segunda-feira, 17 de setembro de 2018

A VERDADEIRA GRANDEZA DO CRISTÃO


01 A VERDADEIRA GRANDEZA DO CRISTÃO
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
Os discípulos de Jesus discutiam entre eles para saber qual dentre eles era o maior (Mc  9,30-37). O Mestre divino deu-lhes uma magnífica lição mostrando qual é a verdadeira grandeza de seus seguidores: “Quem quer ser o primeiro seja o último de todos e o servo de todos”. Os apóstolos raciocinavam com critérios meramente humanos. No seu orgulho o homem julga que “ser grande” se relaciona com o domínio, a força, a ascendência de uns sobre os outros. Os apóstolos não tinham ainda uma compreensão verdadeira do novo reino messiânico que Cristo viera instaurar neste mundo. Identificavam o reino de Deus com uma dominação temporal. Belíssimo o ensinamento de Jesus sobre a humildade que leva seu discípulo a ser servidor dos outros, não procurando ser servido.  Ilustrou suas palavras com um gesto profético, ou seja, com a figura humilde de uma criança bem símbolo do desprendimento. Proclamava assim quais eram os verdadeiros valores bem distintos do orgulho, do egoísmo e da supremacia que sobrepõem uns sobre os outros. Ele daria sempre o exemplo e pôde depois afirmar que o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir (Mt 20,28). Apenas aquele que serve se torna grande e faz a diferença no mundo. Esta deveria ser sempre a postura do verdadeiro cristão na família, no trabalho, nos lugares de diversão, enfim em todas as circunstâncias. Atitude de acolhimento, de devotamento, de gratuidade, de doação ativa, vendo no próximo por mais simples que ele seja a representação viva do Pai, doador de todas as coisas. Era a condenação de toda inveja, de toda pretensão de superioridade. Claros os termos que Ele empregou: “Quem quiser ser o primeiro seja o último de todos”, isto é, aquele que realiza algo de proveitoso aos outros. Jesus pregava assim uma abertura que tira cada um do paroxismo de sua auto clausura, de seu interior fechado sobre si mesmo, ignorando a comunidade na qual se vive. Dedicação total, isto sim, às equipes de trabalho, aos grupos de amigos, às células sociais das quais cada um faz parte. É preciso, realmente, banir imediatamente todo resquício de orgulho. Se é verdade que em toda sociedade em geral e em toda comunidade em particular uma hierarquia é necessária, ridículo, contudo, seria alguém se julgar superior ao próximo, uma vez que qualquer cargo é um encargo, uma obrigação a mais de um serviço necessário aos outros. Apenas assim, através da humildade e dedicação, se pode ser útil para o bem de todos. Os discípulos pensavam em grandeza, prestígio, força e poder. Eles discutiam entre si quem poderia ocupar o primeiro lugar. Cada um pensava ser melhor do que o outro. Todos aspiravam uma bela promoção do famoso Rabi da Galileia e junto dele queriam ser o mais eminente. Tinham o espírito e a ideia bem longe daquilo que o próprio Jesus pensava para si mesmo e para eles. O Mestre falara de sua Paixão que se aproximava e da perseguição que estava iminente a cair sobre Ele. Os Apóstolos se faziam de desentendidos, não queriam decodificar uma mensagem dolorosa e se entregavam a uma divagação fútil e condenável sobre a primazia entre eles. Jesus usou de uma estratégia pedagógica admirável para que eles pudessem reformular suas ilusões de distinção, dissipando as trevas de uma vaidade lamentável. Suas perspectivas não estavam de acordo com o que era necessário para uma espinhosa missão que os devia levar a dar a vida pelo projeto salvador de Cristo. Por isto, mais tarde São Paulo e São Barnabé em Listra, Icônio e Antioquia “confirmavam a alma dos irmãos e, exortando-os a perseverarem na fé, advertindo que através de muitas tribulações é que temos de entrar no reino de Deus” (Atos14, 22) Para isto é preciso ser simples como uma criança que aos olhos de todos é um ser sem importância e poderes aparentes. Ao apresentar Jesus aquele menino estava desvendando seu coração, seu ideal de singeleza e total brandura interior. Aquela criança revelava Deus em sua ternura, sua humildade, sua discreta presença na vida de cada um. Era a figura dele, o Filho de Deus bem-amado do Pai, Ele que poderia depois frisar aos Apóstolos e a todos os seus seguidores: “Aprendei de mim que sou manso e humildade de coração”. (Mt 11,28). Belas lições a serem vividas, pois, em as praticando, o cristão encontra sua verdadeira grandeza. * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.

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