IMENSO VALOR DAS PRECES DOS PAIS
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
Nunca se reflete demais sobre a importância das preces e bênçãos do pai e da mãe. Num mundo conturbado como o de hoje, mais do que nunca, os pais precisam ter confiança plena, total. absoluta no valor de suas orações pelos filhos, procurando abençoá-los na certeza de que são, de fato, os representantes de Deus, responsáveis pela felicidade daqueles que trouxeram a este mundo. O capítulo 49 de Gênesis narra como Jacó, reunidos os seus filhos e após lhes falar, abençoou-os cada um dos doze com uma bênção peculiar. A bênção dos patriarcas não só assegurava aos seus descendentes a herança temporal, mas ainda dava-lhes a esperança do Messias que nasceria numa família humana. Do mesmo modo a bênção dos pais confere a proteção divina, e atrai as graças divinas para aqueles que devem ser herdeiros do reino dos céus. Lê-se no Livro do Eclesiástico: “A bênção paterna fortalece a casa de seus filhos, a maldição de uma mãe a arrasa até os alicerces. (Ecl 3,11). Grande responsabilidade dos pais! Em outros tempos, os filhos pela manhã e à noite pediam a bênção de seus pais, costume que ainda reina, venturosamente, porém, em muitos lares. Mesmo que os filhos não tomem explicitamente esta atitude, cumpre a seus progenitores nas suas ardentes preces pedirem a Deus proteção tão necessária, mormente, no contexto atual no qual se multiplicam os perigos que levam à perdição eterna. Como é belo o gesto de um pai e de uma mãe a traçar o sinal da cruz no seu filhinho! É que a casa paterna é um santuário sagrado onde tudo se alcança do Todo-Poderoso. A família, sendo uma instituição santa e divina, torna o lar doméstico é, realmente, um lugar sagrado, no qual um ato religioso exercido pelo pai e pela mãe de família é de vital necessidade. Pode ser que pelas estradas da vida este ou aquele filho se extravie, mas, um dia, mais hora menos hora, voltará ao bom caminho. Os genitores receberam de Deus o poder de abençoar e, como o Ser Supremo abençoou o cosmos, a criação e a humanidade, os pais abençoam os filhos e a família que são, por assim dizer, a sua criação. Na hagiografia lemos que os mártires pediam a bênção paterna, e os pais, muitas vezes, com os braços carregados de cadeias, caminhando ao suplício, abençoavam os filhos nas prisões ou na rota que levava ao martírio. Santa Felicidade, em Cartago, abençoou sua filha nascida na prisão e morreu tranqüila e uma senhora cristã tomou a guarda da menina e educou. São Basílio de Cesárea pedia e recebia sempre a bênção de sua venerável mãe Emélia. Na história das nações aparece o imperador romano do Ocidente, Teodósio, abençoando publicamente, antes de partir para a guerra, os seus dois filhos, aos quais iria entregar o governo do império. S. Luis, Rei de França, morrendo entre as ruínas da cidade de Cartago, deu a bênção suprema ao filho que lhe devia suceder no trono. O guerreiro francês Pierre Terrail, senhor de Bayard, antes de partir para o campo militar inclinou-se respeitosamente diante de seu pai e tomou-lhe a bênção, a fim de que nunca ousasse praticar o mal. Entre os sábios se encontra, por exemplo, João Gerson, Chanceler da Universidade de Paris, vindo todos os dias rogar a seu pai e a sua mãe que o abençoassem. Entre os magistrados e os grandes homens de Estado cita-se Thomaz Morus, ilustre ministro inglês, não faltando um só dia, mesmo no tempo de sua maior glória, de pedir a bênção paterna. A idade não dispensa a prática deste gesto filial, porque, em qualquer tempo, as graças divinas são necessárias através destes seus representantes. A bênção é um augúrio de ventura, é a vontade paterna suplicando a vontade divina para que os filhos sejam ditosos. Não é uma simples saudação, como aquela que se verifica entre amigos, mas é um ato santo que atrai sobre os que são abençoados as graças do céu. Quando o pai ou a mãe aproximam-se de um filho para abençoá-lo, oram a Deus, e o simples ato de abençoar equivale, segundo grandes teólogos a esta oração: “Sê feliz, ó meu filho! Seja Deus a tua guarda e a tua defesa contra o mal. Não sendo eu o senhor do tempo, nem tão pouco sabendo o que te possa acontecer, entrego-te àquele que te ama muito mais do que eu, que sabe mais do que eu e pode mais do que eu. Minha vigilância não poderá te acompanhar por toda parte, nem o meu braço te proteger, mas Deus está presente em todo lugar, e o sinal da cruz, que faço sobre a tua fronte, será, longe de mim, tua força e tua proteção. Que Deus pois te abençoe”. Trata-se de um voto e de uma oração que infalivelmente sobe até o céu. O pai e a mãe de família, tendo obrigação de abençoar e de orar, têm o direito de serem atendidos. A bênção, por conseguinte, dada em nome de Deus, de quem são os lugar-tenentes no lar doméstico, possui uma eficácia divina. Que os pais sempre abençoem seus filhos, rezem por eles e que os filhos confiem nesta bênção e nestas preces e o mundo será melhor! * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.
sexta-feira, 9 de dezembro de 2011
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