O CAMINHO DA FÉ
Côn.
José Geraldo Vidigal de Carvalho*
O
cristão que procura progredir no caminho
da perfeição realiza a ordem de Cristo: ”Sede perfeitos como o Pai celeste é
perfeito” (Mt 5,48). Além, é óbvio, de observar fielmente os preceitos do
Decálogo e estar continuamente na presença de seu Senhor, mostra-se atento para
nunca contar consigo mesmo, com suas luzes e seu próprio julgamento. Por isto
implora sem cessar o auxílio divino a fim de pensar e agir com sabedoria de
acordo com os desígnios divinos. Desconfia de si mesmo, reveste-se de humildade
e reza com simplicidade e total sinceridade. Evita as ilusões advindas da soberba
interior e presta toda a atenção à ação do Espírito Santo que sopra onde quer e
quando quer. Não impede jamais a operação divina e, por isto mesmo, não se
deixa abater ante as provações permitidas pela Providência. Deste modo, se
verifica o domínio soberano de Deus que almeja levar seu seguidor a uma
imolação contínua da vontade humana numa adesão ininterrupta a Ele. Para não se
deixar enganar e desanimar, cumpre ao cristão total abandono à graça e absoluta
confiança naquele que é a fonte da luz sobrenatural. Deus passa então a
governar toda a vida daquele que Lhe é fiel.
Quem assim consegue avançar na vida espiritual há de batalhar contra a
presunção, o desânimo, as tentações do demônio. Não faltando, porém,
generosidade, a união com Deus se robustece e os momentos de reflexão
solidificam o desejo de agradá-lo em tudo, apesar dos obstáculos da fragilidade
humana. A abertura para o Transcendente é a porta aberta para que não haja
retrocesso, mesmo ante as naturais fraquezas de um ser humano. O anseio da auto
superação coloca o cristão em condições de cooperar com o auxílio celeste rumo
à conquista da maturidade cristã. Esforços contínuos conduzem a um
desenvolvimento integral dentro dos planos divinos, segundo “a medida da
estatura da plenitude de Cristo”.(Ef 4,13). Mediante sua inserção na vontade
divina o fiel tem acesso ao desenvolvimento pleno de sua personalidade, ideal a
ser perquirido com constância e firmeza interior. É o que São Paulo falou aso Coríntios: “Por
isso é que não nos deixamos abater, mas ainda que o homem exterior se vá
desfazendo em nós, o nosso homem interior vai se renovado de dia para dia” (2
Cor 4, 16). Para isto, é preciso estar conectado com a Terceira Pessoa da
Santíssima Trindade, pois está na Carta aos Hebreus “Hoje, se ouvirdes a sua
voz, não endureçais os vossos corações, como no lugar da exasperação, no dia da
prova no deserto” (Hb 3,7). Neste empenho para atingir a maturidade espiritual
o cristão vai assim dia a dia desenvolvendo
plenamente t as potencialidades da graça em todos o níveis do organismo espiritual.
É o caminho da fé iluminado pela esperança e alimentado pela caridade. O crescimento das três virtudes teologais dão
vitalidade ao fiel na busca da santidade. Eis o que São Paulo observava nos tessalonicenses: “Recordamos
continuamente a vossa fé operosa, a vossa caridade paciente e a vossa esperança
constante em nosso Senhor Jesus Cristo, sob o olhar de nosso Deus e Pai” (1 Ts
3). Os germes de vida nova recebidos no Batismo precisam ser desenvolvidos numa
ascensão ininterrupta. Para Roberto
Zavalloni, professor de psicopatologia
religiosa em Roma, estes são os sinais da maturidade espiritual: convicção
profunda que gera uma espécie de vidência da existência de Deus; a
transformação e a renovação da mente e do coração; a docilidade ao Espírito
Santo; a capacidade espiritual de penetrar
até o fundo no mistério de Cristo e aceitá-lo; o comprometimento de forma radical e total com Deus e com a
salvação do mundo; a estabilidade da conversão da mente e do coração; a integração
da própria personalidade em Cristo; “o
compromisso com a Igreja e com o mundo, superando os estreitos limites do
próprio “eu” e de entrar em relação construtiva e criativa com os outros”. Através
da correspondência às inspirações do
divino Espírito Santo o cristão, seja onde for o lugar onde Deus o colocou,
pode e deve atingir a maturidade espiritual. Quando isto acontece, cresce
também a espiritualidade de toda a Igreja. Trata-se da participação efetiva de
cada um nas implicações do Evangelho na salvação de toda a humanidade. * Professor no Seminário de Mariana durante 40
anos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário