos, muitas vezes, do mínimo necessário para a sobrevivência. Então, na medida de suas possibilidades o seguidor de Cristo procura minimizar tais sofrimentos. Nunca o bom cristão deve ser egoísta, mas precisa ser generoso e compssssivo.. * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos

Nenhum comentário:

Postar um comentário