NOS PASSOS DE JESUS
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
O divino Redentor foi taxativo: “Se alguém quiser me servir, siga-me” (Jo 12,26). O resultado é faustoso, pois que Ele asseverara categoricamente: “Aquele que me segue não andará nas trevas, mas terá a luz da vida” (Jo 8,12). Cumpre, entretanto, segui-lo na justiça e na santidade durante todos os dias desta peregrinação terrena. Trata-se de se aderir não uma idéia, mas a uma pessoa à qual profundamente se liga. Ele nos inicia na vida mesma de Deus e no sublime mistério da salvação que veio oferecer a seus autênticos seguidores. Estes devem, em consequência, ostentar uma coerência completa. Desembaraçar-se de uma teoria qualquer é relativamente fácil, mas é inteiramente diferente quando se decidiu por Jesus. Quem penetra fundo nas Suas mensagens compendiadas nos Evangelhos percebe claramente que Ele exige total desprendimento de si mesmo para viver a incorporação nele como bem entendeu S. Paulo: “Já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim. E, enquanto eu vivo a vida mortal, vivo na fé do Filho de Deus que me amou e entregou a si mesmo por mim” (Gl 2,20-21). Trata-se de caminhar no ritmo de Cristo. Isto supõe inteira confiança nele que sabe melhor do que seu discípulo o que deve ser feito para deparar no final da jornada a recompensa que Ele mesmo assegurou aos que Lhe são fiéis. É preciso então ir onde nós muitas vezes não desejaríamos ir. O ser humano no seu orgulho muitas vezes deseja se sobrepor à sabedoria de Jesus. Sua escola é uma escola de fé, de certeza de êxito para quem persevera. Somente Ele tem palavras de vida eterna e tal atitude implica uma humildade radical para se poder partilhar a vida do Mestre divino. Toda tergiversação necessita, deste modo, ser abolida, sobretudo quando a caminhada se mostra mais árdua e valem então as palavras de São Paulo: “Se nós sofremos com ele, com ele reinaremos” (2 Tm 2,12). Cristo, realmente, foi claro: “Se alguém quer me servir, siga-me”. Este apelo é transformante, mas sua pedagogia divina inclui os esforços de cada um para que haja um salto de qualidade para se atingir “a estatura da maturidade de Cristo” como falou São Paulo aos Efésios. (Ef 4,13). Aos Romanos este Apóstolo explicou que o Pai nos destinou a ser a imagem de seu Filho (Rm,8,29). Pelo batismo se dá uma incorporação em Cristo e o fiel, com toda a realidade, é um, com Ele. Não por simples atribuição, nem por pura abstração, mas numa realidade verdadeira porque objeto de propriedades e de direitos. União mística com Jesus que é mais do que união moral, por ser viva, real, verdadeira. O próprio Cristo afirmou: “Eu sou a videira, vós os ramos” (Jo 15,1). O batizado está enxertado em Cristo. São Paulo insiste em que somos os membros do divino Redentor: “Embora sejamos muitos, formamos um só corpo em Cristo (Rm 12,5 ). Donde os dizeres de Santo Agostinho: “A cabeça, o corpo, um só todo, um só Jesus. Dois em uma só carne, em uma só voz, em uma só paixão, e, terminada a prova deste exílio, num só repouso!” Que responsabilidade a do cristão que deve viver assim em função de seu Salvador. Aos Efésios doutrinou São Paulo: “Todos os fiéis unidos a Cristo formam um edifício que deve ser alicerçado na caridade, superedificado sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, tendo a Cristo Jesus por pedra angular, codificada para ser, pelo Espírito Santo, a morada de Deus”! (Ef 3,2.17,19-22). Cada uma destas comparações apresenta características acentuadas: o edifício marca a solidez do todo; o enxerto a total dependência do cristão para com o seu Salvador, o corpo exprime a união viva, vital com Ele. O Concílio de Trento explicou: “Como a cabeça comanda os membros, como a videira espalha pelos ramos a seiva, assim Cristo Jesus exerce sua influência sobre todos os justos a cada instante. Esta influência precede, acompanha e coroa suas boas obras e as torna repousagradáveis a Deus e meritórias diante dele”. Tudo isto mostra o que significa seguir a Jesus, colocando cada um seus passos atrás dos passos dele, mesmo porque, como bem exprime belo poema, se deixarmos de enxergar as marcas de nossos passos pela caminhada afora é porque Ele nos estará nos momentos de tribulação nos carregando em seus braços amorosos. Cumpre repetir sempre com o salmista: “Ensina-nos Senhor o teu caminho (Sl 23,11). * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.
quarta-feira, 21 de março de 2012
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