segunda-feira, 10 de setembro de 2018

A VIDA ETERNA


A VIDA ETERNA
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
A fé na vida eterna deve envolver o espírito do ser humano que é um passageiro nesta terra. A alma foi criada para um destino perene por ser espiritual e imortal. Assim sendo, o homem que transita no tempo é alguém que caminha para a eternidade. São Paulo advertiu: “Passa a figura deste mundo” (1 Cor 7,31) e Jesus havia alertado: “Estai preparados, porque na hora em que não pensais, virá o filho do homem” (Mt 24,44). É preciso então colher dia a dia o que o tempo tem de eterno, afastando-se do mal e fazendo o bem. São Leão Magno aconselhou: “Para longe a fuligem das vaidades terrenas, limpemos de toda iniquidade suja os olhos interiores”. Trata-se de caminhar corajosamente para a luz sem declínio, “para uma esperança vital, para uma herança inalterável, ilibada, indefectível” (1 Pd 1,4). É no momento presente que cada um constrói sua eternidade feliz ou desventurada. A morte é a passagem para a eternidade, por isto a vida humana deve ser uma ascensão contínua rumo ao céu. É o que lembra o Apóstolo: “Enquanto temos tempo façamos o bem a todos” (Gal 6,10). As ações corretas determinam uma posse eterna junto de Deus. O pecado é um desvio de rota contrariando o desejo divino que quer a salvação de todos (1 Tm 2,4|). Viver intensamente aqui e agora é saber atravessar o tempo e poder um dia ter uma beatitude imorredoura.  É preciso, portanto, captar o que o tempo tem de eterno, cuja realidade não deve ser recusada. Se assim é, cumpre escolher nesta terra a virtude e não os vícios  na confiança de assim poder possuir para sempre um lugar lá na casa do Pai que nos aguarda na outra margem da vida. Que se lastime, então, o tempo perdido em futilidades, erros morais e devassidões. Segundo Santo Agostino urge fazer o impossível para valorizar as horas que vão se sucedendo e isto para que se venha a ser feliz para sempre. O discurso bíblico concita a ter responsabilidade em bem viver. Davi aconselha: “Deixa aos cuidados do Senhor o teu destino, confia nele e com certeza Ele agirá” (Sl 36,2), Desta maneira ao invés de viver atormentado com o pensamento da morte quem crê, tranquilamente, vai aumentando os méritos para o dia do juízo particular ao morrer e para o juízo universal no fim dos séculos. Jesus é o caminho que leva ao céu, a verdade que ilumina quem nele confia e Ele é a vida nesta terra e na eternidade, participando o cristão no presente de seus méritos e de sua missão redentora e, depois, de sua glória. Através de Jesus a salvação é uma conquista e, assim sendo, triste não será morrer, mas não ter vivido na graça de Deus. Cada instante é mais do que um mero momento, pois o ser humano participa sempre da eternidade por sua alma imortal e a hora da morte será uma síntese verídica do tempo de vida que foi dado a cada um. Eis porque o verdadeiro cristão tem plena consciência de que a virtude oferece sempre bom resultado e fica registrada no livro de sua existência para uma beatitude eterna. São Paulo assim se expressou: “Olho algum jamais viu, nem ouvido ouviu, nem jamais entrou no coração do homem o que Deus tem preparado pra aqueles que O amam” (2 Cor 2,9). Este pensamento do céu liberta não apenas dos sofrimentos terrenos, mas também das falsas alegrias. Urge, portanto que haja a predominância do reino dos céus sobre todos os valores terrestres. O verdadeiro cristão faz o bem pelo bem, se mantendo sintonizado no com o Ser Eterno junto do qual terá uma recompensa imperecedoura, porque suas obras o seguirão após deixar este mundo (Ap 14,13). O que muitas vezes se esquece é que há uma homogeneidade entre o que é prometido por Deus além-túmulo e o que é por Ele preceituado. Felizes os que puderem no fim de sua trajetória neste mundo repetir com o Apóstolo: “Combati o bom combate, cheguei ao termo de minha carreira guardei a fé. Desde agora me está preparada a coroa de justiça que o Senhor me há de dar em prêmio, naquele dia, ele, o justo juiz, não só a mim, mas também a todos os que tiverem aguardado com amor a sua gloriosa manifestação” (2 Tm 4,7-8) É que a verdadeira aposentadoria é a juventude eterna lá no céu. Como afirmou o Pe. Sertillanges “Na terra somos maiores do que nosso sonho de felicidade; no céu ele nos supera”. Jesus abriu a porta do céu, oferecendo a todos pelo seu sangue redentor a salvação que deve ser buscada com perseverança, jamais desfalecendo o cristão na luta contra as forças do mal. * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário