sábado, 24 de junho de 2017

BEM-AVENTURADOS OS LIMPOS DE CORAÇÃO

BEM-AVENTURADOS OS LIMPOS DE CORAÇÃO, PORQUE VERÃO A DEUS.
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
Hoje mais do que nunca devem meditadas as palavras de Jesus: ”Bem-aventurados os limpos se coração, porque verão a Deus”. Esta bem-aventurança lança então uma mensagem vivificadora, iluminando quem a recebe e coloca em prática. Num contexto erotizado no qual os meios de comunicação contribuem para a impureza da mente, envolvendo o ser humano nas mais perniciosas cenas, induzindo ao desprezo do sexto e nono mandamentos, o alerta de Cristo é um freio diante de tanta impudicícia. Quem quiser a intimidade divina neste mundo e a visão beatífica na eternidade precisa conservar-se puro, evitando tudo que pode manchar sua alma. O coração impuro é um coração que se acha longe do Ser, três vezes Santo, dado que não se resguarda das ondas do mal. É um coração hesitante, facilmente presa das insídias diabólicas. Está completamente dividido, porque as solicitações da carne se tornam insaciáveis, incontroláveis. Quem, porém, está unido a Deus conhece a felicidade de uma visão espiritual unificada que beatifica e oferece a unidade da consciência que repousa em paz no seu Senhor. Isto resulta do sim dado ao Criador, imergindo o ser humano na luminosidade celestial. Esta sublime adesão reveste o cristão de um total equilíbrio psicossomático e aí também se acha o segredo de uma existência realmente feliz. Todos os atos se tornam reflexos da santidade infinita do Ser Supremo, porque a Ele se dá uma entrega completa, vivificante.  A sinceridade interior leva ao crescimento na perfeição, impedindo a desgraça do aprisionamento na sensualidade desenfreada, lubricidade que degrada e rebaixa a dignidade humana. A volúpia impede o canto da alegria da consciência em paz com Deus, o cântico do sim dado Àquele que é autor dos mandamentos que são o roteiro da verdadeira ventura. Portanto, para ver a Deus é necessário dar um basta à dualidade, oferecendo a Ele todos os pensamentos, todos os desejos. O modo como cada um contempla a Deus através da conduta ilibada é a maneira pela qual Ele também observa prazerosamente quem lhe é fiel. Não se deve colocar o impulso pessoal carnal acima da vontade de Deus. Ele deseja se realizar em todo aquele que realmente O ama. Ele propõe uma aliança com sua criatura racional e esta aliança só é possível  se o cristão unifica e purifica seus pensamentos e volições. Esta é a única maneira de estar unido a Deus constantemente, e permitir o agir divino sem óbices. Esta bem-aventurança é assim uma inspiração que vem do céu para tocar o coração humano tornando-o maleável às inspirações  que lhe chegam do alto. O discípulo de Jesus se torna aguerrido perante as insinuações diabólicas, mas sabe também que na pugna espiritual vence quem foge das ocasiões perigosas.  Fugir delas é evitar a dualidade mental e as indecisões que levam a quedas lamentáveis. Então, mais do que nunca, o cristão percebe que, de fato, a carne é fraca e pode conduzir a erros fatais. O Reino de Deus neste mundo não está ao abrigo das tentações que precisam ser vencidas para se chegar ao Reino eterno. Ao entrar na dinâmica desta bem-aventurança o cristão constrói a sua história que se torna uma marcha vitoriosa sobre as paixões desregradas. Se o seguidor de Cristo vacila, não há motivo para desespero, porque “errar é humano, mas perseverar no erro é que é diabólico”. Penitenciando-se  quem se trasvia recupera a pureza interior e repete com fé a invocação: “Sangue de Cristo, purificai-me”! /São Luis Gonzaga jamais perdeu a graça santificante, mas continuamente se mortificava. Eis porque se reza na oração de sua festividade: “Deus, fonte dos dons celestes, reunistes no jovem Luís Gonzaga a prática da penitência e admirável pureza de vida. Concedei-nos imitá-lo na penitência, se não o seguimos na inocência. Ser puro de coração deve ser o ideal do autêntico cristão, pois a pureza interior é a  beatitude  da coerência de uma vida encarnada nos atos que  enobrecem e dignificam quem foi batizado. Rebrilha na limpidez dos afetos, dos olhares, das atitudes. Abre as portas do céu, pois só ao limpoa de coração é que verão a Deus.* Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.



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