quarta-feira, 28 de agosto de 2013

TOMAR A CRUZ E SEGUIR JESUS

TOMAR A CRUZ E SEGUIR JESUS
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
A seus seguidores Cristo não podia ser mais claro e direto: “Quem não carrega a sua cruz e me segue não pode ser meu discípulo” (Lc 14,27).. Ele deu o exemplo e levou a sua cruz do Presépio ao Calvário. Quem o quer acompanhar precisa renunciar a si mesmo e cumprir fielmente suas obrigações. Toda e qualquer atividade, inclusive a profissional, exige muito esforço e abnegação. Quando se colocam os passos nos passos de Jesus tudo fica mais fácil, porque repleto de merecimentos para a eternidade. Trata-se de uma luta que durará até a morte, além das naturais provações físicas e psicológicas inevitáveis neste exílio terreno. Entretanto, o cristão não se sente só, desamparado, porque Deus está presente na sua vida, sustentando-o no combate diário. Adite-se que em qualquer circunstância cada um está a serviço do próximo e o dom de si mesmo através da reta intenção de ajudar os outros é de suma valia diante daquele que disse: “O que fizestes a um destes  meus irmãos mais pequeninos, a mim o fizestes” (Mt 24,40). Quem tem fé sobrenaturaliza deste modo todas as suas ações e o fardo cotidiano se torna menos pesado.  É um redimensionamento de objetivos e de projetos que ilumina a tarefa por mais árdua que seja. Portanto, a ordem de Jesus de carregar a cruz após Ele, determinação que poderia parecer um convite excessivo e reservado a algumas almas privilegiadas, surge como uma orientação pedagógica de suma valia para si e para o próximo. Deus nunca torna a cruz de cada um desproporcionada a suas forças. O que se deve fazer não é limitar os objetivos, mas ajustar os meios aos objetivos que se têm em vista dentro dos planos divinos. Estes recursos são a luta contra a inércia, a oração que é a fortaleza do cristão, a perseverança nos afazeres e não desejar aquilo que ultrapassa as condições intelectuais e psicossomáticas pessoais. Cumpre um modo de vida de acordo com as possibilidades viáveis sem a busca de uma penitência excepcional e sem a entrega a procedimentos irracionais. Não é fácil por vezes encontrar o equilíbrio necessário para não abandonar o sacrifício, malbaratando os dons recebidos do Criador. Os santos souberam sempre fazer de maneira extraordinária as coisas ordinárias da vida.  É desta maneira que se depara a liberdade interior com relação ao labor diário, ao engajamento social e às obrigações familiares. É preciso saber encontrar a verdadeira sabedoria do viver apesar das amarguras imprevisíveis que surgem e que parecem tornar a cruz mais pesada. O amor ao divino Crucificado sustenta seu discípulo na caminhada pela vida afora, balanceando deveres indeclináveis com a restauração das forças nos divertimentos sadios e louváveis. Assim todas as energias interiores ficam sempre mobilizadas e se pode usufruir melhor dos bens recebidos de Deus. Carregar a cruz é saber se conhecer, se aceitar e não se submeter a condicionamentos advindos da sociedade de consumo, que é hedonista, materialista. Eis porque o cristão que entende bem o que Jesus disse sobre carregar a cruz, seguindo-o,  não a vê como uma deformação à  sensibilidade humana. Não se trata de se comprazer no sofrimento, de procurar mortificações descabíveis. Um verdadeiro seguidor de Cristo não tem o gosto malsão da dor. Viver o Evangelho não significa ter desgosto da vida. Como, porém, o ser humano na sua fraqueza comete faltas, as angústias, as aflições, os aborrecimentos se tornam instrumento de purificação. O segredo é, pois, dar uma aplicação transcendental a tudo que se faz e se padece. Assim, não há nenhum masoquismo no caminho da cruz, nenhum desprezo por tudo de bom que há no mundo. São Paulo ensinou: “Alegremo-nos todos no Senhor” (Fl 4,4). Ele que afirmou se regozijar  no meio de suas provações e estas não foram poucas . Assim sendo, não se pode interpretar a aceitação da cruz como uma mera psicoterapia. Com efeito, a compreensão da cruz leva, isto sim, o cristão à plena maturidade espiritual, uma vez que ele não negligencia  suas obrigações, mas  se entrega às tarefas mais árduas que a existência lhe impõe tendo como guia Aquele que, tendo assumido a missão salvadora, a realizou de uma maneira tão extraordinária até o sacrifício supremo no Gólgota para ser um exemplo a ser seguido e, na verdade, com muito menor sofrimento do que aquele inerente a cada um na sua trajetória terrena.  Eis porque é preciso também se lembrem sempre as palavras de São Paulo: “O leve peso de nossa tribulação do momento presente, prepara-nos, além de toda e qualquer medida, um peso eterno de glória” (2 Cor 4,17), Vale a pena tomar a cruz de cada dia e seguir a Jesus.* Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.


