A GRANDEZA DE SÃO JOÃO PAULO II
Côn. José Geraldo Vidigal de
Carvalho*
A
figura gigantesca do Papa São João Paulo II marcou o final do século passado e
o início do terceiro milênio. Uma atividade hercúlea na evangelização do mundo
não apenas pelos seus monumentais pronunciamentos e suas substanciosas
encíclicas, mas ainda pelas suas viagens apostólicas. Estas o fizeram um
apóstolo Paulo dos tempos modernos, o itinerante pregador do Evangelho. Este
Papa pela sua cultura, pela sua santidade existencial, desde os tempos de suas
atividades evangelizadoras na Polônia, conquistou não apenas inúmeros
admiradores, mas ainda fez grandes amizades, sendo não apenas um mentor intelectual
de notáveis personagens, como ainda um Diretor Espiritual inigualável. Por tudo
isto, ao vir à tona sua vasta correspondência com a filósofa Ana Maria
Tymieniecka, o fato não pode ser analisado superficialmente numa deplorável exploração
jornalística. Os escritos de São João Paulo II sobre o sexo revelam sua firmeza
ante tudo que se refere ao sexto e nono mandamentos, oferecendo orientações
profundas sobre a vivência destes sagrados preceitos da Santa Lei de Deus.
Expressões que tenha empregado nas missivas referidas e que podem supor a extrapolação
de uma amizade santa não podem ser analisadas com vulgaridade. O gênero epistolar
exige muita bagagem cultural do hermeneuta, tanto mais que, como Pastor de
Almas, Wojtyla orientava com sabedoria seus confidentes, homens e mulheres, nos
seus conflitos existenciais. Adite-se que quer o Papa, quer a citada filósofa
eram experts no ramo da Filosofia denominada Fenomenologia, Há necessidade de
se penetrar fundo nesta concepção filosófica para, colocando em parêntesis o
passado e o futuro, viver intensamente o agora. Isto projeta a voos a espaços
que ultrapassam a esfera meramente material. Tanto isto é verdade que muitas
vezes as tertúlias entre os citados personagens versavam sobre as realidades
divinas numa imersão mística em Deus que, por certo, os elevava a páramos bem
longe de injunções terrenas. Aliás, um dos livros da filósofa Tymieniecka tem
por epígrafe ”Fenomenologia da Vida”. Este assunto escapa de longe à percepção
de muitos jornalistas despreparados. Adite-se que as amizades de São João Paulo
II com as mulheres era bem semelhante às que o próprio Cristo teve na sua
passagem nesta terra como, por exemplo, ocorreu com Maria Madalena que deixava
sua irmã Marta agitada nos afazeres domésticos para escutar o Mestre divino, o
qual elas recebiam em sua casa. Que São João Paulo II não teve relação
conflitiva com a mulher e o sexo se pode deduzir de todas as suas ações e mesmo
do que vem sendo extravasado sobre as aludidas missivas. É de se notar que este
Papa perdeu ainda jovem sua mãe a qual faleceu de infarto e ele teve uma irmã
que morreu antes de nascer. Estas ausências femininas ele as sublimou numa
intensa e fervorosa devoção a Maria. Como poucos ele escreveu sobre a Mãe de Jesus,
tendo visitado seus santuários com imensa piedade. Isto impedia uma sublimação
conflitiva com as mulheres, pois com templava nelas a “Cheia de Graças”. Segundo
um dos biógrafos de São João Paulo II, este Papa “via o feminino como reflexo
da Virgem Maria”. Portanto, é numa ótica
muito diferente daquela que os sensacionalistas projetam que se deve
interpretar a amizade de São João Paulo II não apenas com a filósofa Ana Maria Tymieniecka,
mas também com outras mulheres. O Papa Francisco abordado, recentemente, pela
imprensa precisou declarar abertamente que não é pecado ser amigo de ninguém,
seja homem ou mulher. Isto, evidentemente desde que não se ultrapassem os
limites da moral bíblica, respeitando a Lei divina. Por tudo isto, fulge ainda
uma vez a grandeza de São João Paulo II, baluarte da ortodoxia, exemplo vivo de
santidade e temor de Deus, sabedoria que serviu com destemor a expansão do Evangelho.
Lá do céu ele proteja a Igreja e a todos os fiéis!* Professor no Seminário de
Mariana durante 40 anos.
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