sábado, 10 de março de 2012

Cristo vive, Cristo reina, Cristo impera

CRISTO VIVE, CRISTO REINA, CRISTO IMPERA
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
A Quaresma é uma preparação para o maior dia do ano, ou seja, a data da comemoração da ressurreição de Cristo. Esta vitória do Redentor sobre a morte é a prova peremptória de sua divindade e a razão de ser do cristianismo, pois, como com razão proclamou São Paulo: “Se Cristo não ressuscitou é vã a vossa fé” (1 Cor 15,14). Se, porém, Ele ressurgiu ao terceiro dia, cumpre crer em sua palavra, é preciso acatar tudo que Ele ensinou e obedecer aos seus preceitos. Se Cristo ressuscitou é necessário vencer o orgulho e declarar guerra ao prazer, é preciso volver os olhos aos céus, tomar a cruz e corajosamente caminhar. Eis porque através dos tempos todas as potências infernais se levantaram para impedir que se divulgasse o triunfo formidável daquele que morrera tão ignominiosamente no alto de uma Cruz. Quando os apóstolos pela primeira vez sustentaram que Jesus tinha ressuscitado, lhes foi imposto o silêncio. Foram açoitados e, como continuassem a falar, acabaram condenados à morte. A Igreja sentiu em seu berço as terríveis perseguições do judaísmo e do paganismo, mas sempre anunciou com destemor: “Cristo vive, Cristo reina, Cristo impera”. Os séculos se sucederam e Jesus sempre se mostrou vivo entre os homens continuando a espalhar os seus extraordinários dons . Ele pessoalmente curou os enfermos e anunciou o reino de Deus. Depois, de sua ascensão aos céus, através da sua Igreja, a caridade com todos os seus encantos e maravilhosos resultados não é outra coisa senão o prolongamento de sua presença e do imenso amor que, pelos séculos afora, vem ao encontro dos desamparados, dos doentes, dos sofredores e para todos os seus seguidores apontando o céu como final feliz da peregrinação terrena. Seus ensinamentos não mudaram, e somente Ele tem a glória de ter fundado uma escola cuja doutrina é imutável e resiste a todos os ataques daqueles que a rejeitam. A mesma profissão de fé que ressoou nos primórdios do cristianismo vem atravessando a História. Como outrora, batiza-se em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo; Ele é adorado na Eucaristia; os pecados são perdoados no Sacramento da Penitência, se preparam os doentes, os idosos e os agonizantes para a vida futura pela Unção dos Enfermos, os cristãos são revigorados pelo Crisma e os esposos se unem pelo Sacramento do Matrimônio. Estes ensinamentos foram submetidos às agressões do tempo, da critica e da perseguição. Admirável a perpetuidade do que Ele doutrinou, quando na terra tudo muda. É que Ele prossegue vivo na Igreja por ele fundada que continua sempre fiel a seu Fundador. Os sucessores dos apóstolos estão espalhados por toda parte e reconhecem como chefe o sucessor de São Pedro. Ele é quem sustenta este seu Corpo Místico, quem o preserva da ruína, quem o defende contra a tirania dos poderosos, contra a cólera das multidões insufladas pelos seus inimigos, contra o desprezo e o insulto dos voluptuosos, contra o perigo das riquezas, contra os sofrimentos da pobreza. É Ele quem comunica à sua Igreja esta vitalidade excepcional, esta eterna juventude, esta sabedoria indefectível, esta paciência inalterável, esta energia sobrenatural. Esta é a realidade fulgente: ontem os seus gratuitos opositores selando a pedra de um túmulo; em seguida, o gênero humano vendo nesses selos quebrados e nesse túmulo vazio o penhor de suas esperanças imortais. Uma reviravolta inexplicável, se Ele não fora, de fato, o Deus que se fez carne e habitou entre nós. Aquele homem morto como um criminoso, ressuscitando pelo seu próprio poder se tornou realmente a maior personagem da história, adorado, amado e por Ele milhares sacrificam a sua existência. A história não perdoa aos vencidos e sua presença no mundo é uma prova a mais de sua divindade. Dois milênios já passaram sobre seu túmulo! A princípio era um canto tímido e suave como a aurora, e logo depois um hino triunfal e grandioso. Por tudo isto Cristo Ressuscitado se torna presente por sua perene atualidade. Não há nome mais universalmente conhecido. Antes de sua morte, Jesus não tinha passado as fronteiras da Judéia; logo depois ele ecoou no mundo todo. Sua palavra se difundiu por toda parte e multidões se comovem ouvindo sua doutrina. Jesus triunfante sobre a morte é a certeza das vitórias de quem O segue, do fogo do verdadeiro amor, da vida de todos os cristãos. Ele ressuscitou e, na outra margem da vida, está à espera dos que Lhe forem fiéis neste vale de lágrimas para lhes oferecer uma eterna felicidade. * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.

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