terça-feira, 27 de agosto de 2013

REFLEXÃO HISTÓRICA

RELFLEXÃO HISTÓRICA
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
A data do Dia de Viçosa que é 30 de setembro tem fundamento histórico e jurídico.
A 30 de setembro de 1871 pela lei 1817 a freguesia de Santa Rita do Turno foi elevada a VILA. “No Brasil durante muito tempo, a data correta da fundação de municípios antes da proclamação da República era o dia da criação da vila. Com a vila o arraial ou a freguesia adquiria a sua autonomia político-administrativa, passando a constituir uma câmara de vereadores, com direito de cobrar impostos, e baixar "posturas" que eram espécies de leis municipais, recebia ainda um "juiz de fora", pelourinho e cadeia pública”. Por isto, grandes cidades, por exemplo, como Juiz de Fora, Resende, comemoram o Dia da Cidade na data da sua elevação a Vila
Viçosa foi elevada à categoria de Vila, dia 30 de setembro de 1871. data faustosa do início de sua organização jurídica.
Trocar a data porque já há um feriado dia 7 de setembro, é um argumento falacioso, mesmo porque a data proposta de 22 de janeiro é uma data na qual as Escolas não iniciaram ainda o Ano Letivo e o Dia da Cidade deve exatamente ajudar a formar o bom cidadão viçosense. A preparação para as comemorações do dia 30 de setembro favorece este objetivo cívico. Além disto, dia primeiro de janeiro já é também feriado.

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

PARECER SOBRE A DATA DO DIA DA CIDADE DE VIÇOSA

PARECER DO CÕNEGO JOSÉ GERALDO VIDIGAL DE CARVALHO SOBRE A DATA DO DIA DE VIÇOSA
A data 30 de setembro como comemoração do dia da Cidade de Viçosa está correta.
A 30 de setembro de 1871 pela lei 1817 a freguesia de Santa Rita do Turno foi elevada a VILA. “No Brasil durante muito tempo, a data correta da fundação de municípios antes da proclamação da República era o dia da criação da vila. Com a vila o arraial ou a freguesia adquiria a sua autonomia político-administrativa, passando a constituir uma câmara de vereadores, com direito de cobrar impostos, e baixar "posturas" que eram espécies de leis municipais, recebia ainda um "juiz de fora", pelourinho e cadeia pública”.  
Viçosa foi elevada à categoria de Vila, dia 30 de setembro de 1871. data faustosa do início de sua organização jurídica
Dia 30 de setembro de 1971, sendo Prefeito de Viçosa Dr. Raimundo Alves Torres, o Arcebispo de Mariana, notável historiador, celebrou em frente ao Santuário Santa Rita perante as autoridades, milhares de fiéis e vários sacerdotes a Missa de Ação de Graças pelo Centenário da elevação a Vila.  Grandes cidades, por exemplo, como Juiz de Fora, Resende, comemoram o dia da cidade na data da sua elevação a Vila
O fato histórico mais importante se deu em Viçosa dia 30 de setembro, embora  A VILA tenha sido  INSTALADA DIA 22 DE janeiro  DE 1873, ela foi criada dia 30 de setembro de 1871.  A Oração gratulatória do Arcebispo Dom Oscar de Oliveira PELO CENTENÁRIO DE VIÇOSA está publicada na primeira página do jornal O ARQUIDIOCESANO, DO DIA 11 DE OUTUBRO DE 1971.  Dia 30 de setembro de 1961 convidado pelas autoridades civis e eclesiásticas de Viçosa este depoente proferiu oração gratulatória no Santuário Santa Rita pelos 90 anos da elevação de Viçosa a Vila, como consta no Livro “Temas Finais”
Ita in fide sacerdotis et magistri.
Viçosa, 26 de agosto de 2013


Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho

sábado, 24 de agosto de 2013

NOTA HISTÓRICA

A IMPORTÃNCIA DA DATA DA ELEVAÇÃO A VILA

“No Brasil durante muito tempo, a data correta da fundação de municípios antes da proclamação da República era o dia da criação da vila. Com a vila o arraial ou a freguesia adquiria a sua autonomia político-administrativa, passando a constituir uma câmara de vereadores, com direito de cobrar impostos, e baixar "posturas" que eram espécies de leis municipais, recebia ainda um "juiz de fora", pelourinho e cadeia pública”.
Santa Rita do Turvo , hoje cidade de Viçosa,  foi elevada a Vila pela Lei Provincial n. 1817 de 30 de setembro de 1871
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho

UMA LIÇÃO DE HUMILDADE

UMA LIÇÃO DE HUMILDADE
Côn.José Geraldo Vidigal de Carvalho*
Durante toda sua vida Jesus nunca deixou de passar uma oportunidade para ensinar os caminhos da reta conduta humana. Assim é que, estando na casa de um dos principais fariseus para uma refeição, observava a conduta dos convivas. Os que chegavam procuravam os primeiros lugares e isto Lhe proporcionou ocasião para mostrar que toda jactância deve ser evitada. Tomar vaidosamente os assentos de honra sem a anuência do anfitrião é correr o risco de passar por um vexame, ao passo estando no último lugar e ser chamado para cima é uma distinção diante de todos os outros. Lançou então sua notável sentença: “Aquele que por si mesmo se exalta será humilhado e o que se humilha será exaltado” (Lc 14, 14). A humildade é, realmente, um padrão de uma luminosa disposição moral e intelectual da pessoa humana, ao passo que o orgulho é indício certo de sua mediocridade. Julgar-se mais importante que os outros pelo que se possui, pelos títulos que tenham sido obtidos, pelos louvores recebidos é uma demonstração de pobreza interior. Com efeito, cada um vale não pela riqueza, ou pelas suas conquistas intelectuais, ou pelos elogios alheios, mas, sim, pela virtude que cultiva. Esta coloca numa escala superior. O humilde, inclusive, reconhece sempre que, se vale alguma coisa, é pela graça de Deus a qual pode ter sido sempre muito mais proveitosa por outros a sua volta. Aliás, a soberba é o maior óbice para se receber os dons divinos, dado que “Deus resiste aos orgulhosos” (Tg 4,6). Jesus inúmeras vezes mostrou que a arrogância deve ser reprimida. Eis porque cumpre combater os movimentos nocivos da empáfia e cultivar os sentimentos tão vantajosos da simplicidade. Lemos o Livro dos Provérbios: "Vindo a soberba, virá também a afronta; mas com os humildes está a sabedoria (Pv 11:2)". Na medida em que a humildade é valorizada o seguidor de Cristo se dispõe a afastar todos os laivos da vaidade, da presunção extrema, da falsa superioridade. Modelado pela humildade o cristão impregna todo seu exterior, todo seu modo de ser com uma tal marca que ele se torna, de fato, discípulo daquele que determinou: “Aprendei de mim que sou e humilde de coração” (Mt 11,29). A naturalidade e a modéstia passam a reinar na existência deste batizado. Nas suas atitudes, nas suas conversas não aparece nada que é presunção, fatuidade. Não impõe jamais sua opinião, mas escuta atentamente o que os outros falam, atinando com aquilo que há de positivo e correto, sem censuras descabidas. O humilde se torna amável, paciente, humano. É capaz de consolar os aflitos e não despreza a ninguém. Fala com doçura e responde a todos de uma maneira cortez. Polido e afável não conta nunca vantagens que podem ferir a sensibilidade alheia. Por isso mesmo aborrece tudo que prejudica o próximo no qual detecta em todas as ocasiões  qualidades. Não se sente superior a quem quer que seja. Quando há necessidade de alguma observação esta é feita pelo humilde sem dureza, sem severidade ou rigor desmesurado, Praticante do que ensinou Cristo: “Não julgueis e não sereis julgados”, o humilde não condena os outros pelas pequenas faltas como se ele fosse um justo perfeito e o outro um grande pecador. Se alguém comete deslizes graves é com espírito de compreensão que o humilde procura tratá-lo, refletindo consigo mesmo que sem a graça de Deus poderia cometer pecados maiores ainda. Não procura nunca o aplauso dos homens, lembrado do que ensinou Jesus, ou seja, o que correr atrás do prestígio humano e pratica o bem para ser visto, perde a recompensa que vem de Deus, pois  já receberam o seu prêmio (Mt 6,2). O humilde tem consciência de que o Ser Supremo é o grande testemunho de suas ações. O Mestre divino ordenou que quem quer ser o primeiro seja o servidor de todos (Mc 10,44). Amar a humildade é ser glorificado por Deus, recebendo um dia “a coroa sempre verde da glória” (1 Pd 5,6). Matriculado na Escola do Mestre da humildade o verdadeiro cristão afasta corajosamente o orgulho, este sentimento maligno que leva a se sentir superior aos outros, a desprezar o próximo, a ser independente, arrogante, auto-suficiente, desvios estes sempre reprovados por Deus. A fonte da soberba é o demônio, “pai da mentira” (Jo 8,44). Por isto, ensinam os santos que a arma mais poderosa para vencer o diabo é a humildade.  É que esta virtude prospera nos corações que bem conhecem sua própria miséria e indigência, persuadidos intimamente de que todo bem procede de Deus. A humildade é o condutor de todas as graças e o timbre da verdadeira honra pessoal. * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

A PORTA ESTREITA

A PORTA ESTREITA
Côn.José Geraldo Vidigal de Carvalho*
Cristo não se apresentou ao mundo como um demagogo e, por isso, soube sempre advertir com clareza seus seguidores. Uma de suas sentenças contundentes foi esta: “Fazei todo esforço possível para entrar pela porta estreita. Porque eu vos digo que muitos tentarão entrar e não conseguirão” (Lc 13, 2,24). Esta foi a resposta que Ele deu a alguém que lhe perguntou: “Senhor, é verdade que são poucos os que se salvam?” O caminho da salvação é aquele da abnegação, do sacrifício, do cumprimento exato do dever, da observância integral dos mandamentos. Sem renúncia a tudo que contraria os planos divinos não há salvação possível. Esta se acha somente através da fé e de um grande amor à pessoa redentora de Jesus e a tudo que ele ensinou. Ele mesmo entrou pela porta estreita e seus sofrimentos culminaram no alto de uma Cruz. Através de sofismas muitos procuram uma vida fácil já querendo no tempo uma felicidade completa que só se terá na eternidade. Jesus jamais disse um não a seu Pai e mesmo no instante de sua agonia suprema no Gethsémani ele assim orou: “Que não se faça a minha vontade, ó Pai, mas a tua” (Lc 22,42). Ele exige de seu seguidor uma opção radical: “Ou crer ou não crer”. Ser coerente com a fé ou na prática a contradizer. Não há meio termo. Ele não admite mediocridade. O céu é uma realidade oferecida a todos. Deve ser o fim último e a realização das aspirações mais profundas do ser racional, o estado da felicidade suprema e definitiva. A caminhada para lá é difícil, exigente e demanda sacrifícios. Há duas direções: uma centrada no egoísmo e nas coisas passageiras desta terra, a outra é a construção da vida minuto a minuto, olhos fixos na eternidade. Esta última significa um investimento com resultado maravilhoso, a outra leva àquele lugar onde, segundo Cristo, “haverá choro e ranger de dentes”. É que não há progresso espiritual sem provações, sem energia nas decisões cotidianas e sem a prática do bem. A luta contra as paixões desordenadas deve ser contínua, o desapego dos valores mundanos não pode conhecer tréguas. Ou o Evangelho e a salvação eterna, ou o mundo e suas ilusões que conduzem à condenação sem fim. Não se trata de ter medo do inferno, atitude profundamente negativa, mas se trata de ter a alegria de estar caminhando para a Casa do Pai, posicionamento inteiramente positivo, construtivo. O que vai acontecer a cada um após a morte nunca pode ser esquecido para que na porta do paraíso não se escute da parte de Deus: “Não sei de onde sois. Afastai-vos de mim todos que praticais a injustiça”. A fé cristã apresenta, porém, uma salvação baseada na liberdade. Não há uma salvação automática. Cada um traça o seu destino, trilhando as sendas da luz ou das trevas. Cumpre ter uma consciência esclarecida, ou seja, a entrada que Jesus abre é da Cruz e da Ressurreição. É sabedoria então suportar as naturais tribulações terrenas em reparação das próprias faltas para se colocar em condições de entrar pela porta estreita. Trata-se de viver em plenitude a vida batismal na qual se recebe o penhor da vida eterna. Isto leva a suplantar as fadigas físicas, morais, psicológicas, sejam elas pessoais ou coletivas e sociais. A fidelidade a Cristo garante um prêmio perene junto dele por todo sempre. O cristão é então um guerreiro corajoso contra o mal numa luta perseverante rumo à passagem estreita. Encontra ele, contudo, na Eucaristia a força para nunca desanimar, para triunfar sobre todas as dificuldades, constante na perseverança, alimentado pelo Pão da vida. Apenas assim se poderá receber um dia a coroa da vitória. São Paulo mostrou qual deve ser o ideal do verdadeiro cristão: “Nossa vida está no céu de onde aguardamos o Senhor Jesus” (Fl 3,20). Seduzidos pelas coisas visíveis muitos se esquecem de que é a porta estreita que dá entrada na mansão celeste. Felizes, contudo, diz o salmista “os que caminham com inocência no caminho da lei do Senhor" (Sl 118,1). O filósofo Boécio no seu tratado da «Consolação da Filosofia» representa o mundo dos prazeres sob a imagem de um velho tirano ao redor do qual não se vê senão tronos desmantelados, cetros despedaçados, coroas quebradas e reis mortos, e não se percebem senão gemidos e lamentos da parte daqueles que este déspota tem enganado. Honras, glórias, riquezas são apenas, de fato, um fumo passageiro. Venturosos os que não se deixam enganar pelas aparências e sabem usufruir de todo o bem que existe e que Deus oferece, sem se entregar, porém, ao que impede de passar um dia pela porta estreita. * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.


