TESTEMUNHAS DE CRISTO
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
Após abrir a inteligência dos discípulos para entenderem as Escrituras, Jesus ressuscitado que lhes recapitulou os lances finais de sua vida, lhes mostrou que no seu nome seriam anunciados a conversão e o perdão dos pecados a todas as nações, acrescentando: “Vós sereis testemunhas de tudo isto” (Lc 24,48). Eis aí a sublime missão de todo batizado através dos tempos. Cumpre a ele, porém, revelar o Mestre divino, antes de tudo pela fé. O atual contexto histórico nega a existência de Deus e o valor da salvação oferecida através de Jesus Cristo sobretudo nos meios de comunicação social. Há um verdadeiro eclipse do Ser Supremo com todas as conseqüências malévolas para a sociedade. Percebe-se o acintoso desprezo dos preceitos divinos, afrontados a cada hora nas novelas, nos filmes, nas propagandas. Para uma sociedade hedonista o decálogo na prática não existe. É um ateísmo embutido em programações que agridem continuamente aqui e ali todos os dez mandamentos. Apesar de tudo isto, ou mesmo, por causa de tudo isto, o autêntico cristão deve procurar não apenas evitar a contaminação do mal, mas também, através de seu testemunho de vida, demonstrar a grandeza de ser um seguidor daquele que é “o Caminho, a Verdade e a Vida”. Multiplicam-se dentro da História os episódios daqueles que, testemunhando Jesus na sociedade, influenciam para uma vivência cristã. Notável o fato que se deu com Edith Stein, filósofa alemã, judia, discípula do célebre Hursserl, judeu ateu. Um de seus outros professores que ela muito apreciava foi morto durante a guerra mundial. Ela foi visitar a esposa deste seu mestre, que era uma cristã autêntica. A encontrou serena, tranquila na sua dor, resignada, forte e imperturbável. Pensou então consigo mesmo, refletindo sobre atitude tão maravilhosa: “O Deus dos cristãos é o Deus verdadeiro”. Converteu-se, pediu o batismo, se tornou uma religiosa carmelita com o nome de Teresa Benedita da Cruz e morreu mártir no campo de concentração nazista em Auschvitz. Foi canonizada por João Paulo II em celebração na Praça de São Pedro, no dia 11 de outubro de 1998. Isto lembra que em todas as circunstâncias o cristão deve manifestar sua fé profunda e fará maravilhas para o reino de Deus. É preciso, realmente, manifestar sempre uma crença arraigada na presença de Jesus na Eucaristia, na existência de uma felicidade eterna no céu, procurando exercitar-se em todas as virtudes. Adite-se que reina no contexto atual a inquietude perante tantos crimes, tanta desigualdade social, os governantes malbaratando as verbas públicas e deixando o povo sem saúde, sem segurança. O atual Papa Bento XVI tem frequentemente convidado, então, os seguidores de Cristo a serem profetas da esperança neste mundo da desesperança. Mister se faz patentear ao mundo que o batizado resiste aos apelos materialista da sociedade de consumo e não se torna escravo das novas tecnologias e sabe viver sobriamente. Tudo isto efetivado pelos adeptos do Redentor, testemunhando também o amor. Jesus continua morrendo nos pobres, nos desamparados. A miséria se agrava num mundo de tantas incoerências, no qual apenas dez por cento dos habitantes do planeta terra podem usufruir plenamente dos benefícios dos progressos científicos e tecnológicos. Pobreza econômica paira para a maioria, muitos vivendo além da linha da miséria. Campeiam por toda parte angústias morais. Testemunham, contudo, o amor de Jesus as Conferências de São Vicente de Paulo, as demais obras sociais das diversas paróquias, mas a esta corrente de amor são chamados todos os cristãos, manifestando a grandeza da dileção para com todas as pessoas que sofrem. O cristianismo é a religião do amor. A Igreja tem por missão neste mundo testemunhar que o amor é a vocação de todo batizado. Na escola de Jesus se aprende a amar e a fazer de cada comunidade a academia da comunhão fraterna. Isto se dá quando em todos os campos da vida humana há fé, esperança, justa repartição dos bens, respeito para com o próximo, tudo isto testemunhando por toda parte a misericórdia do divino Ressuscitado. Deste modo se percebe ao vivo o nexo entre evangelização e testemunho, já que a primeira não é mera transmissão de idéias, mas difusão da mensagem de salvação, ou seja, o conjunto de valores destinados a dar sentido à vida do cristão. Ora, os valores se transmitem pelo testemunho. O testemunho de vida é, de fato, o sinal mais importante de credibilidade, já que atesta a sinceridade do seguidor de Cristo e a presença da força divina transformadora. * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.
quarta-feira, 7 de março de 2012
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