A AÇÃO DO ESPÍRITO SANTO
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
O segredo da vida do seguidor de Cristo é ter o coração aberto e maleável às mensagens divinas. Estas chegam a todos aqueles que se dispõem a escutá-las e seguí-las. Delas resultam as delícias que provêm do fundo da consciência de quem cumpre sempre o seu dever. Iluminam a mente e, apesar das cruzes naturais a este exílio terreno, o cristão vai se aprimorando interiormente. Passa, desta forma, a construir com sucesso o seu futuro em vista à realização dos planos de Deus para cada um.
Muitas vezes, entretanto, se esquece que sobremodo agrada ao Ser Supremo a gratidão por toda graça recebida. O reconhecimento dos favores celestes multiplica os dons do Onipotente o qual “eleva os humildes”, como bem se expressou a Virgem Maria no seu Cântico de Ação de graças (Lc 1,52). Eis por que Davi proclamou: “Bendizei, ó minha alma, o Senhor, não esqueças de nenhum de seus benefícios" (Sl 103,1).
Além disto, é preciso se ater ao que preceituou Jesus: “Pedi e vos será dado" (Lc 2,9). Os mestres espirituais, por este motivo, aconselham a repetir sempre uma prece como esta: “Inspirai-me, Senhor, em todas as minhas decisões e fazei que eu acate sem negligência vossas comunicações”.
Iluminado, o cristão se torna apto para as grandes pelejas da vida.
Uma outra condição se faz, contudo, necessária para que as luzes do céu não se apaguem, ou seja, a docilidade contínua em obedecer aos recados do Espírito Santo. Tal submissão é fundamentada numa resolução firme de jamais descurar a moção recebida, mesmo em se tratando das mais pequeninas obras.
Tudo isto, porém, envolto cada um na imperturbabilidade, mesmo porque o perfeccionismo, a tendência obsessivamente exagerada para atingir a perfeição na realização do que Deus quer, não vem dele. Ele é o Deus da paz, da tranqüilidade, da serenidade. Embora se deva sempre estar antenado às inspirações do céu não se pode deixar levar pela ansiedade. È necessário, inclusive, estar ciente de que há sempre a possibilidade das falhas humanas. Estas devem ser evitadas, mas está no salmo: “Se observades, Senhor, as nossas faltas, quem poderá subsistir”? (Sl 1129,3). As culpas graves devem ser abominadas e devem logo ser absolvidas pelo Sacramento da Confissão para que se possa recuperar, quanto antes, a graça santificante.
Mister se faz em tudo muita fé e confiança na graça, conectadas estas virtudes à luta corajosa contra toda e qualquer incúria.
O principal é a disposição à renúncia à própria vontade na imitação de Cristo que assim se dirigia ao Pai: “Não a minha vontade, mas a tua vontade” (Mt 14,36).
Na eventualidade de qualquer provação ou quando a tarefa diária exige maior esforço, o cristão se acha preparado e transforma os espinhos da vida em pérolas para a coroa da eternidade. Disto resulta uma admirável paciência.
Não é fácil atingir este equilíbrio, mas a contemplação da grandeza de Deus leva a executar tudo para seu louvor e reparação dos erros cometidos.
Quanto mais o seguidor de Cristo persevera na oração e não desanima, mais age nele o Espírito Santo e coisas maravilhosas acontecem em sua volta.
Como Deus perscruta o íntimo do coração, convém a todo instante verificar a sinceridade para com Ele, nunca tentando justificar o injustificável, por exemplo, se desculpando por não fugir das ocasiões de pecado, por não ser moderado no comer e no beber. É o hábito de se estar alerta contra todas as investidas do maligno. Com efeito, uma sábia vigilância impede impulsos desordenados.
Felizes os que cooperam com a ação do Espírito Santo, pois se tornam “luz do mundo e sal da terra”. * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos
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