segunda-feira, 19 de agosto de 2013

IMPORTÃNCIA DA DATA DA ELEVAÇÃO A VILA





 A IMPORTÃNCIA DA DATA DA ELEVAÇÃO A VILA

“No Brasil durante muito tempo, a data correta da fundação de municípios antes da proclamação da República era o dia da criação da vila. Com a vila o arraial ou a freguesia adquiria a sua autonomia político-administrativa, passando a constituir uma câmara de vereadores, com direito de cobrar impostos, e baixar "posturas" que eram espécies de leis municipais, recebia ainda um "juiz de fora", pelourinho e cadeia pública”.
Santa Rita do Turvo , hoje cidade de Viçosa,  foi elevada a Vila pela Lei Provincial n. 1817 de 30 de setembro de 1871
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho

sábado, 17 de agosto de 2013

Dia de Viçosa

Prezado José Mario,
Tenho acompanhado seus e-mails sobre a data de Viçosa. De fato, porém, o fato principal se deu a 30 de setembro de 1871 quando pela lei 1817 a frequesia de Santa Rita do Turno foi elevada a VILA.  Dia 30 de setembro de 1971. sendo Prefeito de Viçosa Dr. Raimundo Alves Torres, o Arcebispo de Mariana, notável historiador, celebrou em frente ao Santuário Santa Rita perante milhares de fieís e vários sacerdotes a Missa de Ação de Graças pelo Centenário da elevação a Vila. A comemoração dia  30 de setembro está correta.. Grandes cidades, por exemplo, como Juiz de Fora, Resende ,comemoram o dia da cidade na data da sua elevação a Vila. Dia 30 de setembro se comemora em Viçosa não é a lei que a elevou a categoria de cidade,, lei 2216 de 3 de junho de 1876, mas a elevação a Vila. Se possível, passe a seus correspoondentes estas ponderações. Não há luta entre 22 de janeiro e 30 de setembro, mas o fato histórico mais importante se deu dia 30 de setembro., embora .
A VILA tenha sido  INSTALADA DIA 22 DE janeiro  DE 1873, ela foi criada dia 30 de setembro de 1871.
A Oração gratulatória do Arcebispo Dom Oscar de Oliveira PELO CENTENÁRO DE VIÇOSA  está publicada na primeira página do jornal O ARQUIDIOCESANO, DO DIA 11 DE OUTUBRO DE 1971. 
Ita in fide sacerdotis et magistri
Côn.José Geraldo Vidigal de Carvalho

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

A SOLENIDADE DA ASSUNÇÃO DE MARIA

A SOLENIDADE DA ASSUNÇÃO DE MARIA
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
A Assunção de Maria aos céus é o coroamento da glória daquela que é Mãe de Deus por ser a mãe de Jesus Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem. Por isto, logo após sua morte, ela conheceu a ressurreição gloriosa e foi elevada aos céus pelo poder divino. Aí a diferença radical entre sua Assunção e a Ascensão de seu Filho, o qual foi para o céu pelas suas próprias forças. Hoje contemplamos a Virgem Mãe em uma outra dimensão da existência que ainda não é dado aos mortais conhecer por lhes ser inacessível. Dá-se exatamente o que ela mesma disse no seu Cântico, o “Magnificat”, ou seja, “O poderoso fez em mim maravilhas”. O poder de Deus é sua Palavra e esta Palavra vive em Maria, visibilizando nela prodígios extraordinários que culminam com sua Assunção. Este dogma da fé católica vem, entretanto, lembrar que todos os cristãos estão destinados à mesma glorificação. No Oriente e no Ocidente, nos textos mais antigos deparamos à crença firme nesta verdade teológica e no seu esplêndido apelo. Maria, a nova Eva, sem a mancha do pecado original tinha todas as condições para partilhar a glória de seu divino Filho Ressuscitado. Ela, já na Jerusalém celeste de corpo e alma, é um convite vivo a que o batizado se eleve espiritualmente muito além de suas preocupações puramente terrestres  Ela nos torna atentos aos valores importantes que tantas vezes são negligenciados. Incita a que se coloque no céu toda esperança. Tudo isto o Papa Pio XII quis recordar ao proclamar dia 10 de novembro de 1950 na Constituição Apostólica “Munificentissimus Deus” este dogma de fé. Era a  expressão legitima e necessária daquilo em que sempre acreditaram os fiéis. A Assunção foi um ato de Deus que contribui para firmar o desejo de estar com Ele por toda a eternidade, como aconteceu com Maria logo após sua morte. Maria morreu a exemplo de Jesus, mas foi imediatamente transfigurada, ela a Mãe da Luz, a Teotokos, Mãe de Deus que é luz, e por isto ela logo entrou no gloria que vai além do esplendor das hierarquias celestes. Vitoriosa sobre o pecado, venceu a própria morte. Transfigurada, ressuscitada, ela já realizou o objetivo pelo qual Deus criou e salvou o ser racional, criado à sua imagem e semelhança. A Assunção é um penhor da união do batizado com seu Filho glorificado. Por tudo isto, esta celebração é, igualmente, um louvor ao divino Redentor, pois a Assunção de Maria não foi senão uma extensão especial de tudo que Ele mereceu para a humanidade. Maria é a perfeita imagem da Igreja triunfante do céu. Deus quis antecipar o fim dos tempos para ela e isto é um sinal para todos os fiéis e para toda sua Igreja peregrina nesta terra. De fato, o corpo humano sujeito à fragilidade e a tantos sofrimentos no dia da ressurreição dos mortos conhecerá o mesmo destino da Mãe de Jesus, quando ressurgir espiritualizado Neste dia é bem que se recordem as palavras de São Paulo: “Ao clangor da última trombeta, pois soará a trombeta, e os mortos ressuscitarão incorruptíveis e nós seremos transformados. É de fato necessário que este corpo corruptível se revista de incorruptibilidade, e que este corpo mortal se cubra da imortalidade” (1 Cor 15,53). Desta inefável realidade a Assunção de Maria é o luminoso indício. Ela já conheceu a plena vitória sobre a morte, como acontecerá a todos que aderirem plenamente a Deus. A salvação não é algo ilusório, mas real, concreto. Como aconteceu com Maria, também para os verdadeiros seguidores de Cristo os limites de sua condição humana, de sua debilidade, cessarão, sua fronteira será ultrapassada na ventura perene do esplendor do Paraíso. Isto então não apenas para a alma que já gozava da visão beatífica, mas também para o corpo glorioso que se unirá novamente à alma. Corpo e alma reunidos para o festim da eternidade junto com a Rainha de todos os anjos e santos. Tudo isto deve encorajar o cristão para que não se deixe levar pelas ilusões terrenas, procurando sempre viver de acordo com os preceitos divinos, ajudados pela proteção daquela que lá do céu acompanha cada um de seus filhos que por ela clamam neste vale de lágrimas. Uma vida ajustada à Palavra de Deus é a grande mensagem desta solenidade na qual todos os corações se voltam para o céu. Ela deseja que cada um se enraíze na escuta e no acolhimento das inspirações celestes. Porque sempre viveu na certeza da presença de Deus, intensamente unida a Ele, Maria mereceu uma honra antecipada. Dela se aprende o sentido do poder do amor que Deus manifestou na vida de Jesus. Com ela seus filhos se tornam capazes de degustar o louvor ao Ser Supremo, pois ela proclamou: “Minha alma exulta no Senhor, rejubila meu e espírito em Deus meu salvador” Ela entoou um cântico magnífico porque “Deus olhou para a humildade de sua serva”, este Deus que resiste aos soberbos, mas aos humildes oferece a sua graça”. Que a figura da Virgem Assunta aos céus esteja em cada um de nós para que com Ela saibamos exaltar o Senhor. Ela a todos aguarda para os gozos eternos. Magna expectativa, mas fulgente alerta para que não se perca tamanha felicidade! * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.




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terça-feira, 13 de agosto de 2013

A ENCÍCLICA 'LUZ DA FÉ"

A ENCÍCLICA “LUZ DA FÉ”
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
A publicação pelo Papa Francisco da Encíclica “Luz da Fé” trouxe à baila a análise do estilo de Bento XVI e de seu sucessor. Com efeito, como o próprio Papa Francisco declarou, seu antecessor havia praticamente concluído uma primeira redação de um texto sobre a fé. Entretanto ”na fraternidade de Cristo” ele assumiu o precioso trabalho já escrito, “ajuntando ao texto algumas contribuições ulteriores". Uma dupla assinatura nesta Carta encíclica seria canonicamente impossível. De fato, dois papas não podem ter autoridade para assinar ao mesmo tempo um documento oficial. Quem lê com atenção as páginas da “Lumen Fidei” percebe logo a maneira clássica com que Bento XVI se expressou nas Encíclicas “Caridade na Verdade”, de 29 de junho de 2003; “Salvos pela Esperança”, de 30 de novembro de 2007 e ”Deus é amor”, de 25 de dezembro de 2005. Referências teológicas e literárias que, aliás, incomodam certos articulistas que vivem de comentários sensacionalistas, pontos relevantes didaticamente fixados, ilustrações hauridas na doutrina dos Santos Padres, tudo isto logo revela que a grande parte da redação é de Ratzinger.
O Papa argentino tem outro estilo facilmente reconhecido, ou seja, é objetivo, vivo, direto. Evita dissertações e vai logo ao âmago da questão em tela. Tanto isto é verdade que suas frases sonantes, retumbantes têm repercutido nas manchetes dos jornais do mundo inteiro. O Papa Francisco de preocupa antes de tudo com o “leitmotiv” do assunto e emprega muitas analogias e cita exemplos vivenciais a cada passo.  Ele visa a conversão do coração pela ação.
 Já Bento XVI reflete longamente no “porque” do tema abordado e baseia suas sentenças em termos bíblicos, explicados de acordo com a exegese dos vocábulos e a hermenêutica dos biblistas. Daí o fato dele recorrer aos pensamentos dos teólogos, dos filósofos, dos literatos, dos historiadores. Seu objetivo é a inteligência da fé.
O certo, porém, é que ambos atingem a meta que é evangelizar, iluminado as mentes dos fiéis e levando-os à adesão total a Cristo.  Ainda uma vez vale a assertiva de que “o estilo é o homem”.
 Após estes prolegomenos, cumpre salientar alguns pontos luminosos desta primeira Encíclica do Papa Francisco. A fé não é um obscurantismo, nem um salto no vazio. Ao contrario, é uma visão luminosa da existência humana, enriquecendo-a em todas as suas dimensões. Ela aclara os caminhos do futuro e faz crescer em nós as asas da esperança para que se possa percorrê-los com alegria. Envolve então na paz, na imperturbabilidade. A fé, contudo, está ligada à escuta de Deus e pede uma reposta a uma Palavra que interpela pessoalmente cada fiel. Conduz ao que há de mais seguro e firme. Santo Agostinho é lembrado: “O homem é fiel quando ele crê nas promessas que Deus lhe faz; Deus é fiel quando Ele dá ao homem o que Ele promete”. Cumpre, porém, abertura sincera à ação do Ser Supremo e fugir da tentação da incredulidade e do culto aos ídolos propostos pelos descrentes.  A fé consiste então “na disponibilidade de se deixar transformar sempre no novo apelo de Deus”. A fé do cristão está centrada em Cristo que veio remir a humanidade, Ele que o Pai ressuscitou dos mortos. Não se pode, realmente, esquecer que “o olhar da fé culmina na hora da Cruz, hora na qual resplandecem a grandeza e a amplidão do amor divino”. Jesus é o apoio sólido da fé do cristão. Através de seu Filho o Pai faz resplandecer a plenitude da vida. Lamenta então o Papa: ”nossa cultura perdeu a percepção desta presença concreta de Deus, de sua ação no mundo”. Jesus, “especialista das coisas de Deus” conduz a uma confiança total no Absoluto. A salvação vem, deste modo, pela fé, quando o cristão a deixa operar em si, fecundando sua vida, plena de bons frutos. Donde ser de vital importância a presença de Cristo no batizado. São Paulo é citado: ”Não sou eu quem vive, mas Cristo é que vive em mim” (Gl 2,20). Doutrina, contudo, o Papa que “a fé tem uma forma necessariamente eclesial, ela se confessa vindo do interior do Corpo de Cristo, como comunhão concreta daqueles que crêem”. A Encíclica ressalta ainda a relação entre a fé e a verdade e o diálogo entre a fé e a razão. Coloca em relevo o papel dos sacramentos na transmissão desta virtude, a qual tem um papel social de incomensurável valor e “oferece uma força de consolação no sofrimento”.
 Esta Encíclica oferece um alimento substancioso para dilatar a crença profunda naqueles que buscam chegar um dia à Casa do Pai na eternidade beatífica. * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

