sábado, 24 de dezembro de 2011

SEGUIR A ESTRELA LUMINOSA DA FÉ

SEGUIR A ESTRELA RUMO A JESUS
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
Profunda a mensagem teológica da solenidade da Epifania do Senhor. O trecho do Evangelho narrado por São Mateus (2,1-12) reporta à profecia de Isaias (60,1-6) e é explanado magnificamente por São Paulo na sua Carta aos Efésios, (3,2-3;5-6) mostrando tais passagens bíblicas que o Messias que os judeus aguardavam a tantos séculos, veio a este mundo para trazer a salvação para todos os povos. Isaías convida vivamente Jerusalém a uma verdadeira eclosão de júbilo perante todas as nações às quais chega a luz redentora. Os Magos vindos do Oriente experimentam um júbilo inefável, após estarem com Herodes e verem novamente a estrela que os guiava e os levou até onde se encontrava Jesus, com Maria sua mãe. Idêntica alegria partilha todo cristão, pois a salvação apareceu para todos de boa vontade. Cumpre, porém, irradiar esta felicidade, precisamente enquanto seguidor de Cristo, pois como mostra São Paulo é necessário ser por toda parte mensageiro da boa nova. Todos devem se associar à mesma promessa em Jesus por meio do evangelho que é preciso seja anunciado. Será sempre em Jesus que se encontrará a luminosidade para não se perder nas trevas e a força para superar as inúmeras dificuldades por esta passagem por um exílio terreno. A longa viagem realizada pelos Magos mostra que para encontrar Cristo é preciso esforço pessoal e desejo ardente de estar com o Redentor. Na verdade aqueles Sábios procuravam um Deus que, por primeiro, veio ao encontro do homem. De fato, é sempre o Ser Supremo que vem ao encontro daquele que foi criado à sua imagem e semelhança. Há, contudo maneiras bem diferentes de O acolher. Com efeito, de um lado, o rei Herodes que « foi tomado de inquietude e toda Jerusalém com ele ». Herodes queria ir até Jesus para o matar. De outra parte, os Magos que « experimentaram uma grande alegria ». Ontem, hoje e sempre, a humanidade se divide entre os que amam a Cristo e os que O rejeitam. Herodes era o tipo do tirano que via seu poder não como serviço, mas como dominação. Ele era a imagem de toda autoridade totalitária que não só massacra os outros, como arrogantemente se volta contra Deus. Os sumos sacerdotes e os mestres da lei sabiam que o Messias devia nascer em Belém, mas não fizeram esforço para ir procurá-lo. Tinham dele um conhecimento puramente livresco, acadêmico, mas isto não os movia a caminhar para junto do Salvador. A Bíblia será sempre estéril se não há fé e o ardor do desejo da revelação do Ser Supremo. Ela é uma linguagem de fogo incandescente, mas para quem abre o seu coração e sua inteligência para Deus. Os doutores da Lei conheciam as Escrituras, mas seu coração estava fechado e eles não tinham sede da Verdade. Esta, contudo, impulsionava os Magos e os levou a seguir a Estrela até o fim. Aquele que foi batizado, crismado, fez a primeira Eucaristia deve se manter em contato permanente com a luz divina e trihar a rota da vida verdadeira. Por vezes, Deus se esconde, como aconteceu com a estrela dos Magos e podem surgir dúvidas, interrogações, mas quem tem fé persevera e sabe que as luzes do Alto de novo o envolverão. Cumpre não desanimar nunca. O conhecimento da Bíblia, fundamenal embora, não basta para dar acesso a Deus. É necessária o claro-escuro da fé, que leva à total confiança neste Deus que se revela não nos palácios dos reis, mas na pequenez de um pobre Menino. Pelo fato de ser cristão, de ter reconhecido, a exemplo dos Magos, a divindade de Jesus, não significa que se possui um bilhete de entrada para o céu, o qual Cristo veio abrir para a humanidade. A fé tem que ser operosa e transformante, ou seja, deve impregnar toda a vida do cristão que precisa crescer continuamante no conhecimento do Mestre divino, procurando sempre novos caminhos da perfeição. Cumpre se ajoelhar diante do Deus Menino e acolher plenamente sua mensagem salvadora, deixando-se cada um guiar pela luz de seus ensinamentos compediados no Evangelho, acatando seu domínio sobre a existência individual numa renovação constante de propósitos e de metas. O que o Redentor quer está bem simbolizado nos presentes que recebeu daqueles sábios orientais, isto é, o ouro de um amor sincero, a mirra de uma mortificação contínua e o incenso de uma adoração que leve a uma submissão completa aos desígnios divinos. Para isto mister se faz fugir de todos os perigos, como fizeram os Magos que não voltaram a Herodes, traindo o Deus que encontraram. Hoje mais do que nunca é preciso que o cristão esteja consciente de que « quem ama o perigo nele perecerá » e cumpre fugir de tudo que possa conspurcar a própria consciencia, afastando-o dos caminhos de Jesus, seguindo apenas a estrela luminosa da fé. * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.

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