terça-feira, 2 de agosto de 2016

UM OBJETIVO A SER ALCANÇADO

UM OBJETIVO A SER ALCANÇADO
Côn.  José Geraldo Vidigal de Carvalho*

Para os cristãos  que observam os mandamentos da Lei de Deus e que lutam contra as faltas veniais nem sempre  aflora  para eles uma paz total. Não conseguem  passar além de suas vãs apreensões, se suas perplexidades, de seus tormentos interiores.  Almejam a serenidade do coração, a imperturbabilidade íntima, a calma nos afazeres cotidianos, o fim das agitações e isto não é alcançado. É que há uma condição para se atingir este ideal. Trata-se do esquecimento integral de si mesmo, deixando Deus dispor de tudo como Ele bem o quiser. Cumpre entregar sinceramente a Ele sem reservas o espírito e o coração. Deus exige uma completa generosidade consagrando-lhe tudo que alguém é ou possui, reconhecendo que a Ele tudo pertence.  Isto se torna viável para a vontade  sustentada pela graça. Ocorre então uma segurança íntima que pode inclusive suportar as provações, porque Ele  não exime delas os que lhe são fiéis para que assim sejam humildes,  não se julgando isentos do combate interior. Além disto, tais provações levam a confiar unicamente no Todo-poderoso Senhor e não em si mesmo.  Adite-se que ao suportar serenamente as lutas o cristão amealha méritos para a eternidade. Quem atinge este alvo espiritual  não macula sua relação com Deus através do interesse pessoal, da vaidade e do orgulho, pois serve a Deus unicamente em Deus. Este Deus pode então exigir grandes sacrifícios, dando, contudo, ao fiel uma disponibilidade proporcional a sua doação a Ele. O que parece por vezes insuportável e até impossível para a fraqueza humana  mesmo para a  maioria dos cristãos se torna suave e factível por força das luzes divinas. Quando há uma disposição leal do coração, maravilhas acontecem para quem corresponde às graças recebidas. É o fruto de uma fidelidade inviolável às inspirações do Paráclito. Os desígnios divinos, os silêncios de Deus, suas preferências nem sempre de acordo com os planos meramente humanos.  Os  místicos  que ascenderam a uma notável perfeição souberam, apesar de todas as trevas interiores, discernir a profundeza da sabedoria eterna. Deixaram, porém, um exemplo para todos os seguidores de Cristo. Portanto a paz não significa a eliminação das contrariedades cotidianas e dos conflitos íntimos, mas aquela energia conferida pela intervenção sobrenatural alcançada pela oferta integral de si mesmo ao Criador de tudo. É preciso vivenciar  o “sim” dado ao Pai em Jesus pela iluminação do divino Espírito Santo. Saber  conciliar perfeitamente  a soberania de Deus e a própria criaturalidade.. Admirável nos grandes santos a confiança ilimitada no Ser Supremo, sem exigirem garantias prévias. Aceitação irrestrita dos intentos do Onipotente numa submissão incondicional  muito além da observância apenas do Decálogo e das leis da Igreja. É que há muitos cristãos que estabelecem prioridades na sua existência nem sempre conformes à plena adesão aos intuitos divinos. São aqueles que criam princípios apriorísticos de acordo com seu modo de ver e, assim, não caminham mais pressurosamente nas vias da santidade. Haverão de se salvar, dado que conservam a graça santificante, mas seus méritos para a eternidade ficam bastante restritos. Isto porque não souberam conaturalizar inteiramente suas preferências com as daquele que é o Caminho para a Jerusalém do alto. Muitos  não se madureceram no equilíbrio e na harmonia  e não são capazes de ver as coisas na perspectiva do amor de Deus e das realidades sublimes que há em tantas pessoas que atingem um nível superior de vida. São bons cristãos, mas poderiam ser ótimos discípulos daquele que preceituou: “Sede perfeitos como o Pai celeste é perfeito” Todas as considerações sobre o objetivo maior a ser alcançado contrastam com a atitude  daqueles que se revoltam contra Deus. Nele acreditam e procuram seguir seus preceitos, mas querem enquadrar o Criador em seus moldes humanos e passam a questionar a maneira com que sue Senhor os trata. É certo que procedendo mais por ignorância do que por uma afronta direta a Ele podem até chegar a não perder a amizade divina. Quando recebem uma sábia orientação,  muitos logo se convencem de que seus juízos  estão incorretos e que imperscrutáveis são os intentos daquele que é a Sabedoria infinita.. A santidade, objetivo acessível a todos, deve ser buscada com  coragem.* Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.    

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