DESAPEGO DOS BENS TERRENOS

DESAPEGO DOS BENS TERRENOS
Côn.José Geraldo Vidigal de Carvalho*
Notável o alerta de Jesus: “Tomai cuidado contra todo tipo de ganância” (Lc 12,16). O cupidez é uma espécie de idolatria (Gl 3,5). A avidez, a ambição desmedida, querer bens materiais com imoderação está condenado veementemente nas diretrizes do Mestre divino.  Cumpre, segundo Jesus, isto sim, ser “rico diante de Deus”. As coisas terrenas devem estar a serviço da realização pessoal sem qualquer excesso condenável. Este afasta o ser racional de Deus e ocasiona a ruína espiritual. São Paulo foi taxativo: “Nem os idólatras, nem os ambiciosos herdarão o reino de Deus” (1 Cor 6,10). Acumulação de riquezas sem dar ao dinheiro uma aplicação transcendental é estabelecer um empecilho na caminhada para a felicidade eterna. Cristo aconselhou a ajuntar um tesouro no céu (Mt 6,19) e acrescentou: “Onde estiver o vosso tesouro, aí estará o vosso coração” (Mt 6,21). Ensinou também que a vida de um homem não depende de seus bens (Lc 12,15). Todo cuidado então é pouco para não cair nas armadilhas do demônio só pensando em ajuntar valores materiais o que é inclusive fonte de inúmeros outros pecados atinentes à justiça. É que o dinheiro pode ser um servo útil e até necessário, mas é possível também se tornar um senhor implacável. O que é uma bênção divina não deve ser transformado em maldição. A advertência de Jesus é clara: “Vós não podeis servir a Deus e ao dinheiro” (Mt 6,24). A cobiça se torna para muitos um ditador inexorável, afastando o ser racional de seu Senhor verdadeiro. No Antigo Testamento inúmeros os personagens que se entregaram a crimes nefandos para possuir mais e Cristo por meio de sábios ensinamentos orientou sabiamente a seus seguidores. Na hora da morte cada um se sentirá feliz não pela opulência obtida, mas pelas virtudes praticadas. Muitos vivem como se nunca tivessem que deixar este mundo. O atual Papa tomou o nome de Francisco exatamente para lembrar o desapego do Santo de Assis. Jesus havia ensinado: “Procurai antes de tudo o reino e a justiça de Deus e todas as coisas vos serão dadas em acréscimo” (Mt 6,33). Embora as coisas materiais sejam até necessárias para a subsistência elas não devem impedir o progresso espiritual do cristão. A confiança do autêntico discípulo de Cristo o leva a confiar na Providência de Deus, fazendo, contudo, o que estiver a seu alcance para que nada lhe falte para seu sustento e o alimento dos que dependem de seu trabalho. Orientando durante mais de cinqüenta anos grupos jovens o autor desta reflexão sempre incentivou a serem eles ótimos profissionais para poderem sustentar a si e a sua família. Quando algum jovem idealista vem dizer que está preocupado por pensar em ganhar dinheiro na sua profissão, o que é dito é o seguinte “Parabéns, jovem, pois com isto você fará um bem imenso a sua casa, a seus filhos nada deixando lhes faltar, mas não se esqueça nunca de ajudar os mais necessitados, os pobres que nada possuem”. Se algum deles, por exemplo, quer ser médico ou advogado, o conselho é este: “Não deixe de atender de graça, na medida do possível, os indigentes, porque grande será a recompensa lá no céu”. São advertidos, porém, de que, quando o dinheiro fala mais alto, a caridade se estiola. A mais triste condição é a daquele que tendo recursos passa estupidamente por necessidades só para se aumentar o que possui.  A arguição de Jesus é esta: “Louco! Ainda nesta noite, pedirão de volta a tua vida. E para quem ficará o que tu acumulaste?” (Lc 12,20). Tudo na vida, porém, exige o meio termo e ai também daqueles que gastam a torto e a direito levados pela sociedade de consumo. É que o dinheiro é difícil de entrar, mas muito fácil para sair. A previdência não vai nunca contra a providência de Deus. O ideal é ter sem reter o que serve para ajudar a si e aos outros. Então, sim, o cristão depara em Deus sua única riqueza e lhe é grato pelo que possui sem ambicionar o desnecessário e supérfluo. Foi a ambição que fez de um Apóstolo um traidor e Judas vendeu Jesus por trinta peças de prata. Entretanto, se o amor e a fé tomam conta do coração, varrida a ganância, o próprio bem material ajuda a chegar ao céu. Fruto de um trabalho honesto, abrindo as portas da caridade, à ajuda às obras sociais da Igreja, ao culto divino, o que cada um ganha pode render para o tempo e para a eternidade. O principal é, portanto, o desapego das riquezas e o desejo de “ser rico diante de Deus”. * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.

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