CAMINHO
PARA A PERFEIÇÃO HUMANA
Côn.
José Geraldo Vidigal de Carvalho*
Estimulados
pela graça são inúmeros os cristãos que aspiram caminhar em busca da perfeição.
Rompidos os laços com o pecado, surge o anseio de uma vida espiritual mais
intensa. Entretanto. é preciso que cada um seja sincero consigo mesmo e
reconheça quanta miséria há no fundo de seu coração. As consequências do pecado
original exigem uma atenção contínua para que seja banida a perversidade a qual
pode contaminar todas as ações. Nem sempre o batizado age segundo os interesses
de Deus, mas de acordo com o que solicita o amor-próprio. Contudo, para se atingir a autêntica
santidade numa fidelidade contínua a Deus são necessárias a generosidade e uma
lealdade completa. Para isto existem meios valiosos. Cumpre pedir a Deus luzes para conhecer as intenções
reais de tudo que se faz. O Criador deve estar em primeiro lugar e não os
motivos egoístas que deturpam muitos esforços, malbaratando grandes méritos
para a eternidade. A iluminação divina leva então o fiel a diagnosticar os
motivos secretos de tudo que pratica. É preciso uma purificação dos desejos que
levam à ação a qual deve visar unicamente a glória de Deus e o bem do próximo, escapando
assim cada um das mais sutis ilusões geradas pelo egoísmo. Nunca deixar de desconfiar de si mesmo para poder tudo
realizar de acordo com o espírito de Deus. Eis por que a reflexão, a oração, o
exercício da presença de Deus se tornam recursos valiosos para que se evitem os
erros. Deste modo, se toma o Paráclito como guia e este conduz à renúncia de
tudo que não se harmoniza com a vontade divina. Tudo isto se consegue no dia a
dia, passo a passo, durante toda a vida. O Espírito Santo vai tornando o fiel
cada vez mais dócil, enérgico e perseverante. O amor a Deus passa a impregnar toda a atividade humana.
Atinge-se aos poucos desta forma uma
espiritualidade eclesial autêntica alcançada pelo discernimento que o Espírito
Santo vai comunicando aos que almejam um progresso ininterrupto na vivência de
todas as virtudes. Há então um diálogo permanente com o Pai, sustentado pelo
Evangelho sob a conduta do Espírito santificador. É nesta altura de sua vida
que o cristão tem um poder especial para rezar pela conversão dos pecadores,
sendo um sustentáculo dos trabalhos pastorais da Igreja no mundo inteiro. Olhos
voltados para Cristo Crucificado, alimentados pelo Pão Eucarístico tais fiéis
fazem resplandecer a verdadeira face de Deus. São as autênticas testemunhas do
divino Salvador (At 1,8)..Este testemunho de vida é o sinal mais importante de credibilidade
das verdades reveladas e da presença divina como força transformadora da existência humana. É a revelação luzidia
da força do Evangelho. Apesar de suas limitações, os que procuram o progresso
espiritual se tornam o homem novo de que se revestiram no dia do Batismo. Esta
é uma realidade possível, mesmo porque
os cristãos são fortalecidos no Sacramento da Crisma para que os outros
ao verem suas boas obras glorifiquem o Pai que está nos céus. Surge a dinâmica
do amor em busca de uma comunicação da beleza da doutrina de Cristo. Tudo isto resulta de uma leitura correta e global de tudo que Jesus ensinou. O Filho
de Deus apresentou a perfeição como o
fim que todos devem alcançar para uma transformação radical do mundo
enquanto espaço ocupado pelas forças do
mal. Felizmente, a maioria dos cristãos
fazem uma opção livre de um tipo de vida em que possam exteriorizar o
sábio radicalismo do Evangelho. A verdade é que a vida do cristão nesta terra
deve ter uma consistência peculiar, rica em si mesma, digna de preencher por si
só uma existência generosa e reta. É que todo cristão luta então para atingir a
perfeição na sua forma peculiar de vida no lugar em que Deus o colocou, com
suas tarefas específicas, mediante os carismas outorgados pelo Espírito Santo.
Donde o valor essencialmente cristológico da vocação do cristão no mundo.
Trata-se de uma vivência profunda do Sermão da Montanha ( Mt 5-7), programa
fundamental de vida cristã e parte
essencial de todo o espírito do Evangelho.
Aí se encontram os conselhos da mais alta perfeição, caminho seguro para a
santidade preconizada pelo divino Salvador. Deste modo, realiza-se o que São
Paulo recomendou aos romanos: “Transformai-vos pela renovação da vossa mente,
para discernirdes qual é a vontade de Deus, o que é bom, aceito
a Deus e perfeito” (Rom 12, 2). * Professor no Seminário de Mariana durante
40 anos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário