sexta-feira, 21 de setembro de 2018

ASPECTOS DA VIDA DE UM CRISTÃO


ASPECTOS DA VIDA DE UM CRISTÃO
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
O autêntico seguidor de Cristo procura fazer suas obrigações cotidianas envolto no amor a Deus, visando
sempre o bem do próximo. Robustece sua vontade e a confia a seu Senhor para que Ele a abençoe. A necessidade do dever cotidiano bem feito, e isto com a perseverança, leva o cristão às regiões luminosas da santidade.  Assim se expressou São Pedro: “Como é santo aquele que vos chamou, sede vós também santos em toda a vossa maneira de viver. Porquanto está escrito: Sede santos porque eu sou santo” (1 Pd 1,15-16). Daí ser necessária a fuga da mediocridade. A perfeição cristã tem um valor intrínseco em todas as circunstâncias da vida. Aquele que se instala em Deus tranquilamente vê o andar do tempo, pois trabalha por Deus e como Ele quer. Tudo, porém, nesta existência terrena exige perseverança e paciência, pois perfeito é apenas o Ser Supremo e cada um tem que conviver com suas falhas humanas sem se deixar escravizar por elas. Quem não persevera não quer progredir. Cumpre fugir de toda fraqueza e do hábito de ceder ante os esforços necessários para caminhar seguindo os passos do Mestre divino. Este foi claro: “Ninguém que põe a mão no arado e olha para trás é apto para o Reino de Deus” (Lc 9,62). Quem desanima é um fracassado, pois a vocação de todo batizado é procurar ser perfeito, dado que tal é a ordem de Jesus: “Sede perfeitos como o Pai celeste é perfeito” (Mt 5,48). Eis aí o ideal altíssimo que Ele apresentou aos seus discípulos, ideal ao qual esses devem aspirar sem cessar numa luta contínua contra a concupiscência. Esta aparece no rol de vícios reprováveis segundo São Pedro, ou seja, gozar  “a vida em lascívias, em voluptuosidades, em depravações, em badernas, em excessos no beber e no culto ilícito de  todos  os ídolos” (1 Pd 4,3|). O mesmo Apóstolo aconselhou que se deve abster das concupiscências carnais que combatem contra a alma (1 Pd 2,11). O homem sensual não pode compreender a razão e a força moral da renúncia a tudo isto. São Paulo foi taxativo: “O homem animal não acolhe as coisas que são do Espírito de Deus; para ele não passam de estultícia e não pode entendê-las porque  é  somente por meio do espírito que devem ser julgadas” (1 Cor 2, 14). Portanto, o cristão trilha outros caminhos dado que não está privado das luzes de Deus  e pode alcançar as verdades superiores à razão humana.  O Espírito de Deus o guia no seu agir.  É a esta classe superior que os batizados são chamados, em busca da santidade  numa batalha sem tréguas  para vencer as paixões vis e pecaminosas. Os bons cristãos  compreendem  isto e   alcançam uma admirável culminância  espiritual e se tornam modelos a serem seguidos. Percebem continuamente o apelo para tentar fazer o perfeito, apesar das fraquezas inerentes a seres contingentes, mas  sabem que tudo podem com a graça de Deus, repetindo com São Paulo: “Eu tudo posso naquele que é a minha fortaleza” (Fil 4, 13). Um esforço vigoroso é a exigência de Cristo para que se receba auxílio tão precioso. Sabe que a covardia de hoje é má garantia para o heroísmo de amanhã perante as ciladas do demônio. Tudo isto supõe um cuidado destemido  para evitar as ocasiões perigosas, pois diz a Bíblia: “Quem ama o perigo nele perecerá”  (Ecl 3,28). Assim sendo, as condições do êxito no progresso da espiritualização própria são viáveis. É necessário proceder metodicamente, envidando todos os esforços para não retroceder. Abre-se então diante de quem assim age um caminho na amplidão de uma existência que busca continuamente as coisas do alto e não as da terra. Tudo dentro das possibilidades de cada um. Necessário se faz  em todas as ocasiões o discernimento  do empenho que convém empregar a cada instante. Isto engloba os sacrifícios que devem enfrentados, pedindo sem cessar as iluminações celestes. Desta maneira é possível se fixar no melhor que está ao seu alcance, sem querer ultrapassar os próprios limites. É sabedoria  tudo empreender de acordo com a própria capacidade, evitando o perigo de se iludir. Então se poderá repetir com o salmista: “Com Deus faremos proezas” (Sl 108, 13) * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.

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